MEIO AMBIENTE FÍSICO OU NATURAL

MEIO AMBIENTE FÍSICO OU NATURAL

O estudo do Meio Ambiente Natural, suas dinâmicas próprias e das inter-relações com os demais subsistemas do Meio Ambiente ajuda-nos a compreender a natureza e as dimensões dos impactos sofridos pelo conjunto de seus elementos.

No documento preparatório para a Rio 92, “Nossa própria agenda sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente” (BID/PNUD, 1991), foi apresentado um quadro sobre a situação ambiental da América Latina.


Participação nos elementos de Sistema
Dimensão
Temas Ambientais
Internacional

. Bacias hidrográficas e ecossistemas compartilhados

. Chuva ácida

. Destino final de resíduos tóxicos

. Guerras convencionais

. Segurança ecológica

Global

. Risco nuclear

. Aquecimento climático global

. Drogas

. Perda de biodiversidade

. Destruição da camada de ozônio

. Contaminação e exploração dos recursos dos oceanos

. Usos dos recursos da Antártida

. Usos do espaço exterior.


Pode-se observar que os principais temas apresentados no quadro acima possuem íntima relação com as ações antrópicas sobre os ecossistemas internacionais (da América Latina) e Globais (generalizadas para todo o planeta).

Para construir um painel de relacionamento do quadro 1.2 e o Meio Ambiente Físico, será apresenta uma abordagem panorâmica sobre os seguintes assuntos: Clima, Solos, Água, Flora e Fauna, Minerais, Energia e Resíduos.

  • Clima
Ao falar de clima, é referido fundamentalmente a um de seus componentes: a atmosfera.

A atmosfera é a camada gasosa que envolve a Terra, com altitude estimada superior aos 1.000 km. É composta de grande variedade de gases, sendo os mais importantes o oxigênio e o nitrogênio, e, conjuntamente, constituem 91% de seu volume, formando o ar.

Os seres humanos contaminam o ar com gases tóxicos. A poluição atmosférica é um dos problemas ambientais e de saúde humana, típicos das cidades e das zonas industrializadas. A qualidade do ar depende completamente da quantidade e natureza de substâncias geradas pela atividade humana, como os gases tóxicos e partículas orgânicas e inorgânicas em suspensão (poeira e alguns metais, como o chumbo).

O efeito estufa, causa do aquecimento da Terra e da modificação do clima, é um dos grandes problemas atmosféricos, tornando-se um tema prioritário a respeito do qual já estão sendo tomadas providências. Os Estados Unidos emitem 25% dos gases causadores de efeito estufa, motivo pelo qual, em 1993, lançou um plano para que no ano 2000 a emissão de gases estufa (principalmente CO2) fosse similar à do ano de 1990. O departamento de Energia dos Estados Unidos anunciou, no entanto, em outubro de 1997, que os gases estufa produzidos nesse país simplesmente não haviam diminuído, mas que aumentaram 8% desde 1990.

A chuva ácida, que é produzida pela atividade industrial, também se inclui como uma das ameaças ao meio aéreo; a emissão de compostos de enxofre na atmosfera pode diluir-se no vapor da água, formando pequenas gotas de ácido sulfúrico, o que provocará a chuva ácida. Este fenômeno não é um problema localizado, já que estas gotas podem depositar-se sobre solos que estão a muitos quilômetros de distância do ponto em que são originadas.

A contaminação dos espaços interiores é um tema específico no estudo da poluição atmosférica. A maior parte da atividade profissional, familiar, social e recreativa, que as pessoas exercem, ocorre dentro de espaços fechados, o que torna a concentração de substâncias poluentes maiores que em espaços fechados. Neste caso, aos contaminadores clássicos somam-se outros, como os óxidos de nitrogênio e CO2, emitidos por gás de cozinha, pelos escapamentos dos automóveis nas garagens, pelas partículas de fuligens provenientes dos veículos automotores, e que se introduzem dentro das casas, pelo fumo dos cigarros, e outras substâncias voláteis que aparecem em produtos de uso doméstico, como pinturas e aerossóis. A contaminação por amianto é uma das mais conhecidas, pois este material era amplamente utilizado na construção, até que se comprovou, na década de 60, que as emanações de suas fibras podiam provocar câncer.

  • Solo
O solo lembra-nos de imediato na cobertura da superfície terrestre. Solo, de acordo com o critério científico, é uma coleção de corpos naturais, que ocupa posições na superfície terrestre, os quais suportam as plantas, e cujas características são decorrentes da ação integrada do clima e da matéria viva sobre o material originário, condicionado pelo relevo, sobre períodos de tempo. Isto é, o clima e a matéria orgânica atuam modificando os solos através do tempo, decompondo as rochas e transformando a topografia.

