Destruição da camada de ozônio, chuva ácida, erosão, poluição do ar, do solo e da água. Estes problemas, combinados com a pressão do crescimento populacional nos países em desenvolvimento e o consumo desenfreado nos países desenvolvidos, apresentam um cenário sombrio que ameaça atualmente a vida no planeta. No entanto, por mais sérios que sejam, não se comparam ao efeito amplo e devastador que a destruição em grande escala da biodiversidade tem sobre o meio ambiente.
A destruição da biodiversidade - ou seja, a perda das espécies existentes na Terra - não só causa o colapso dos ecossistemas e seus processos ecológicos, como é irreversível. Nem a mais alta tecnologia, nem as descobertas biotecnológicas, nem as imagens computadorizadas ou a realidade virtual podem compensar o prejuízo inigualável da extinção das espécies; certamente nada pode recuperar o que foi formado de forma tão singular, ao longo de bilhões de anos, na história evolutiva de nosso planeta.
Esta biodiversidade, no entanto, não é distribuída de forma homogênea em volta da Terra. Na realidade, existem ecossistemas que, embora representem uma parcela muita pequena da superfície terrestre, abrigam grande parte da nossa biodiversidade. De fato, alguns estudos indicam que as florestas tropicais, que representam apenas 7% da superfície terrestre, abrigam cerca de 50% das espécies!
De forma a aumentar a eficiência de qualquer esforço direcionado à preservação da biodiversidade, é de vital importância identificarmos as áreas de maior importância para a biodiversidade terrestre. Isto é precisamente o que foi feito pela Conservation International - uma conceituada organização ambiental internacional - que listou os 25 principais hotspots mundiais, ou seja, os biomas mais ricos e mais ameaçados do planeta.
A Mata Atlântica, devido ao seu altíssimo grau de biodiversidade e endemismo e à sua elevada taxa de desmatamento, está entre os cinco principais hotspots do mundo. O total de mamíferos, aves, répteis e anfíbios que ali ocorrem alcança 1361 espécies, sendo que 567 são endêmicas, ou seja, que só vivem ali, representando 2% de todas as espécies do planeta, somente para esses grupos de vertebrados. A Mata Atlântica, que possui 20.000 espécies de plantas - das quais 8.000 são endêmicas! - é o segundo maior bloco de floresta tropical do país.
Aos Extremos da Terra
A totalidade da vida na terra, conhecida como biosfera para os cientistas e criação para os teólogos, é uma membrana de organismos encobrindo a terra tão fina que não poderia ser vista lateralmente de uma nave espacial, mas tão complexa internamente que a maioria das espécies que a compõem permanecem desconhecidas. A membrana é contínua. Do pico do Everest ao fundo da Fossa Mariana no Oceano Pacífico, criaturas de algum tipo habitam literalmente cada centímetro quadrado da superfície planetária. Estas obedecem ao principio fundamental de geografia biológica, que onde quer que haja água líquida, moléculas orgânicas e uma fonte de energia, há vida. Dada a quase universalidade de materiais orgânicos e algum tipo de energia, a água é o elemento decisivo no planeta Terra. Pode ser não mais do que uma camada transitória em grãos de areia, pode ser um ambiente que nunca vê a luz do sol, pode estar fervendo ou super refrigerado, mas haverá alguma forma de organismo vivendo dentro ou sobre o mesmo. Mesmo se não há nada vivo visível a olho nu, células singulares de microorganismos estarão ali crescendo e reproduzindo, ou ao menos dormentes e à espera de água líquida para traze-las de volta à atividade.
Estes são os chamados extremófilos, espécies adaptadas para viverem nos extremos da tolerância biológica. Muitos vivem nas pontas ambientais da terra, inabitáveis para animais gigantes e frágeis como nós. Segue abaixo uma listagem de alguns destes ambientes, e seus respectivos habitantes:
- Vale McMurdo - Antártica
- Jardins do gelo Antártico
- Orifícios Hidrotérmicos Vulcânicos
- Ambientes Radioativos
- Outros Ambientes
- Rocha Ígnea
- O Espaço
Conteúdo extraído do livro "The Future of Life", capítulo 2 "To the ends of earth", do biólogo Edward O. Wilson. Traduzido e editado pela Fundação SOS Mata Atlântica.
Fontes: Conservation International / Alain Max Banfi