FLORESTA AMAZÔNICA E O SEU DESMATAMENTO


Floresta Amazônica
É a maior floresta tropical do mundo, com uma área aproximada de 5,5 milhões de km², dos quais 60% estão no norte do território brasileiro, nos estados do Acre, do Amazonas, do Pará, de Mato Grosso e do Maranhão. Sujeitas ao clima equatorial , extremamente úmido e com chuvas abundantes, suas matas se dividem em três tipos principais: o igapó, cujo símbolo é a vitória-régia; a várzea, rica em seringueiras, jatobás e palmeiras; e a mata de terra firme, onde as árvores alcançam até 60 m de altura. A floresta é vista como a maior reserva de diversidade biológica do planeta. Das 100 mil espécies de plantas existentes em toda a América Latina, 30 mil estão na região. A fauna também é muito rica, com destaque para tucanos, araras, cutias, pacas, beija-flores, esquilos e diversas espécies de répteis, anfíbios e insetos. A Amazônia abriga ainda a maior bacia hidrográfica do mundo, com extensão aproximada de 6 milhões de km². Hoje, a floresta registra uma perda de 13,31% de sua área original, em virtude da exploração econômica predatória das frentes de expansão agrícola e das madeireiras.Com o ciclo da borracha , no século XIX, a região viveu um surto de desenvolvimento urbano e modernização. Vivem ali, hoje, 17 milhões de pessoas, concentradas essencialmente nas grandes capitais - Belém (PA) e Manaus (AM). O extrativismo é uma importante atividade econômica para as comunidades locais de índios, seringueiros e ribeirinhos, que dependem dos seus recursos naturais. Atualmente, alguns estados têm investido também no ecoturismo

Desmatamento da Amazônia
A floresta Amazônica continua a ser uma das maiores do planeta. Atualmente, só a Federação Russa e o Canadá, no hemisfério norte, além do Congo, na África, possuem grandes extensões de matas primárias semelhantes. Quanto à biodiversidade, não há floresta no mundo comparável a ela. Com uma flora riquíssima - mais de 30 mil espécies de plantas -, que inclui um terço de toda a madeira tropical disponível no mundo, a Amazônia brasileira já perdeu 13,31% da mata original, o equivalente ao território da França. De acordo com relatório da ONG Amigos da Terra e do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), os estados do Pará, de Mato Grosso e de Rondônia lideram o ranking de desmatamento para extração de madeira. Os três estados compõem também a principal frente de colonização agrícola do país. A devastação repete um ciclo bem conhecido no Brasil. Os fazendeiros e colonos derrubam a floresta para plantar pastagens, vendendo as árvores cortadas às madeireiras. Estas, especialmente as que trabalham na clandestinidade, atuam como parceiras no processo de destruição, ao viabilizar o desmatamento nas propriedades rurais, embora também ajam isoladamente em várias áreas da floresta. Conforme estimativas do Ibama, órgão do governo brasileiro responsável por aplicar a política de preservação do meio ambiente, elas foram responsáveis pela abertura de mais de 3 mil km de estradas ilegais, nos últimos anos, só no sul do Pará. Ainda segundo o Ibama, atuam na região mais de 2 mil madeireiras, das quais 27 multinacionais, a maioria de origem asiática. O Greenpeace afirma que a atuação das madeireiras cresceu 25% na Amazônia em 1999, em virtude da desvalorização do real e da recuperação das economias do Sudeste Asiático. A ONG revela também que apenas 30% da madeira ilegal extraída na região consegue ser apreendida pelos fiscais do Ibama. Os levantamentos feitos pelo Inpe por meio de satélites mostram que, entre 1994 e 1995, foram desmatados na Amazônia 29 mil km²; em 1995/1996, esse índice cai para 18 mil km², atingindo 13 mil km² entre 1996 e 1997. No período seguinte (1997/1998), ele volta a subir, atingindo 17 mil km², e, segundo estimativas do instituto, deve manter-se estável entre 1998 e 1999. De acordo com o Inpe, o pico de desmatamento verificado em 1994/1995 pode ser explicado principalmente pela falta de fiscalização. Depois dele, as pressões das ONGs, inclusive internacionais, fizeram com que os números caíssem e se estabilizassem. Para o Inpe, no entanto, o ideal seria que esse número regredisse até os 12 mil km²/ano. No entanto, um estudo feito pelo Instituto de Pesquisas Ambientais da Amazônia (Ipam) e pelo Centro de Pesquisas Woods Hole (EUA) e divulgado em abril de 1999 mostra que esse índice de desmatamento pode ser ainda maior. De acordo com essa pesquisa, outros 10 a 15 mil km² da floresta são atingidos a cada ano, sem que possam ser detectados pelos satélites. A área desmatada na região, assim, poderia ser duas vezes maior do que apontam os números do Inpe. Segundo o Ipam, os dados do governo consideram apenas os chamados cortes rasos - que não deixam nenhuma árvore em pé -, não levando em conta as queimadas e a exploração seletiva da madeira. Outro levantamento feito pelo Inpe revela que cerca de 15% das áreas exploradas pelas madeireiras se integram depois ao sistema produtivo, sendo ocupadas por atividades agropecuárias, muitas vezes também ilegais. Além disso, em torno de 70% da área desmatada entre 1991 e 1996 encontra-se em locais próximos às estradas. Ela coincide justamente com os eixos do desenvolvimento abertos pelo Programa de Integração Nacional, ainda na época do regime militar, que continuam a ser explorados até hoje. Os projetos do governo federal para o assentamento de colonos efetuados nos últimos 30 anos ocuparam 261 mil km² da Amazônia Legal. Somados aos 60 mil km² loteados pelos programas de colonização dos estados amazônicos no mesmo período, chega-se a um total de 321 mil km² já desmatados. Diante das graves ameaças à floresta, o Ministério de Política Fundiária baixa, em outubro de 1999, uma portaria que proíbe a desapropriação de terras para fins de reforma agrária em locais de mata primária. Entretanto, a Amazônia ainda corre o risco de perder parte da vegetação para a cultura da soja, que nos últimos anos se tem difundido na região. Detentores de grande poder econômico, os plantadores de soja compram áreas já desmatadas, ocupadas atualmente por pastagens e outras culturas, para manter o ritmo de expansão agrícola. Os criadores de gado e os pequenos agricultores então se transferem para regiões ainda cobertas pela floresta, onde promovem mais desmatamento para continuar suas atividades. Em março de 1999, o Ministério do Meio Ambiente também estabelece uma medida para limitar a ação das famílias que vivem da agricultura na Amazônia. Segundo ela, cada família só poderá desmatar, no máximo, 3 ha/ano de florestas nativas para produção. Esse limite pode chegar a 5 ha, no caso das posses coletivas.
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