Baleia Franca do Sul (Eubalaena australis)
Família - Balaenidae.
Distribuição - encontra-se distribuída em todos os oceanos do Hemisfério Sul. No Brasil, pode ser observada especialmente a poucos metros da costa durante os meses de inverno e primavera desde o Rio Grande do Sul até o sul da Bahia. O litoral de Santa Catarina representa uma importante área de concentração durante seu período migratório de reprodução e cria pois suas inúmeras baías e enseadas de águas calmas, propiciam um habitat ideal para fêmeas acompanhadas de filhotes.
Peso, medidas e características - é um animal robusto e forte, que pode pesar 100 toneladas. Alcançam entre 13,5m a 16,5m de comprimento. As fêmeas são ligeiramente maiores que os machos. Não possui nadadeira dorsal nem pregas ventrais e a grande cabeça é coberta por calosidades que abrigam crustáceos, como cracas e piolhos-de-baleia. Sua boca é grande e arqueada. A coloração é preta com manchas brancas no ventre. Possui de 205 a 270 pares de barbatanas que medem cerca de 2m de comprimento. As vocalizações incluem gemidos e estalos.
Como nascem - vários machos copulam alternadamente com uma só fêmea. A gestação dura cerca de 10 meses. As fêmeas dão à luz a um único filhote que ao nascer mede entre 4,5m e 6m. A amamentação dura aproximadamente um ano. O intervalo entre as crias é de 2 a 5 anos. Pouco é conhecido ainda sobre sua biologia reprodutiva.
Comportamento e hábitos - apresenta geralmente hábitos costeiros, chegando a poucos metros da arrebentação, o que pode dar a falsa impressão de que está encalhando. Devido a espessa camada de gordura seu nado é lento e elas podem ficar horas boiadas na superfície. No entanto, podem surpreender com saltos e batidas de nadadeiras. Geralmente, nada sozinha ou em pares de fêmea e filhote. Grupos maiores, de até 12 indivíduos, podem ser observados durante o período reprodutivo. São curiosas e se aproximam de embarcações. O borrifo tem a forma de "V" e pode alcançar até 3m de altura.
Alimentação - alimenta-se principalmente nos meses de verão no interior da Convergência Antártica. A dieta básica é constituída por krill e copépodes.
Identificação Individual - a forma, o tamanho e a disposição das calosidades na cabeça criam um conjunto único para cada animal ou seja, podem ser consideradas "impressões digitais". Algumas baleias identificadas na Península Valdés, Argentina (outra importante área de concentração na costa leste da América do Sul), já foram reavistadas no sul do Brasil. "Queixinho" uma baleia-franca-do-sul fêmea identificada e conhecida pelos pesquisadores do Projeto Baleia Franca desde 1995, foi reavistada em agosto desse ano com um novo filhote. Este fato principia a confirmar as suspeitas dos técnicos do Projeto de que as francas do Brasil seguem um padrão prioritário de reaparecimento em nossa costa a cada três anos, como já foi constatado para a Península Valdés. A presença de "Queixinho" na mesma região da primeira avistagem pode indicar uma fidelidade do local de ocorrência bem definida.
Inimigos Naturais - provavelmente as orcas (Orcinus orca) e os grandes tubarões (Família Carcharhinidae).
Ameaças - a baleia-franca-do-sul foi um dos principais alvos da caça baleeira, o que levou a uma drástica redução de suas populações. Em 1935, foi protegida da caça em todo o mundo através de acordos internacionais. Infelizmente, no Brasil, foi caçada em Santa Catarina até meados da década de 70 apesar de estar protegida. Por ter hábitos costeiros, é uma das espécies que sofre maior pressão antrópica, sendo constantemente molestada pelas embarcações. A poluição, a destruição dos habitats, o intenso tráfego de barcos e o enredamento acidental em redes de espera e de cerco constituem as principais ameaças. Colisões, principalmente de filhotes, com embarcações já foram registrados no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Rio de Janeiro. Casos de capturas acidentais em redes e baleias com pedaços de redes presos nos seus corpos, indicando possíveis enredamentos ou encontros com redes à deriva, foram constatados no Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro. Já foram observados ferimentos feitos por armas de fogo e instrumentos cortantes em exemplares encalhados no Rio Grande do Sul.
Status - encontra-se incluída na categoria Baixo Risco/Dependendo de Conservação (IUCN, 1996), está citada na Lista Oficial das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (IBAMA,1989) e Apêndice I da CITES.