Árvores Simbólicas e Tipos de Florestas
Vegetação cerrada constituída de árvores de grande porte, cobrindo grande extensão de terreno. (2) Ecossistemas complexos, nos quais as árvores são a forma vegetal predominante que protege o solo contra o impacto direto do sol, dos ventos e das precipitações. A maioria dos autores apresentam matas e florestas como sinônimos, embora alguns atribuam à floresta maior extensão que às matas. (3) Vegetação de árvores com altura geralmente maior que sete metros, com dossel fechado ou mais ralo, aberto; às vezes (mata) significa um trecho menos extenso que floresta, e mais luxuriante (densa ou alta) do que arvoredo (GOODLAND, 1975). (4) Associação arbórea de grande extensão e continuidade. O império da árvore num determinado território dotado de condições climáticas e ecológicas para o desenvolvimento de plantas superiores. Não há um limite definido entre uma vegetação arbustiva e uma vegetação florestal. No Brasil, os cerrados, as matas de cipós e os junduis, que são as florestas menos altas do país, tem de 7 a 12 metros de altura média. Em contraste, na Amazônia ocorrem florestas de 25 a 36 metros de altura com sub-bosques de emergentes que atingem até 40-45 metros (Polígono dos Castanhais). (5) A floresta pode ser nativa ou natural (com espécies ou essências características do meio ou ecossistema) ou plantada (com essências nativas ou espécies exóticas). As florestas plantadas com espécies exóticas (predominantemente pinus e eucalipto) destinam-se a fins industriais ou comerciais. (6) Agrupamento de vegetação em que o elemento dominante é a árvore; formação arbórea densa; constituem os principais biomas terrestres e cobrem cerca de 30% da superfície do planeta; as diferentes características da vegetação que compõe as florestas - e conseqüentemente de sua fauna - estão relacionadas principalmente ao tipo de clima, de relevo e de solo. (7) Área de terra mais ou menos extensa coberta predominantemente de vegetação lenhosa de alto porte formando uma biocenose.
Floresta Primária
Vegetação arbórea denominada floresta estacional semidecidual onde estão caracterizadas as florestas aluvial e submontana. Apresentam-se estruturalmente compostas de árvores altas e fustes normalmente finos e retilíneos. Nessa formação existe uma densa submata de arbustos e uma enorme quantidade de plântulas de regeneração (Portaria Normativa IBAMA 83/91). (2) Floresta que nunca foi alterada por ação do homem.
Floresta Secundária
Vegetação com formação de porte e estrutura diversa, onde se constata modificação na sua composição, que na maioria das vezes, devido a atividade do homem, apresenta-se em processo de degradação ou mesmo em recuperação (Portaria Normativa IBAMA 83/91). (2) Floresta que foi cortada e cresceu novamente, sem intervenção do homem; diferente de área reflorestada, onde as florestas são plantadas.
Floresta Nacional
São áreas de domínio público, providas de cobertura vegetal nativa ou plantada, estabelecida com objetivos de promover o manejo dos recursos naturais, com ênfase na produção de madeira e outros vegetais e garantir a proteção dos recursos hídricos, das belezas cênicas e dos sítios históricos e arqueológicos, assim como fomentar o desenvolvimento da pesquisa científica básica e aplicada, da educação ambiental e das atividades de recreação, lazer e turismo (Portaria IBAMA 92-N/98). (2) Unidade de conservação de uso sustentável, implantada em área pública, com cobertura florestal de espécies predominantemente nativas; tem como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas nativas.
Floresta Estacional
Floresta que sofre ação climática desfavorável, seca ou fria, com perda de folhas (Resolução CONAMA 012/94). (2) Vegetação condicionada pela dupla estacionalidade climática, uma tropical com época de intensas chuvas de verão, seguida por estiagem acentuada e outra subtropical sem período seco, mas com seca fisiológica provocada pelo intenso frio do inverno, com temperaturas médias inferiores a 15°C (ARRUDA et allii, 2001).
