Relevo do Brasil
O território brasileiro, de um modo geral, é constituído de estruturas geológicas muito antigas, apresentando, também, bacias de sedimentação recente. Essas bacias recentes datam do terciário e quaternário (cenozóico - 70 milhões de anos) e correspondem aos terrenos do Pantanal mato-grossense, parte da Bacia Amazônica e trechos do litoral nordeste e sul do país. O restante do território tem idades geológicas que vão do Paleozóico ao Mesozóico (o que significa entre um bilhão e 140 milhões de anos), para as grandes áreas sedimentares, e ao pré-cambriano (acima de 1 bilhão de anos), para os terrenos cristalinos.
As estruturas e formações rochosas são antigas, mas as formas de relevo são recentes, decorrentes do desgaste erosivo. Grande parte das rochas e estruturas do relevo brasileiro são anteriores à atual configuração do continente sul-americano, que passou a ter o formato atual depois do levantamento da cordilheira dos Andes, a partir do Mesozóico. Podemos identificar três grandes unidades geomorfológicas que refletem sua gênese: os Planaltos, as Depressões e as Planícies.
Unidades de planaltos
1. Os planaltos em bacias sedimentares são limitados por depressões periféricas ou marginais e se caracterizam por apresentar relevos escarpados representados por frentes de cuestas (borda escarpada e reverso suave). Nessa categoria estão os planaltos da Amazônia Oriental, os planaltos e chapadas de bacia do Parnaíba e os planaltos e chapadas da bacia do Paraná.
2. Os planaltos em intrusões e coberturas residuais de plataforma - Constituem o resultado de ciclos erosivos variados e se caracterizam por uma série de morros e serras isolados, relacionados a intrusões graníticas, derrames vulcânicos antigos e dobramentos pré-cambrianos, a exceção do planalto e Chapada dos Parecis, que é do Cretáceo (mais de 70 milhões de anos). Nesta categoria destacam-se os planaltos residuais norte-amazônicos, os planaltos residuais sul-amazônicos e o planalto e a chapada dos Parecis.
3. Os planaltos em núcleos cristalinos arqueados - Estas categorias estão representadas pelo planalto da Borborema e pelo Planalto sul-rio-grandense. Ambos fazem parte do cinturão orogênico da faixa Atlântica.
4. Planalto em cinturões orogênicos - Ocorrem nas faixas de orogenia (movimento geológico de formação de montanhas) antiga e se constituem de relevos residuais apoiados em rochas geralmente metamórficas, associadas a intrusivas. Esses planaltos situam-se em áreas de estruturas dobradas que abrangem os cinturões Paraguai-Araguaia, Brasília e Atlântico. Nesses planaltos localizam-se inúmeras serras, geralmente associadas a resíduos de estruturas intensamente dobradas e erodidas. Nessa categoria destacam-se: a) os planaltos e serras do Atlântico Leste-Sudeste, associados ao cinturão do Atlântico, sobressaindo as serras do Mar, da Mantiqueira e do Espinhaço, e fossas tectônicas como o vale do Paraíba do Sul; b) os planaltos e serras de Goiás-Minas, que estão ligadas à faixa de dobramento do cinturão de Brasília, destacando-se as serras da Canastra e Dourada, entre outras; c) serras residuais do alto-Paraguai que fazem parte do chamado cinturão orogênico Paraguai-Araguaia, com dois setores, um ao sul e outro ao norte do Pantanal mato-grossense, com as denominações locais de serra da Bodoquena e Província Serrana, respectivamente.
Unidades de depressões
As depressões brasileiras, excetuada a amazônica ocidental, caracterizam-se por terem sido originadas por processos erosivos. Essas depressões se caracterizam ainda por possuir estruturas bastante diferenciadas, conseqüência das várias fases erosivas dos períodos geológicos. Podemos enumerar as várias depressões do território brasileiro: a) depressão amazônica ocidental, b) depressões marginais amazônicas, c) depressão marginal norte-amazônica, d) depressão marginal sul-amazônica, e) depressão do Araguaia, f) depressão cuiabana, g) as depressões do Alto-Paraguai e Guaporé, h) depressão do Miranda, i) depressão do Tocantins, j) depressão sertaneja do São Francisco, l) depressão da borda leste da bacia do Paraná, m) depressão periférica central ou sul-rio-grandense.
Unidades de planícies
Correspondem geneticamente às áreas predominantemente planas, decorrentes da deposição de sedimentos recentes de origem fluvial, marinha ou lacustre. Estão geralmente associadas aos depósitos quaternários, principalmente holocênicos (de 20 mil anos atrás). Nessa categoria podemos destacar as planícies do rio Amazonas onde se situa a ilha de Marajó, a do Araguaia com a ilha de Bananal, do Guaporé, do Pantanal do rio Paraguai ou mato-grossense, além das planícies das lagoas dos Patos e Mirim e as várias outras pequenas planícies e tabuleiros ao longo do litoral brasileiro.