Destruição das Florestas e Reflorestamento de Corredores Ecológicos
Destruição de FlorestasEste processo de destruição, em grande escala, das florestas, que já atinge a metade das matas nativas do mundo. Segundo o Fundo Mundial para a Natureza (WWF), as florestas cobrem atualmente cerca de 33.000.000 de km² (12.000.000 são tropicais, 21.100.000 são temperadas e 200.000.000 são mangues), número que corresponde a 22% das terras emersas do planeta. A Organização de Alimentação e Agricultura (FAO) estima que, entre 1981 e 1990, foram derrubados 150.000.000 de ha de matas tropicais no mundo.
Na Amazônia, segundo dados do governo brasileiro, a taxa de desmatamento cresceu 34% depois de 1992: a extensão devastada, que até 1991 totalizava 11.130 km², passou a 14.896 km² no ano de 1996. As regiões de proteção ambiental abrangem apenas 6% das florestas remanescentes, área equivalente à do México. Em poucos anos a floresta Amazônica já perdeu cerca de 10% do seu domínio original. Quando os portugueses chegaram ao Brasil, 61% das terras que hoje pertencem ao nosso país eram ocupadas por matas. Desde então, simultaneamente à ocupação do território e à expansão do povoamento, o território brasileiro começou a ser desmatado.
Os Motivos da Devastação - Eles têm sido diversos: obtenção de lenha para as fornalhas dos engenhos de açúcar, limpeza do terreno para a instalação de lavouras ou de pastagens para o gado, exploração da madeira etc. A primeira floresta a ser devastada foi a mata Atlântica e, restam hoje apenas 5% daquilo que ela era originalmente. A extensão das florestas brasileiras corresponde atualmente a menos de 30% da superfície do país.
Formas de Desmatamente – Uma das principais formas de desmatamento têm sido as queimadas de extensas áreas para a prática de agricultura e pecuária. A expansão dos centros urbanos, a construção de estradas e a implantação de grandes projetos agrominerais e hidrelétricos também motivam as devastações. Outra causa importante é a comercialização da madeira e, em menor grau, o extrativismo de inúmeras outras espécies de interesse econômico. Segundo a WWF, em 1991 a exploração mundial dos recursos florestais rendeu cerca de US$ 400 bilhões. A extração de madeira – matéria-prima para a construção de moradias e importante fonte de energia – responde por grande parte desse valor. Em países como Zaire, Tanzânia e Gabão, a atividade corresponde a até 6% do PIB. Em Camarões, o desmatamento aumentou 400% desde 1993.
Consequências do Desmatamento - As principais são:
Destruição da biodiversidade;
Genocídio e etnocídio das nações indígenas;
Erosão e empobrecimento dos solos;
Enchentes e assoreamento dos rios;
Elevação das temperaturas;
Desertificação;
Proliferação de pragas e doenças.
A primeira consequência do desmatamento é a destruição da biodiversidade, como resultado da diminuição ou, muitas vezes, da extinção de espécies vegetais e animais. Um efeito do desmatamento é o agravamento dos processos erosivos. A erosão é um fenômeno natural, que é absorvido pelos ecossistemas sem nenhum tipo de desequilíbrio. A retirada da cobertura vegetal expõe o solo ao impacto das chuvas. As consequências dessa interferência humana são várias:
Aumento do processo erosivo, o que leva a um empobrecimento dos solos, como resultado de sua camada superficial, e, muitas vezes, acaba inviabilizando a agricultura; Assoreamento de rios e lagos, como resultado da elevação da sedimentação, que provoca desequilíbrios nesses ecossistemas aquáticos, além de causar enchentes e, muitas vezes, trazer dificuldades para a navegação; Extinção de nascentes; o rebaixamento do lençol freático, resultante da menor infiltração da água das chuvas no subsolo; Diminuição dos índices pluviométricos, em consequência do fenômeno descrito acima, mas também do fim da evapotranspiração. Estima-se que metades das chuvas-ácidas sobre as florestas tropicais são resultantes da evapotranspiração, ou, seja da troca de água da floresta com a atmosfera; Elevação das temperaturas locais e regionais, como consequência da maior irradiação de calor para a atmosfera a partir do solo exposto; Agravamento dos processos de desertificação, devido à combinação de todos os fenômenos até agora descritos; Redução ou fim das atividades extrativas vegetais, muitas vezes de alto valor socioeconômico; Proliferação de pragas e doenças, como resultado de desequilíbrios nas cadeias alimentares. Além desses impactos locais e regionais da devastação das florestas, há também um perigoso impacto em escala global. A queima das florestas seja em incêndios criminosos, seja na forma de lenha ou carvão vegetal vem tem colaborado para aumentar a concentração de gás carbônico (CO2) na atmosfera. É importante lembrar que esse gás é um dos principais responsáveis pelo efeito estufa.
