POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA E FONTES POLUENTES


1.1        DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS

A atmosfera é a camada gasosa que envolve a Terra, estendendo-se aproximadamente até 1.000 km a partir de sua superfície. As características físicas e a composição química da atmosfera variam radicalmente em relação à altitude, dividindo-se em vários extratos bem diferenciados e com características próprias. Á medida que aumenta a altitude, a densidade do ar vai diminuindo devido à menor força de atração que a Terra exerce sobre a atmosfera. Assim, 50% da massa total atmosférica encontram-se nos primeiros 5 km sobre o nível do mar.

1.2        COMPOSIÇÃO E ESTRUTURA QUÍMICA

A composição do ar não poluído não pode ser conhecida com exatidão, já que o homem vem poluindo-o durante milhares de anos. Todavia, pode-se identificar regiões onde o ar não tenha sido alterado de forma significativa, como nos pólos, desertos ou zonas remotas dos oceanos.
Pode-se considerar o ar, basicamente, como uma mistura de quatro gases: nitrogênio, oxigênio, argônio e dióxido de carbono. Porém, na hora de conhecer sua composição química exata, devemos levar em consideração seu teor de umidade, já que o ar seco chega a pesar 4% menos do que quando está em seu ponto de saturação. O vapor d´água é o vapor majoritário no ar. Se o ar está saturado, o vapor de água passa do estado gasoso para o líquido, condensando-se em superfícies frias por contato direto. Este fenômeno pode ser observado cotidianamente a cada manhã sob a forma de orvalho.
Quadro 5.1 – Composição química do ar seco
Constituinte
Porcentagem em massa
Nitrogênio
75,520
Oxigênio
23,140
Argônio
1,288
Dióxido de carbono
0,050
Neônio
1,267.10-3
Criptônio
3,30.10-4
Metano
1,1.10-4
Dióxido de nitrogênio
8,0.10-5
Hélio
7,2.10-5
Xenônio
39.10-6
Hidrogênio
3,0.10-6
A presença de vapor d´água é considerada desprezível acima dos 100 km de altitude.

1.3        CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A TEMPERATURA

Do ponto de vista da variação de temperatura, há uma divisão da atmosfera em função de regiões definidas como quentes ou frias.
A troposfera é a camada que está em contanto com a superfície terrestre e se estende até aproximadamente 10 km de altura. O vapor d´água, O CO2 , as impurezas de todo tipo acumulam-se na troposfera, principalmente nos primeiros três quilômetros. A diminuição da temperatura é de cerca de 6ºC por km ascendente.
Todos os fenômenos meteorológicos têm lugar na troposfera, pois nela se acumula praticamente toda a água atmosférica (75% do vapor d´água se distribui abaixo dos 4.000 m) originando os hidrometeoros, que determinam os aspectos essenciais do clima e absorvem as radiações de grande comprimento de onda emitidas pelo Sol e refletidas pela Terra, evitando desta forma a dispersão do calor para o espaço (este processo é conhecido como efeito estufa).
Próximo dos 10 km de altitude, a temperatura se estabiliza, mantendo-se aproximadamente constante numa região chamada estratosfera. O limite entre troposfera e estratosfera é conhecido como tropopausa e a partir dela os ventos aumentam consideravelmente com a altura. Esta região contém praticamente a totalidade do ozônio atmosférico, alcançando-se a máxima concentração no fim da estratosfera, na estratopausa, onde se produz uma nova inversão térmica.
Acima da estratopausa começa a mesosfera, onde a temperatura diminui pela combinação de dois efeitos: a diminuição da densidade do ar até tornar-se praticamente desprezível, e a diminuição paralela da pressão atmosférica.
Acima de 100 km, os gases constituintes da atmosfera são afetados pelos raios X e pelas radiações ultravioletas provenientes do Sol, provocando um aumento do movimento e da temperatura. Esta camada é conhecida como termosfera, ficando separada da mesosfera, que marca a inversão de temperatura.
A partir da termosfera, a atmosfera é composta somente por gases muito leves (O, H, He) procedentes da dissociação de suas moléculas e que acabam escapando para o espaço exterior devido à escassa atração que a Terra exerce sobre elas.

