PARQUE ESTADUAL SERRA DOS MARTÍRIOS-ANDORINHAS - PA

PARQUE ESTADUAL SERRA DOS MARTÍRIOS-ANDORINHAS - PA
Serra dos Martírios
Superfície
24.897 hectares.

Bioma
Amazônia 100%
Floresta Ombrófila Densa 100%

O parque Martírios – Andorinhas, na região do Araguaia, foi demarcado em 1996, e guarda uma grande diversidade natural e cultural. Por isso está recebendo uma publicação que inclui conhecimento científico em diversas áreas, gerado nas duas principais instituições científicas da Amazônia Oriental: a Universidade Federal do Pará e o Museu Paraense Emílio Goeldi.

"O mais perto dos Martírios antigos ou contemporâneos que estive foi no então município de São João do Araguaia, num final de tarde de um distante dezembro de 1988. A sensação até hoje é muito viva: como se diria em puro castelhano, senti-me abrumada, agobiada, como se tivesse entrado em uma profunda depressão.

PARQUE ESTADUAL SERRA DOS MARTÍRIOS-ANDORINHAS - PA

Talvez impressionada pela história recente da região marcada pelos conflitos da Guerrilha do Araguaia e por um ar parado que adensava aquela tarde, me deixei levar pela impressão que acabou por marcar a memória sobre o lugar.

Anos mais tarde, por relatos de familias que por lá andou, pude me deparar com um cenário distinto daquele gravado na memória e me encantei com as belezas de uma região prenhe de história, de cultura e cujas marcas do tempo geológico e da arqueologia, se revelam por inteiro em Parque Martírios- Andorinhas: conhecimento, História e Preservação, lançado em Belém, no início do mês.

Entre a história, o mapeamento, a preservação e a utilização racional dos recursos naturais se posiciona o trabalho de pesquisadores da Universidade Federal do Pará e do Museu Paraense Emílio Goeldi, ao compilar pesquisas básicas e multidisciplinares sobre o Parque Estadual da Serra dos Martírios-Andorinhas, e da Área de Proteção Ambiental de São Geraldo do Araguaia.

Rota de bandeirantes no início de século XVII, passagem de viajantes no XIX, e de Rondon, no século XX, o Parque foi criado em 1996, com 25 mil hectares, e marcou o início de uma política de conservação ambiental justificada por características marcantes daquele pedaço de território paraense."

O histórico dessa trajetória oficial se constitui capítulo de autoria de Crisomar Lobato e Renato Costa. De ecossistemas diversos, guardião de registros de civilizações ancestrais e abrigo para animais silvestres e rota de migração para aves como as Andorinhas, o Parque guarda serras que, talvez poucos saibam, são remanescentes de um sistema de cordilheiras na região Centro-Norte do Brasil.

Na seção dedicada à Geologia da região, Paulo Gorayeb, Candido Abreu e Francisco Matos, revelam que a área integra o Cinturão Araguaia, “unidade geotectônica formada no final do Neoproterozóico”. Por belezas naturais que tiram o fôlego de qualquer um, o Parque é ambiente fragilizado e já depreciado por se encontrar em região de fronteira e alvo de devastação, como tantas outras áreas da Amazônia brasileira.

Prova disso são os apelos por preservação lançados pelos espeleólogos – especialistas em cavernas – que realizam levantamento, com apoio do Museu Goeldi, desde o final dos anos 80, e cadastraram 87 cavernas e grutas, além de 313 abrigos. Com mil metros, a maior delas é a Caverna Serra Andorinhas, que está acompanhada de outras como a Catedral, que tem 415 metros, e a Nobilor, com 360 metros.

Menores, mas, não por isso, menos importantes estão a Remanso dos Botos (125 metros), e a Mogno (124 metros). Com potencial para o ecoturismo, como revelam os autores do capítulo sobre o planejamento turístico, a região guarda outras riquezas como os minerais-gemas. São ocorrências de opala, ametista e quartzos – cristais de rochas - com colorações as mais distintas, que se revelaram nas últimas décadas, segundo os especialistas Taylor Collyer e Basile Kotschoubey.