Reflorestamentos de corredores ecológicos
D e v i d o
a o a c e l e r a d o p r o c e s s o de desmatamento e fragmentaç ão dos habitats, observado nas
últimas décadas e principalmente nos trópicos, a recuperação de áreas
degradadas através de reflorestamentos com espécies nativas e a implantação de
corredores ecológicos são ações importantes para a melhoria das condições ecológicas
e para a conservação da diversidade biológica (zAU, 1998). folke et al. (2004), encontraram evidências de que as
ações antrópicas podem reduzir a resistência dos ecossistemas. os ecossistemas
degradados tornam-se mais vulneráveis às mudanças e, como consequência, podem
mudar subitamente de um estado desejado para um menos desejado em sua
capacidade de gerar serviços ecológicos e conser var a biodiversidade. Desse
modo, a gestão da paisagem deve se concentrar em transformar ecossistemas
degradados em ambientes mais equilibrados ecologicamente. para valcarcel
e S ilva (1997) as estratégias de reabilitação de áreas degradadas devem
envolver um conjunto de fatores ambientais, de tal forma que propicie condições
para que os processos ecológicos sejam similares ao de uma vegetação nativa da
região. Div ersas estr atégias v êm
sendo utilizadas para a recuperação de áreas degradadas. Almeida (1998)
afirma que, dentre os modelos de recuperação florestal, os que possibilitam uso
múltiplo se destacam, por conciliarem a obtenção de benefícios ambientais
(conser vação do solo, água, diversidade biológica, entre outros) com a produç
ão de benefícios econômicos (produtos
florestais madeireiros e não- madeireiros). Cabe ressaltar que alguns autores
afirmam que os benefícios advindos dos reflorestamentos podem ser maiores com a
utilização de espécies arbóreas nativas, pois ambientes reflorestados com tais
espécies abrigariam comunidades bióticas com níveis de diversidade similares
aos das florestas nativas (pEREIRA et al., 2007). Assim, a implantação desses
reflorestamentos tem sido uma prática bastante adotada em diversas regiões do
país, visando à recuperação de funções ecológicas nos ambientes degradados e
contr ibuindo para a conser vaç ão da
biodiversidade (MACHADo et al., 2008; pINHEIRo et al., 2009). Entretanto,
ferraz e vettorazzi (2003) comentam que, para um melhor resultado, sob a óptica
da ecologia de paisagem, seria interessante que as áreas recuperadas fossem
arranjadas de forma a possibilitar maior trânsito de animais e troca de material genético.
Nesse sentido, viana e pinheiro (1998) afirmam que uma boa estratégia para a
conser vação da biodiversidade é recuperar os fragmentos e interligá-los com
corredores de alto fluxo de biodiversidade, pois assim, pode-se aumentar o
fluxo de animais e sementes entre fragmentos. No artigo 2º do SNUC, corredores
ecológicos são definidos como “porções de ecossistemas naturais ou
seminaturais, ligando unidades de conser vação, que possibilitam entre elas o
fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a
recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que
demandam para sua sobrevivência áreas
com extensão maior do que aquela das unidades individuais”. Entretanto, como
abordado por v iana e p inheiro (1998), os corredores ecológicos não são
utilizados apenas para interligar Unidades de Conservação. Campos (2006)
utilizou a seguinte definição: “os
corredores de biodiversidade ou corredores ecológicos são porções de ecossistemas
naturais ou semi-naturais que ligam fragmentos de ecossistemas possibilitando o
fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a
recolonização de áreas degradadas”. para
o autor, os corredores também facilitam a manutenção de populações que
demandam, para sua sobrevivência, áreas com extensão maior do que aquelas dos
fragmentos individuais. Tal afirmação é apoiada por Molofsky e ferdy (2005),
que obser varam que populações conectadas têm mais chance de prosperar que populações
isoladas. Townsend e levey (2005) testaram, para Lantana camara l.
(verbenaceae) (polinizada por borboletas) e Rudbeckia hirta l. (Asteraceae)
(polinizada por abelhas e vespas), a hipótese de que os corredores ecológicos
aumentam a circulação de insetos polinizadores em manchas de habitat e,
consequentemente, aumentam a transferência de pólen. A transferência de pólen
por borboletas, abelhas e vespas foi significativamente maior entre as manchas
de habitat conectadas por um corredor do
que entre fragmentos desconexos. os autores concluíram que os corredores ecológicos podem facilitar
a transferência de pólen em paisagens fragmentadas.
Assim, os reflorestamentos e os corredores ecológicos representam estratégias promissoras
para a conservação da biodiversidade em paisagens fragmentadas.
Corredores Ecológicos
Como instrumento de gestão territorial, os Corredores Ecológicos atuam com o objetivo específico de promover a conectividade entre fragmentos de áreas naturais. Eles são definidos no SNUC como porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades de conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência áreas com extensão maior do que aquelas das unidades individuais.
Os Corredores Ecológicos visam mitigar os efeitos da fragmentação dos ecossistemas promovendo a ligação entre diferentes áreas, com o objetivo de proporcionar o deslocamento de animais, a dispersão de sementes, aumento da cobertura vegetal. São instituídos com base em informações como estudos sobre o deslocamentos de espécies, sua área de vida (área necessária para o suprimento de suas necessidades vitais e reprodutivas) e a distribuição de suas populações. A partir destas informações são estabelecidas as regras de utilização destas áreas, com vistas a possibilitar a manutenção do fluxo de espécies entre fragmentos naturais e, com isso, a conservação dos recursos naturais e da biodiversidade. São, portanto, uma estratégia para amenizar os impactos das atividades humanas sob o meio ambiente e uma busca ao ordenamento da ocupação humana para a manutenção das funções ecológicas no mesmo território.
As regras de utilização e ocupação dos corredores e seu planejamento são determinadas no plano de manejo da Unidade de Conservação à qual estiver associado, incluindo medidas com o fim de promover sua integração à vida econômica e social das comunidades vizinhas.
Os Corredores Ecológicos são criados por ato do Ministério do Meio Ambiente. Até o momento foram reconhecidos dois corredores ecológicos:
• Corredor Capivara-Confusões
• Corredor Caatinga