ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (APA) CAIRUÇU - RJ


Localização
Município: Paraty.

Superfície
33.800 ha.

Bioma
Floresta Atlântica.
Unidade de Uso Sustentável.

A Área de Proteção Ambiental (APA) Cairuçu é uma unidade de conservação que tem por objetivo conciliar as atividades humanas com a preservação da vida silvestre, a proteção dos demais recursos naturais e a melhoria da qualidade de vida da população, através de um trabalho conjunto entre órgãos do governo com a participação ativa da comunidade.

A APA de Cairuçu foi criada pelo Decreto Federal no. 89.242/83, com o objetivo de assegurar a proteção da natureza, paisagens de grande beleza cênica, espécies de fauna e flora raras e ameaçadas de extinção, sistemas hídricos e as comunidades caiçaras integradas nesse ecossistema.

Mata atlântica na APA Cairuçu
Apresenta um dos últimos redutos da Floresta Atlântica, dando excelentes amostras de suas variações e características, inclusive apresentando os vários estágios e transições das matas higrófilas de encosta aos manguezais em estado clímax. Na unidade há uma aldeia indígena do Muriqui, presente ainda hoje na região e que quer dizer cai = o mico; ruçu = grande.

Situa-se no extremo Sul do Município de Parati, no Estado do Rio de Janeiro, tendo como acesso principal a BR-101. Compõe-se de uma parte continental, com uma área de 33.800 ha, que se inicia no Rio Mateus Nunes e termina na fronteira com o Estado de São Paulo, e de uma parte insular, com 63 ilhas, desde a Ilha do Algodão, em Mambucaba, até a Ilha da Trindade, em Trindade. Faz também limite com o Parque Nacional da Serra da Bocaina.

Rio Perequé - Açu

Corresponde na Classificação de Köppen do tipo Af.
Apresenta temperaturas elevadas o ano inteiro sendo as variações de temperatura influenciadas pela presença marcante da Serra do Mar. A pluviosidade é elevada, alcançando totais que variam de 1.500 a 2.000 mm, sendo dezembro, janeiro e fevereiro os meses de maior incidência de chuvas. A umidade relativa do ar permanece em torno de 80% durante todo o ano.

Existem dois tipos de rios na área: os de planície, que penetram relativamente pouco na serra e os da faixa serrana que desenvolvem seus cursos na sua maior parte na montanha. De modo geral, os cursos são de pequena extensão, em virtude das condições do relevo que implicam na freqüência de saltos e corredeiras. São cerca de 28 rios, dos quais destacam-se: Perequê-Açu, Parati-Mirim, Corisco e Mambucaba (o mais extenso). Há quedas d'águas de grande beleza como a de Bananal, situada no curso do Perequê-Açu, com mais de 15 metros de altura, e do Curupira, em Parati-Mirim.

O litoral se apresenta recortado e com grandes escarpas, que em certos trechos se encontram submersas, dando origem às ilhas. As reentrâncias maiores foram enseadas e baías com praias e cordões arenosos pouco desenvolvidos, dispostos ao pé da escarpa ou acompanhando as exíguas planícies, pois nenhum curso d'água mais importante chega a dissecar o paredão montanhoso. As enseadas com praias mais exuberantes são as do Sono e Trindade.

A parte da Serra do Mar, que forma o bordo ocidental, apresenta altitudes variáveis entre 800 a 1.200 metros, atingindo mais de 2.000 metros nos pontos culminantes. Seu aspecto é de uma imponente barreira montanhosa, disposta de modo aparentemente paralelo à linha da costa e com acentuada declividade.

Jacutinga
A predominância dos solos nas áreas de maiores altitudes e encostas, é do tipo podzólico com suas variantes, sendo mais observado o tipo latossolo amarelo-litossol. Na faixa litorânea predominam os solos hidromórficos. Apesar da crescente ação antrópica, a região ainda é descrita como contendo numerosas espécies da fauna, inclusive aquelas consideradas raras ou ameaçadas de extinção, como muriqui, macuco, jacutinga, pavão, gavião pega-macaco, veado mateiro e catingueiro, entre outros. Ressalta-se que a APA/Cairuçu, devido aos limites com o Parque Nacional da Serra da Bocaina, apresenta uma importância vital para as aves de rapina, que necessitam de grandes áreas florestadas para sua sobrevivência.

Ainda devido a este limite, ocorrem vários felinos (onça pintada, jaguatirica, gato do mato); variada avifauna (azulão, curió, tucano-açu, papagaio, periquito); répteis (jararaca, cascavel, cobra-coral, lagarto); anfíbios (rã pimenta, rã caiana, sapo, perereca), bem como uma infinidade de aracnídeos e insetos.

Importante ressaltar os endemismos encontrados na APA/Cairuçu, dos quais destacam-se: formicarídeos (arredio-pálido, borralhara), cotingídeos (saudade, corocoxó), entre outros.

A piscosidade da região é imensa, estando intimamente ligada à preservação dos manguezais e florestas limítrofes, o que ressalta a importância da preservação destes para a economia pesqueira do Município. Entre as espécies da fauna marinha de grande importância citamos, entre outros: tainha, parati, robalo, cavala, enchova, além dos crustáceos como: siri, caranguejo e camarão.

Na região destacam-se três tipos característicos: Floresta Atlântica de encosta, a mata de restinga e o manguezal.

O ecossistema de restinga encontra-se mais desenvolvido nas praias do Sono e Trindade. Possui vegetação característica, destacando-se: pitanga, araçá, aroeira, murici, e outras plantas, cujos frutos são apreciados pela fauna e pelo homem.

A vegetação de mangue é encontrada na baixada, nos terrenos de marinha, até onde se faz sentir a influência da maré. Neste ecossistema ocorrem plantas típicas como o mangue vermelho o mangue preto, seriúba ou sereiba e o mangue branco. Essas plantas são fundamentais para a produtividade pesqueira da região, pois suas folhas são elementos vitais da cadeia detrítica, da qual participam milhões de microorganismos. Outro papel importantíssimo do mangue é a sua função de berçário e criadouro de inúmeras espécies de valor econômico.

Mangue vermelho

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