Floresta Estacional-semidecidual
Floresta tropical subcaducifólia; cobria extensas áreas do território brasileiro, podendo ser encontrada em relevos dissecados nos planaltos que dividem as águas das nascentes do rio Amazonas - nos estados de Rondônia e Mato Grosso, ao mesmo tempo em que reveste as encostas inferiores das Serras do Mar e da Mantiqueira - nos estados do Nordeste e em MInas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo, e nas bacias dos rios Paraguai e Paraná nos Estados de Mato Grosso e Santa Catarina; vegetação desse tipo de floresta está condicionada pela dupla exposição ao clima característico de duas estações: uma tropical, com época de intensas chuvas de verão, seguida por triagem acentuada, com temperaturas médias em torno de 22° C; outra subtropical, sem período seco, mas com seca fisiológica provocada pelo intenso frio do inverno, com temperaturas médias inferiores a 15° C. Por efeito dessa exposição a climas distintos, diferentemente do que ocorre nas florestas tipicamente tropicais, onde as árvores permanentemente verdes (perenifólias), uma parte das árvores - entre 20% e 50% - perde as folhas estacional-semidecídua. Cobria 94.000 quilômetros quadrados, praticamente metade do território do Estado, e hoje se reduz a pequenos fragmentos, dos quais o Parque Nacional do Iguaçu é o maior e melhor conservado.
Floresta Ombrófila Densa
Tipo de vegetação que ocorre na Amazônia e Matas Costeiras. Caracteriza-se por apresentar elevadas temperaturas (média 25 °C) e alta preciptação, bem distribuída durante o ano (ARRUDA et allii, 2001. (2) Floresta perenifólia (sempre verde); cobria originalmente a região litorânea brasileira, do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul; área rica em biodiversidade, caracteriza-se por dossel de até 15 metros, árvores de até 40 metros de altura e vegetação arbustiva densa, composta por samambaias arborescentes, bromélias e palmeiras; reduzida a menos de 7% da área original.
Floresta Ombrófila Mista
Floresta com araucária; originalmente, distribuía-se por 185.000 quilômetros quadrados no planalto sul-brasileiro, concentrada nos estados do Paraná (37% do estado), Santa Catarina (31%) e Rio Grande do Sul (25%); o desenvolvimento dessa floresta está intimamente relacionado à altitude em linhas de escoamento do ar frio; caracteriza-se por dois estratos arbóreos e um arbustivo: no estrato superior domina a araucária, que dá à floresta um desenho exclusivo, no estrato inferior dominam variedades de lauráceas, como a canela e a imbuia, e no sub-bosque predominam a erva-mate e o xaxim; revestida originalmente 73.00 quilômetros quadrados do território do Estado do Paraná e atualmente as áreas de floresta primária representam apenas 0,8% da área original.
Floresta de Alto Valor de Conservação
Floresta que tem uma ou mais das seguintes características: (a) áreas florestais possuindo em âmbito global, regional ou regional significativas; (b) concentrações de valores de biodiversidades (p. ex. endemismo, espécies ameaçadas, refúgios); (c) florestas de nível de paisagem amplo, contidas dentro da unidade de manejo ou contendo esta onde populações viáveis da maioria, senão de todas as espécies que ocorram naturalmente, existem em padrões naturais de distribuição e abundância; (d) áreas florestais que estejam, ou contenham, ecossistemas raros, ameaçados ou em perigo de extinção; (e) áreas florestais que forneçam serviços básicos da natureza em situações críticas (p. ex., proteção de manancial, controle de erosão ); (f) áreas florestais fundamentais para satisfazer as necessidades básicas das comunidades locais (p.ex., subsistência, saúde) e/ou críticas para identidade cultural tradicional de comunidades locais (áreas de importância cultural, ecológica, econômica ou religiosa identificadas em cooperação com tais comunidades locais).
Árvores Simbólicas
A concepção de uso que a maioria das pessoas possuem para atribuir a uma árvore limita-se aos produtos ‘palpáveis’ que ela pode oferecer. Citando alguns: frutos, folhas, cascas e raízes para remédios naturais, sementes para propagação ou adornos, óleos, resinas; em outro campo servem como embelezadoras de ambientes para paisagistas ou plataforma de diversões infantis. Sua madeira pode ser usada para construção civil, naval e como combustível. Para esgotar esta lista é necessário conhecer muitas culturas e costumes mundiais.Dependendo da interação e objetivo de estudo, novas abordagens podem se agregar a multifuncionalidade de uma árvore. Para um ecologista ela se afigura como um ‘microcosmo’, pois além da sombra produzida relevante para o estudo do cientista, seus galhos acolhem animais vertebrados, invertebrados e até outras espécies do reino vegetal.