Levantamentos florísticos e faunísticos – Os pesquisadores do Goeldi, além de contribuírem para o desvendar da arqueologia do Parque, através do trabalho de Edithe Pereira, são os responsáveis pelos levantamentos da flora e da fauna da região. Localizada em área de transição entre os biomas Cerrados do Brasil Central e Floresta Amazônica, Martírios se constitui em mosaico “com elevada diversidade biológica e paisagística”.

São florestas secas, úmidas, aluviais, sub-montanhosas, além de cerrados e vegetação de altitude numa área “altamente suscetível a fogo e elevadas taxas de desmatamento”, como informam os pesquisadores do Goeldi, Dário Amaral, Samuel Almeida, Leandro Ferreira e Nazaré Bastos.

Insetos como os carapanãs, piuns, besouros e mamíferos voadores, como os morcegos, além de mamíferos não-voadores, também foram estudados na região do Parque Martírios-Andorinhas por pesquisadores da Zoologia do Goeldi. Segundo o entomólogo do Museu Goeldi, em Belém, Inocêncio Gorayeb, o estudo dos insetos é instrumental para a pesquisa e a conservação de ecossistemas da Amazônia, “principalmente para o entendimento dos processos históricos e da biodiversidade atual”.

Aponta em um dos capítulos de sua autoria que constam do livro lançado no início de dezembro. Importante também para a saúde pública, a economia e a ecologia, o estudo dos insetos tem impacto no desenvolvimento da região, já que as doenças tropicais são obstáculos de monta para a Amazônia. Rica em morcegos, a Amazônia é, e Martírios-Andorinhas não se constitui exceção.

Só de morcegos foram encontradas 34 espécies predominantemente dos tipos que se alimentam de frutas e insetos. Já entre os mamíferos não-voadores, a pesquisadora do Goeldi, Suely Marques-Aguiar e sua equipe, identificaram 37 espécies, reunindo quase 10% da diversidade registrada em toda a Amazônia brasileira. Mucuras, tatus, preguiças, macacos, onças, raposas, irara, veado vermelho, anta, caititu, queixada e caxinguelê, estão entre os representantes da fauna mamífera da região.

Editado pelo pesquisador Paulo Sérgio de Sousa Gorayeb, da UFPA, o livro, em formato de álbum e com quase 200 fotografias, traz ainda um estudo de caso sobre populações tradicionais na região com foco para a Vila de Santa Cruz dos Martírios.

De autoria de Josefa Costa, o capítulo revela as estratégias de sobrevivência em local de difícil acesso, de uma população cuja vida está irremediavelmente ligada ao seu meio. São lavradores, pescadores, vaqueiros dentre os 50 indivíduos registrados desde o último levantamento em 2001. O volume pode ser adquirido através da Editora da UFPA.

Objetivo
Preservar os ecossistemas naturais englobados, as belezas cênicas, e de acordo com os levantamentos gerais, 11 estruturas ruiniformes, 26 cavernas, 36 grutas, 1 fenda, 1 dolina, 80 sítios arqueológicos, 150 pinturas rupestres e mais de 5.000 gravuras rupestres com idade estimada em 8.300 AP.

Aínda 28 cachoeiras, mais de 500 espécies herbáceas e arbustivas, mais de 150 espécies arbóreas, 80 espécies de orquídeas, 38 espécies medicinais e aproximadamente 532 espécies de aves, mamíferos, répteis, anfíbios e peixes.

Constatou-se 16 populações da fauna e 3 populações da flora como espécies ameaçadas de extinção de acordo com a lista oficial brasileira.

Pretende-se conciliar a proteção integral com a utilização para fins científicos, culturais, educacionais, recreativos e turísticos.

Fonte: Governo do Estado do Pará

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