Seguindo um critério prático, o solo é concebido como o meio natural onde se desenvolvem as plantas.

Os seres humanos podem fazer variados usos do solo. A atividade agrícola é em si benéfica para o solo; contudo, o prejuízo surge quando práticas inadequadas são realizadas, como o manejo inadequado de água para irrigação, que gera uma má drenagem e processos de salinização.

Ainda assim, a falta de manejo adequado dos solos, tem como conseqüência a ocorrência de processos erosivos. O aparecimento de fendas em lugares com declividade acentuada, assim como de aluviões, que são produzidos com a ocorrência de chuvas intensas e o assoreamento das margens dos riscos, são formas radicais de erosão.

Finalmente, o uso de terras agrícolas para outros fins, tais como a fabricação de materiais de construção (tijolos e acabamentos cerâmicos) e a edificação de infra-estrutura (residências, fábricas, edifício diversos, pavimentação de vias de transporte), é uma das formas mais nocivas de utilização dos solos cultiváveis.

O uso inadequado dos solos leva ao surgimento do fenômeno conhecido pelo nome de desertificação. Segundo dados das Nações Unidas, estima-se que a cada ano desertificam-se entre 6 e 7 milhões de hectares, ou seja, uma superfície equivalente ao triplo da ocupada pelo Estado de Sergipe. Do mesmo modo, uma extensão adicional de 20 milhões de hectares (área equivalente ao Estado do Paraná) se empobrece anualmente, até o ponto de tornar-se improdutiva para a agricultura e para a pecuária.

  • Água
A definição da água é mais difícil do que geralmente se supõe. Aparentemente simples, a água é um dos corpos mais complexos do ponto de vista físico e químico, pois é muito difícil obtê-la em estado puro, além de apresentar um maior número de anomalias em suas constantes físicas.

A água é a fonte de toda a vida. Os seres vivos não podem sobreviver sem água.

Todas as grandes civilizações nasceram ao redor da água. Não se conhece nenhuma civilização que tenha se desenvolvido em uma região desprovida de água. É por isso que, há milhares de anos, desde que a humanidade tem sido capaz de representar seus conceitos por símbolos gráficos, a água é dignificada.

A água renova-se no mundo dentro de um ciclo, conhecido como ciclo hidrológico. Com o calor produzido pela insolação, a água evapora-se dos mares e das águas continentais, chegando à atmosfera, onde forma nuvens que logo se precipitam. Uma vez sobre o continente, parte desta água escorre superficialmente (rios), enquanto o restante, em maior proporção, infiltra-se (águas subterrâneas) chegando desta forma novamente aos lagos, lagoas e oceanos, dos quais volta a evaporar-se.

A água exerce uma influência decisiva sobre os seres humanos e recursos naturais renováveis. Sua dinâmica natural influi sobre solos, plantas e animais, podendo causar deslizamentos e inundações como processos naturais. Porém, a água também tem sua dinâmica afetada pelas atividades humanas, que muitas vezes aceleram esses processos naturais.

Outro tipo de influência exercida pelas atividades humanas sobre a água é a sua contaminação. Assim, antes de chegar ao solo como chuva, pode ser contaminada com emissões gasosas, procedentes da indústria ou da combustão de veículos automotores; ou, já no solo, pelo lançamento de substâncias tóxicas ou resíduos líquidos ou sólidos, da indústria, da agricultura ou domésticos.

A contaminação das águas afeta tanto os animais como as plantas, implicando em grave problema ambiental. Até poucos anos atrás, a água era vista como um bem barato e inesgotável. Atualmente, esta visão teve que ser revista, pois compreendeu-se que para recuperar a água contaminada, o processo é difícil e oneroso.

Uma porcentagem demasiadamente elevada da população mundial não dispõe de água suficiente em quantidade e na qualidade desejada, o que afeta as necessidades hídricas dos cultivos, a capacidade de sobrevivência e permite a proliferação de doenças causadas pelo consumo de águas não tratadas por animais e pessoas.

Aproximadamente 71% da superfície de nosso planeta são cobertos pelos oceanos, os quais estão sofrendo uma constante degradação. Em todos os anos são despejados neles mais de 8 milhões de toneladas de petróleo, sendo que, segundo cifras da FAO, 44% dos locais de pesca sofrem processos de exploração intensiva, 16% são explorados em excesso, 10% dos arrecifes de corais se acham em estado irrecuperável e 30% estão em processo de degradação.

Para diminuir o impacto sobre o meio aquático, deve-se reduzir o despejo de resíduos, tratar as águas contaminadas antes de lançá-las aos cursos dos rios, e antes de serem consumidas; também devem ser potencializadas as técnicas de captação e armazenamento de água, assim como reduzir o desperdício.

