Água, uma escassez anunciada
O volume total de água no planeta é estimado em Um trilhão e 386 bilhões de quilômetros cúbicos. A maior parte – 97,2% desse total – formada pelas águas salgada dos oceanos e mares. Em torno de 1,8% da água salgada dos oceanos e mares está estocada em forma de neve e gelo, nos topos das montanhas e nas zonas polares. A água subterrânea, com cerca de 0,9% desse total, a atmosférica com 0,001% e rios, lagos e lagoas de água doce, que ficam com somente 0,0092% da água da Terra.
A cada ano, a energia do Sol faz com que um volume de aproximadamente 500.000 Km3 de água se evapore especialmente dos oceanos. Essa água retorna para os continentes e as ilhas, ou para os oceanos, sob a forma de chuva, granizo ou neve, com a precipitação. Os continentes e as ilhas têm um saldo positivo nesse processo. Estima-se que eles retiram dos oceanos por volta de 40.000 Km3 por ano. É esse o saldo que alimenta os rios, recarrega os depósitos subterrâneos e depois retorna aos oceanos pelos rios.
O ritmo acelerado do desmatamento das últimas décadas, e o crescimento urbano industrial, que necessita de muita água, vem alterando esse ciclo hidrológico. Estudos realizados pela ONU mostraram que o desmatamento e o pastoreio excessivo diminuem a capacidade do solo em atuar de forma que absorva a água das chuvas e liberando seus conteúdos lentamente. Na falta de cobertura vegetal, e com o solo compactado a tendência das chuvas é escorrer pela superfície do solo e escoar rapidamente pelos cursos de água, o que traz como consequências, as inundações, erosão do solo, comprometendo a estabilidade dos cursos dos rios, que diminuem fora dos períodos chuvosos, comprometendo, assim a agricultura e a pesca.
A falta de água doce está presente em todos os continentes. Os níveis dos lençóis freáticos baixa constantemente, muitos lagos diminuem ou até mesmo desaparecem além dos que já estão comprometidos. Na agricultura, na indústria e na vida doméstica, as necessidades só estão crescendo, devido o aumento populacional e ao aumento do padrão diva dessas populações, que multiplicam o uso da água.
A crise da falta de água potável já se manifesta em países que dispõem de reservas significativas de água. Nos locais onde os níveis de extração das águas subterrâneas são mais intensos do que a sua renovação natural, constata-se um rebaixamento dos níveis dos lençóis freáticos, que, por esse motivo, exigem maiores investimentos párea serem explorados e ao mesmo tempo vão se tornando mais salinos. A superexploração de água em certas regiões da China, da Índia, do México, da Tailândia e do Oriente Médio está evidente.
A exploração das águas fósseis ou artesanais – lençóis subterrâneos profundos, que se formaram ao longo de milhares de anos e que não são renováveis, pelo fato mesmo de serem muito profundos, onde as águas das chuvas não alcançam. Assim como as jazidas de petróleo, esses lençóis de água não são renováveis. A Arábia Saudita, conta com muitas reservas dessas águas, e 75% das necessidades de água desse país é tirada de poços artesianos, e é usada principalmente, em seu maior volume, para a irrigação, com o intuito de satisfazer a expansão de sua agricultura a partir dos anos 1980. A Arábia Saudita passou de importadora para exportadora de trigo. Essa exploração das águas subterrâneas chegou a uma média aproximada de 5,2 bilhões de m3 por ano, número que o governo saudita pretendia elevar para mais de 7,8 bilhões logo no inicio deste século. Nesse ritmo, as reservas da Arábia Saudita estarão esgotadas até 2025; mas antes mesmo de se esgotarem, essas reservas de água já estarão muito salgadas para serem utilizadas sem um tratamento oneroso. Portanto, a produção de cereais não será mantida por muito tempo, a não ser que haja alternativas de dessalinização das águas dos mares, para as nações que tenham litoral, como é o caso da própria Arábia Saudita. A escassez de água potável é um grande problema, em quase todo mundo, para este novo século.
Emir Sader, o articulador do Fórum Social Mundial, aquele evento da esquerda festiva no qual não sai nada de efetivo e realizador, publicou um artigo no Jornal do Brasil, dia 14 de novembro passado - “Água de beber” -, falando sobre o que não sabe. Como pode um país que colocou o primeiro satélite artificial em órbita terrestre, que deteve uma população/força de trabalho superior a dos EUA quando compunha a URSS e, dentre outras vantagens, abarcou 1/6 das terras emersas do planeta, além de incomensuráveis recursos naturais e amplo acesso a regiões como o Oriente Médio ou a China, perder a Guerra Fria para os EUA? Se eu responder que se trata simplesmente de uma questão de desenvolver a economia de mercado estarei mentindo. É muito mais do que isto. A vitória no pós-guerra se estruturou em cima da liberdade individual, de valores comuns equilibrados por responsabilidades individuais, de uma cultura favorável aos investimentos e a competição, da qual a economia de mercado é resultante, não causa. Me “tapo de nojo” ao ler Emir Sader dizer que somos “liberais”, economicamente falando. Sim, há guerras travadas inclusive pela água, tanto como pelo petróleo. Recentemente, na primeira Guerra do Golfo em 1990-91, a Turquia limitou o acesso árabe às águas do Tigre e Eufrates ao estancar seu fluxo através do fechamento das comportas de suas hidrelétricas nas nascentes. ao ano. Aliás, situação análoga à da América do Norte, o que, por si só, já desmente qualquer razão para histerias sob possibilidade de “roubo de nossa água” como se tem divulgado insistentemente por aí.
Agora, é obvio que, se um banco empresta dinheiro para um país, alguma garantia de retorno do investimento terá que ser feita. Esta nunca é o próprio montante de recursos naturais do subsolo, mas parte do serviço de distribuição do mesmo. No Brasil, por exemplo, os serviços básicos de distribuição de água são estatais e, segundo o próprio IBGE, cerca de 50% dos municípios brasileiros não têm água tratada, nem saneamento básico suficiente. Para Sader, devido às nossas grandes reservas de água doce.
Água, escassez e soluções
A escassez de água é um dos maiores
desafios a serem enfrentados ao longo do século XXI. Atualmente, cerca
de um bilhão e setecentos milhões de pessoas, quase um quarto da
população da terra, vivem em áreas onde não existe fornecimento
adequado, seja pela falta ou pela inexistência de infraestrutura para
levar a água até as moradias. Embora alguns países, como o Brasil,
disponham de grandes reservas, nos rios, lagos e aquíferos, é importante
pensar no futuro. Daí a iniciativa das organizações ambientais que
defendem o uso racional ou das empresas que adotam novos procedimentos
em suas indústrias, a fim de reduzir o consumo. Nesta edição vamos falar
da água, suas reservas, a escassez e a importância de tratar esse
recurso com o máximo cuidado.
Fonte: Matéria de Capa Tv Cultura
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