Sua representatividade como indivíduo possui importância que extrapola os limites de seu organismo, principalmente quando muitas árvores estão juntas formando as florestas. Influenciam a área que ocupam e a das regiões vizinhas nos processos: climáticos, do fluxo aquático de microbacias, de erosão, e de lixiviação.
Nas florestas puderam ser encontrados os primeiros habitantes dependentes dos recursos oferecidos pela natureza: o índio. Durante as descobertas de novas terras, o homem civilizado o encontrou, e muitas vezes chamava-o também de selvagem. O termo selvagem possui um significado ambíguo referente à agressividade e à selva (THOMAS, 1983). Então os selvagens que viviam nas florestas, como os índios, foram os primeiros homens a conviver com os seres chamados ‘árvores’.
Dentro da cosmologia dos silvícolas, lendas atribuíam nomes e valores culturais para as árvores que agora viviam como integrantes do cotidiano das tribos. Aborígines de várias regiões do mundo tiveram seu contato com as árvores e a viam como um ser. Mesmo recebendo denominações diferentes, referentes a cada idioma, o objetivo de denominar ‘algo de superfície áspera, geralmente de grande estatura, com ramificações e bordas superiores verdes’ com palavras de seu dialeto que signifiquem ‘árvore’, parece ser algo de fácil compreensão, pois o homem da cidade também tem seu termo ‘árvore’. Porém, o desenho de uma árvore (com suas estruturas e partes) e mais suas funções fisiológicas podem formar um símbolo para explicar ou comparar situações e idéias de natureza não vegetal.
Para Guénon (1962) “[...] o simbolismo nos parece especialmente adaptado às exigências da natureza humana, que não é puramente intelectual e tem necessidade de uma base sensível para elevar-se às esferas superiores”. O processo de conceder um significado para um signo possui algumas variações. Por exemplo, o termo ‘enraizar’ normalmente refere-se às funções fisiológicas de uma planta, ou ainda aos processos de aprofundamento de um conceito ou comportamento numa pessoa. O simbolismo, que resulta da interação entre signo e significado, principalmente nas tradições religiosas e culturais, tem como intuito facilitar o entendimento dos iniciantes ou ocultar verdades dos não preparados ao conhecimento delas.
Os povos antigos, principalmente os paleorientais, tradicionalmente religiosos, legaram para a posteridade conceitos de como o universo é e como este se relaciona com o homem. Um dos principais era de que existia um centro para o universo, ligando as três regiões cósmicas. Este ponto poderia estar em qualquer lugar da Terra e assumia por exemplo, as formas de: “Árvore do Mundo”, “Montanha Cósmica (na qual aparecia no topo uma grande árvore)”, “Pilar Central”, “Umbigo do Mundo” e de templos e cidades que possuíam nomes de “Vínculo entre o Céu e a Terra” e “Casa da Base do Céu e da Terra”. E destes símbolos o mais propagado para representar o centro e ligar as três regiões é a Árvore Cósmica (ELIADE, 1991).
Este simbolismo da árvore seria a ligação e a forma de contato entre os três planos cósmicos: Céu, Terra e Inferno (SCHLESINGER, 1995). As raízes subterrâneas representavam os mundos inferiores, o tronco era o mundo visível comum e os galhos estavam nos mundos superiores. A crença dos antigos orientais era que suas cidades estavam erigidas no centro do mundo. Como a capital do soberano chinês perfeito que deveria estar próxima à Kieou-mou (Pau Erguido), a árvore milagrosa que ligava os três planos e as Nove Nascentes aos Nove Céus (ELIADE, 1991,1993).
Uma das representações clássicas de Árvore Cósmica ou Árvore do Mundo é a de Yggdrasil, também chamada de Hoddmimir’s Wood (Madeira de Hoddmimir) e Laerad. Este mito nórdico possui diferentes versões, apresentadas segundo alguns autores (CREWS, 2003; ELIADE, 1991; FORLONG, 1964; HINNELLS, 1989; RAMOS, 2001) que não lhe alteram o sentido original. Segue-se uma síntese das fontes consultadas: o nome desta árvore significa ‘Cavalo de Odin’ (Yggr siginifica Odin e Drasil cavalo). Sua representação no mundo físico assume a forma de um freixo. Cada parte da árvore estava relacionada com um reino: suas raízes com Nifl-heim ou Hades, seu caule com Mid-gard ou terra e seus galhos com As-gard ou ‘Casa dos Deuses’.