  • Flora e Fauna
A flora e a fauna incluem todos os organismos vivos que se desenvolvem na biosfera. A flora é constituída pelo conjunto de espécie ou indivíduos vegetais, silvestres ou cultivados, que vivem ou povoam uma determinada região ou zona.

Os vegetais ou plantas, como habitualmente são chamados, são formas de vida que se pode agrupar, a princípio, em dois grandes grupos: plantas que têm flores visíveis, ou Fanerógamas (árvores, arbustos), e plantas sem flores visíveis, ou Criptogamas (samambaias, musgos, fungos, algas). Este grupo inclui a totalidade da microflora.

A flora inclui muitas espécies de valor econômico que são utilizadas para diversos fins: obtenção de madeira (florestas), pastagens (pastos naturais), medicina (plantas medicinais) etc. Lamentavelmente, a extinção ameaça atualmente aproximadamente 25.000 espécie de plantas.

Quanto às florestas, no mundo existem dois tipos principais que possuem valor econômico: as florestas homogêneas, compostas por um número limitado e uniforme de espécies, que se desenvolvem nas zonas temperadas dos hemisférios Norte e Sul; e as florestas tropicais úmidas, compostas por uma variedade de espécies de todo tipo e tamanho, que caracterizam a região equatorial do mundo.

Estas últimas são as florestas mais vulneráveis por estarem continuamente submetidas a um processo de desmatamento. Este processo é tão intenso que, segundo estimativas, só na América Latina ocorrem à metade do desmatamento realizado em todo o mundo. Sabe-se que a cada ano o mundo perde 11,3 milhões de hectares de florestas tropicais. As Florestas homogêneas ou temperadas não se livram da degradação, principalmente pelo efeito da chuva ácida.

Por outro lado, o desequilíbrio entre a produção e o consumo dos recursos naturais é evidente: um quinto da população mundial (América do Norte, Europa Ocidental, Japão, Austrália, Hong Kong. Cingapura) consome 80% dos recursos naturais. Entretanto, são nos 14 dos 17 países mais endividados do mundo, que se encontram as florestas tropicais. O resultado é um comércio de recursos naturais que são utilizados para pagar esta dívida. De fato, calcula-se que a subsistência de 300 milhões de pessoas está relacionada com as florestas.

A fauna é formada pelo conjunto de animais que povoam ou vivem em uma determinada zona ou região. Em nível global, fauna abrange todos os animais que existem desde que apareceu a vida na Terra.

Esta forma de vida apresenta-se, a princípio, em dois grandes grupos: os invertebrados, a forma mais primitiva, e os vertebrados, de evolução mais tardia. A principal diferença entre ambos é a presença de um eixo ósseo, que suporta o corpo do animal, nos vertebrados, e que não existe nos invertebrados.

Entre os vertebrados, são classificados os peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos. Entre os invertebrados, distinguem-se aqueles com membros articulados ou artrópodes (insetos, aracnídeos, crustáceos), os moluscos e esponjas.

A utilidade das espécies de fauna é múltipla, mas principalmente pode-se mencionar a domesticação de animais selvagens, que é fonte de alimentos, de produtos industriais e de produtos úteis para a agricultura.

A extinção ameaça, atualmente, mais de 1.000 espécies de vertebrados. Estas cifras não englobam o inevitável desaparecimento de animais menores.

A ameaça mais grave para fauna e flora é a degradação do meio ambiente físico através de sua substituição gradual por assentamentos humanos, portos e outras construções, contaminação com produtos químicos e resíduos sólidos, a extração descontrolada de águas e de recursos naturais, a pecuária, atividades pesqueiras e a caça indiscriminada.

Devido à super-exploração da pesca, atualmente acham-se consideravelmente esgotadas, pelo menos, 25 das mais valiosas zonas pesqueiras do mundo. Cinco das oito regiões, com maior número de reservas pesqueiras esgotadas, são regiões desenvolvidas (Atlântico do Noroeste, Atlântico do Nordeste, Mediterrâneo, Pacífico do Noroeste e Pacífico do Nordeste). No mar peruano, a pesca da anchoveta ocasionou seu colapso entre 1971 e 1978. Seu habitat foi ocupado pela sardinha, pela cavala, pelo bonito e pela merluza. A alteração ecológica trouxe como conseqüência um grave prejuízo econômico e ambiental.

Quanto aos animais terrestres, estes são caçados principalmente para a obtenção de carne e peles. O comércio internacional converteu-se em uma ameaça para muitas espécies, dada a exigência cada vez maior do mercado internacional pelas espécies raras da fauna. Este abuso ameaça 40% de todas as espécies de vertebrados em vias de extinção, representando o maior perigo que pesa sobre os répteis.

  • Minerais
Os minerais são corpos inorgânicos naturais, de composição química e estrutura cristalina definidas. Sua importância é grande por seus diversos usos na Indústria.

