O PARADIGMA DA SUSTENTABILIDADE


Vivemos um tempo no qual a fantástica capacidade humana de sonhar, criar e modificar a natureza tem colocado em risco a sustentabilidade da vida na Terra devido à forma acelerada,não planejada e intensiva das atividades e modificações implementadas pela sociedade moderna.

A crise ambiental é antes de tudo uma crise de percepção do mundo, isto é, a maneira como percebemos, entendemos e agimos, denominada paradigma. Existem dois paradigmas relevantes: o cartesiano caracterizado pela abordagem científica e o sistêmico caracterizado pelo método holístico de tratar os problemas. Para melhor compreendê-los podemos compará-los ao jogo quebra-cabeça e ao caleidoscópio , respectivamente. O quebra-cabeça representa o paradigma cartesiano, no qual o todo é igual a soma das partes havendo uma relação direta entre causa e efeito. O caleidoscópio representa o paradigma sistêmico, no qual o todo é diferente da soma de todas as partes. Segundo CAPRA “as propriedades essenciais de um organismo, ou sistema vivo, são propriedades do todo, que nenhuma das partes possui. Elas surgem das interações e das relações entre as partes. Embora possamos discernir partes individuais em qualquer sistema, essas partes não são isoladas, e a natureza do todo é sempre diferente da mera soma de suas partes” (1992, p. 40). Em outras palavras, é perceber que tudo está interligado, que longe não existe, e que tudo de uma maneira ou outra, traz conseqüências mais próximas ou mais distanciadas, positivas ou negativas, e que estão em permanente diálogo.

Como conseqüência, a gestão do desenvolvimento – pontual ou abrangente, nos governos, sociedade civil organizada ou nas empresas precisam incluir as dimensões: ambiental, econômica, e social de forma a aliar a conservação da natureza e o bem-estar da humanidade.

Algumas diferenças entre o paradigma mecanicista e o sistêmico são:

CARTESIANO

SUSTENTÁVEL (SISTÊMICO)

Reducionista,mecanicista, tecnocêntrico

Orgânico, holístico, participativo

Fatos e valores não relacionados

Fatos e valores fortemente relacionados

Preceitos éticos desconectados das práticas cotidianas

Ética integrada ao cotidiano

Separação entre o objetivo e o subjetivo

Interação entre o objetivo e o subjetivo

Seres humanos e ecossistemas separados, em uma relação de dominação

Seres humanos inseparáveis dos ecossistemas, em uma relação de sinergia

Conhecimento compartimentado e empírico

Conhecimento indivisível, empírico e intuitivo

Relação linear de causa e efeito

Relação não-linear de causa e efeito

Natureza entendida como descontínua, o todo formado pela soma das partes

Natureza entendida como um conjunto de sistemas inter-relacionados, o todo maior que a soma das partes

Bem-estar avaliado por relação de poder ( dinheiro, influência, recursos)

Bem-estar avaliado pela qualidade das inter-relações entre os sistemas ambientais e sociais

Ênfase na quantidade (renda per capita)

Ênfase na qualidade ( qualidade de vida)

Análise

Síntese

Centralização de poder

Descentralização de poder

Especialização

Transdisciplinaridade

Ênfase na competição

Ênfase na cooperação

Pouco ou nenhum limite tecnológico

Limite tecnológico definido pela sustentabilidade

Fonte: O bom negócio da sustentabilidade.

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