Suas três raízes representavam o passado, o presente e o futuro. Em sua base havia três fontes: Mimisbrunnr (a da Sabedoria), Urdarbrunnr (a do Destino) e Hvergelmir de onde se originam muitos rios. Yggdrasil simboliza a vida no universo. Seus frutos eram homens e seus galhos abrigavam animais: quatro veados representando os quatro ventos, um esquilo, uma cobra e a Águia de Odin. Estes dois últimos animais lutam entre si. A serpente Nidhögg tenta derrubar Yggdrasil e a águia lhe impede. O conflito representa a disputa entre o bem e o mal.
A lenda conta que Odin sofreu durante nove dias e morreu, sendo regenerado cego fisicamente, mas presenteado pelos deuses com a ‘visão divina’. No dia de Ragnarok o gigante de fogo Surt incendiará Yggdrasil, esta deverá sobreviver e abrigar os destinados a repovoar o planeta.
Dentre os textos antigos hinduístas e de rituais xamânicos, várias passagens retratam a interação entre um homem e uma árvore real que assumia a identidade da Árvore Cósmica. Ao derrubá-la, preces lhe eram oferecidas como se realmente os participantes estivessem perante aquele símbolo. Certas passagens retratam a iniciação do xamã subindo numa árvore ritualística qualquer e isto representava a subida na própria Árvore Cósmica. Deste modo, podia o homem alcançar o céu (ELIADE, 1991). Noutras tradições, para chegar à Árvore Cósmica, o aspirante precisava ‘renascer’, passando por uma purificação (CREWS, 2003).
Mesmo possuindo variantes genéticas (passíveis da classificação taxonômica), diferenciadoras das espécies vegetais encontradas em todo mundo, nos mais diversos sítios, as árvores influenciaram o imaginário humano. Observando a árvore, o homem pode ver a opulência dos galhos balançando no ar, a longevidade, a beleza e a perda de folhas numa época com o reaparecimento em outra, evidenciando crescimento e regeneração constantes (CREWS, 2003; ENCYCLOPEDIA AMERICANA, [s/d]). Estas características proporcionaram uma aproximação do cosmos com a árvore fazendo desta um símbolo daquele.
Para os hindus o Universo é uma grande Árvore invertida: as raízes nascem no Céu e os galhos tocam a Terra, como apresentado no Bhagavad Gîtâ (cap. 11, vers. 1-3): Ashvatta (força creadora do cosmos), a eterna árvore simbólica, tem suas raízes, a fonte primeira, firmadas nas alturas, no Ser Supremo, e seus ramos se desdobram para baixo pelo mundo ‘creado’ em incessante mutação, quem isto compreende conhece o universo. Este esquema representa a origem (raiz) celeste da criação e o mundo material (galhos). A seiva que passa pelo ‘tronco’ tem forma de luz (vida) e alcança toda as coisas como o próprio sol.
Esta idéia é reforçada por um dos termos que designa a Árvore do Mundo que na língua sânscrita, falada em tempos antigos da Índia, é Nyagrodha. Seu significado expressa a idéia de ‘crescer para baixo’ (GUENÓN, 1962). No Céu, também estavam as raízes da Árvore da Felicidade do Islã (SCHLESINGER, 1995).
A Árvore da Vida é outra aparição mitológica variante deste elemento. A bibliografia disponível, no campo antropológico, histórico e religioso, não apresenta uma distinção bem definida entre os termos empregados como ‘Árvore Cósmica’, ‘Árvore do Mundo’ e ‘Árvore da Vida’. Possível é observar uma tênue diferença ao se referir à ‘Árvore Cósmica’ enquanto representação do universo. Mas dependendo de como os termos são inseridos em cada contexto, podem assumir semelhança de significados.