Constituem as matérias-primas ou recursos mais importantes para fabricar ferramentas da civilização. No total, há na crosta terrestre mais de 2.000 minerais distintos, que apresentam uma deslumbrante variedade de cores, formas e texturas.

Os minerais têm sua origem nas rochas, que não são mais que uma mistura complexa de minerais ou que, às vezes, são formadas por um só tipo de mineral. Há minerais metálicos e não metálicos.

Uma característica dos minerais é que são esgotáveis, ou seja, uma vez que são explorados não se renovam. O petróleo, o cobre, o ferro, o carvão natural etc irão se esgotar um dia. Por este motivo, é necessário utilizá-los com prudência, evitando seu desperdício.

Desde os tempos pré-históricos, os seres humanos souberam utilizar os minerais. O carvão natural serviu para o grande avanço industrial do século passado, alimentado as usinas e as máquinas a vapor. O urânio, atualmente, alimenta os reatores atômicos. Mas em todos os tempos, os minerais mais explorados foram os diamantes e o ouro.

A exploração e o uso irracional dos minerais encontram-se associados à poluição. Por exemplo, a eliminação de resíduos das minas, resulta em contaminação dos recursos hídricos; o uso do carvão natural está associado à poluição atmosférica.

Entre os principais minerais, encontram-se: o carbono (fundamento dos compostos químicos orgânicos, como exemplo, o petróleo), o ferro, o cobre, o urânio, o chumbo, o zinco, o alumínio, o ouro e a prata.

  • Energia
Constitui o recurso mais misterioso da natureza e está associado ao movimento. Em conjunto com a matéria, forma o mundo. A matéria é a substância; a energia, o móvel da substância, do universo. A matéria pesa, ocupa um lugar, pode ser vista ouvida, apalpada; a energia não é vista, somente são vistos seus efeitos.

Portanto, a energia só pode ser definida em função de seus efeitos, como a capacidade de efetuar um trabalho.

A energia manifesta-se de muitas formas em nossa vida diária. Assim temos: a energia mecânica, que corresponde a de qualquer objeto em movimento; a energia térmica ou do calor; a energia radiante, que é a gerada pelo Sol e pelas estrelas e por todo tipo de radiações; a energia química, contida nos alimentos e nos combustíveis, como o petróleo; a energia elétrica, que corresponde à eletricidade e aos imãs; e a energia nuclear, que mantém unidas as partículas dos átomos.

Uma particularidade da energia é que pode se transformar. Qualquer forma de energia pode ser convertida em outra. Um exemplo é o ciclo hidrológico; assim, a água dos mares ou dos lagos evapora-se e passa para a atmosfera graças ao calor produzido pela energia radiante proveniente do Sol. O vapor condensa-se em forma de nuvens e cai como chuva, neve ou granizo nas montanhas. Ao escoar, a água move as turbinas de uma usina hidrelétrica, transformando a energia mecânica em corrente elétrica que, ao ser conduzida pelos fios, aciona equipamentos eletrodomésticos.

Existem energias renováveis e energias não renováveis. Por exemplo, a energia radiante produzida pelo Sol, e que logo se transforma, é uma energia renovável. Mas a energia química produzida pela combustão do petróleo é uma energia não renovável, porque o petróleo pode se esgotar.

É por isto que a tendência moderna é pela utilização mais ampla das energias renováveis, fundamentando o desenvolvimento sustentável.

  • Resíduos Sólidos
As dificuldades geradas pela eliminação de resíduos sólidos constituem um problema não só de espaço, mas também de contaminação. Sua eliminação pode realizar-se mediante disposição em aterros sanitários, incineração, compostagem etc., mas, em qualquer caso, isto implica num custo econômico que deve ser assumido.

A reciclagem dos resíduos representa uma redução destes e um reaproveitamento dos recursos, pelo que deve ser potencializado, começando pela conscientização do cidadão e dotando as cidades das infra-estruturas necessárias. Em alguns casos, como na Alemanha, o grau de participação da população na coleta seletiva é tão alto que supera a capacidade de recuperação e reciclagem, pelo qual uma parte dos resíduos separados pelos cidadãos volta a ser misturada. Na Espanha, houve grandes avanços na coleta seletiva na última década, mesmo que ainda falte um longo caminho por percorrer.

Os resíduos tóxicos e perigosos constituem outro conflito; ao eliminá-lo depositando-os em recipientes de metal, projetados para tal fim, não se suprime todos os problemas, já que pode haver fugas em função da corrosão. O verdadeiro problema é seu despejo descontrolado, á que podem infiltrar-se e alcançar águas de riachos ou leitos, acumulando-se no solo e afetando a vegetação, ou podem se volatizar e serem inalados ou absorvidos pela população.
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