Nos mais variados tipos de ‘Céus e Paraísos’ existentes nas religiões aparece a ‘Árvore da Vida’. Sua função comum é ser a fonte da Vida (SCHLESINGER, 1995). O ocidente a conhece, pois está presente na difundida Bíblia Cristã. Em seu primeiro livro (Gênesis), é mencionado estando no Jardim do Éden (‘local repleto de belas árvores’), junto com a ‘árvore da ciência do bem e do mal’:
Ora, o Senhor Deus tinha plantado um jardim no Éden, do lado do oriente, e colocou nele o homem que havia criado. O Senhor Deus fez brotar da terra toda sorte de árvores, de aspecto agradável; e de frutos bons para comer; e a árvore da vida, no meio do jardim, e a árvore da ciência do bem e do mal. (Gênesis 2, 8,9).
Já no último livro, Revelação (Apocalipse cap. 22, vers. 2-3), aparece com características para curar as nações:
Mostrou-me então o anjo um rio de água viva, resplandecente como cristal de rocha, saindo do trono de Deus e do Cordeiro. No meio da avenida e às duas margens do rio, achava-se uma árvore da vida, que produz doze frutos, dando cada mês um fruto, servindo as folhas da árvore para curar as nações.
O Alcorão, sagrado para os mulçumanos, também relata a existência de duas árvores em lugares imateriais. Uma oliveira (Olea europea L.) representando o centro (GUÉNON, 1962; RAMOS, 2001) como ‘Árvore Cósmica’, dada sua localização “[...] nem oriental nem ocidental [...]” e por sua natureza reluzente (Surata, (cap. 24, vers. 35). Outra referência, talvez única do gênero pois só no Alcorão foi encontrada, é a Árvore Zacum que cresce no inferno (Surata (cap. 37, vers. 62-68):
Qual é a melhor recepção, esta ou da árvore de Zacum? Sabei que estabelecemos como prova para os iníquos. Em verdade é uma árvore que cresce no fundo do inferno. Seus ramos frutíferos parecem cabeças de demônios, que os réprobos comerão e com eles fartarão seus pandulhos.
A forte influência do significado universal da árvore aparece no Japão, China, Havaí, Babilônia, Egito e Mesopotâmia -estes dois últimos apresentam riquíssimas expressões deste tema (ELIADE, 1993; RAMOS, 2001). No portão oriental do paraíso Egípcio havia dois sicômoros (Ficus sycomorus). A imortalidade podia ser concedida por elas e seus frutos eram para alimentar os abençoados (CREWS, 2003).
Buda alcançou a iluminação sob a árvore Bo ou Bodhi, uma figueira (Ficus religiosa). Quando uma espécie arbórea representa um símbolo superior todos indivíduos da mesma espécie na Terra são respeitados como tais (SCHLESINGER, 1995). No centro do paraíso hindu, Jambudvipa, cresce a Árvore da Vida e do Conhecimento Jambu que tem como frutos elefantes (FORLONG, 1964).
A semelhança nos mitos da Árvore da Vida é a crença que ela concedia o dom da vida, a longevidade e a imortalidade. Heróis lendários tentaram conquistar seus benefícios , mas no caminho várias provas e dificuldades eram enfrentadas. Gilgamesh, herói babilônico, que após vencer obstáculos e se apoderar de tal Árvore a perdeu por astúcia de uma serpente (ELIADE, 1993); semelhantemente ao episódio de Adão e Eva.
O Antigo Testamento bíblico (a Torá), livro partilhado tanto pelos judeus quanto pelos cristãos, apresenta uma passagem (Êxodo cap. 25, vers. 31-37) na qual Deus manda Moisés fazer um candelabro (a Menorá), tendo sete braços e feito em ouro. Essa é uma das expressões da Árvore da Vida na religião judaica (RAMOS, 2001). Porém a mais difundida, alcançando mesmo os não judeus, é a descrita na Cabala. Nela, a representação aparece como o diagrama abaixo, contendo as dez sefirot que são os canais para a manifestação da energia de Ein Sof , ou Deus, no mundo dos homens. (PROPHET, 2004).
Este pequeno exemplo da interpretação do simbolismo da árvore, principalmente no passado, mostra como esta relação homem-árvore-cosmo influenciou ricamente a cultura da humanidade infundindo-lhe crenças e costumes, sendo que alguns destes podem ser observados até os dias atuais.
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