1.4        ORIGEM DOS POLUENTES ATMOSFÉRICOS

Define-se como poluente qualquer substância que se encontre na atmosfera em uma concentração superior à normal. A concentração não tem porque ser zero, pois o CO2, os óxidos nitrosos, o ozônio e o amoníaco são naturais constituintes do ar.
A origem dos poluentes tem três focos principais:
-         As emissões industriais, que geralmente ocorrem a determinadas altitudes do nível do solo, decorrentes da queima de combustíveis derivados de petróleo, fornos, caldeiras etc;
-         As emissões gasosas dos escapamentos dos automóveis, cuja origem localiza-se rente ao solo;
-         Outras fontes, tais como: incineração de resíduos sólidos; perdas por evaporação, em serviços petroquímicos; queima de combustíveis para aquecimento de edificações; queima de vegetação.
O número de substâncias emitidas por estas três fontes ultrapassa a cem, podendo ser classificadas, de acordo com o estado físico, em:
-         Gases e vapores orgânicos e inorgânicos, tais como óxidos de enxofre e de nitrogênio, hidrocarbonetos, ácidos etc.
-         Partículas sólidas em suspensão, de diâmetros de 0,05 μm as menores, até 20 μm as maiores, que servem como núcleos de condensação para os vapores atmosféricos: vapor d´água ou vapores orgânicos.
-         Vesículas líquidas que constituem os aerossóis.
Conforme a origem, são estabelecidos dois grupos bem definidos:
-         Poluentes primários: são aqueles diretamente gerados pela atividade humana ou pelos fenômenos naturais. Não sofrem nenhuma modificação química desde o momento que saem de seu ponto de emissão. São poluentes primários a água, os óxidos de enxofre e de nitrogênio (SO2 e Nox), os óxidos de carbono (CO2 e CO), os hidretos halogenados (HF), o amoníaco (NH3), os hidrocarbonetos leves como o metano (CH4), o etano (C2H6), o propano (C3H8) e as partículas sólidas e líquidas.
-         Poluentes secundários: originam-se a partir da reação química entre outros poluente, que podem ser primários ou secundários, ou com componentes naturais da atmosfera. São poluentes secundários o ozônio (O3) e os ácidos nítricos e sulfúrico.

1.5        NATUREZA DOS POLUENTES ATMOSFÉRICOS

1.5.1        Poluentes Sulfurados

a.       Óxidos de enxofre
A combustão de grandes quantidades de carvão de diversas qualidades e de óleos minerais gera a emissão para a atmosfera de milhões de toneladas de dióxido de enxofre (SO2), já que a estrutura química de todos estes produtos contêm enxofre em proporção variável, que pode chegar até 6%. Assim, se for tomado como exemplo uma fundição de cobre que trate cerca de 2.500 toneladas de um mineral enriquecido com 30% de enxofre a cada dia, durante o processo de transformação, chega-se a emitir à atmosfera umas 1.500 toneladas diárias de dióxido de enxofre.
b.      Outros Compostos sulfurados
O H2S é suscetível de reagir e de transformar-se em outros compostos sulfurados, que geralmente o acompanham. Estas substâncias caracterizam-se por apresentar um odor característico muito desagradável.

1.5.2        Poluentes Carbonados

a.       Dióxido de carbono
O dióxido de carbono encontra-se de, maneira natural, em elevada proporção na atmosfera (cerca de 1% da massa total do ar). Sem dúvida, é necessário incluir esta porcentagem no equilíbrio global da temperatura atmosférica, pois incide diretamente na quantidade de radiação devolvida à superfície terrestre pelas substâncias e partículas constituintes do meio aéreo. Sua importância é enorme, devido ao aquecimento progressivo que o planeta vem experimentando nos últimos anos e pelas conseqüências ecológicas que poderá gerar.
A principal fonte de CO2 são as combustões de qualquer composto orgânico. Sua formação aparece relacionada com inúmeras fontes de energia, como o petróleo e seus derivados (escapamentos dos automóveis, calefações, gás natural, entre outros), a combustão do carvão, da madeira etc.
b.      Monóxido de carbono
O monóxido de carbono (CO) aparece como subproduto da combustão de compostos orgânicos, geralmente hidrocarbonetos, em condições de oxidações incompletas, isto é, de escassez de oxigênio. Sua principal fonte são os gases dos escapamentos dos automóveis.
A emissão de CO é especialmente perigosa devido à sua grande toxicidade. O CO desativa, por inalação, uma parte da hemoglobina, deslocando o oxigênio, por seu maior poder de retenção, o que acarreta conseqüências nefastas para o organismo. A irrigação do cérebro, por não conduzir uma quantidade suficiente de oxigênio aos neurônios, resulta estéril, produzindo-se lesões cerebrais irreversíveis que podem causar a morte do indivíduo.
c.       Os hidrocarbonetos
A presença na atmosfera de hidrocarbonetos leves não é habitual, pois não são componentes naturais do ar. Estes provêm principalmente, como os demais compostos carbonados, da combustão incompleta da gasolina nos carburados dos automóveis, e da evaporação de derivados do petróleo nos grandes depósitos.
À medida que os hidrocarbonetos contêm mais carbono e menos hidrogênio formam-se substâncias sólidas, como as fuligens, que geram problemas de visibilidade.

1.5.3        Poluentes Oxigenados

a.       O Ozônio
O ozônio (O3) é um constituinte natural da atmosfera, mas encontra-se principalmente em camadas altas da estratosfera.
O ozônio é muito oxidante e reage facilmente com óxidos de nitrogênio e de enxofre. Assim, em baixas condições de poluição, O3 combina-se rapidamente como os hidrocarbonetos e desaparece.
O ozônio na estratosfera desempenha um papel importantíssimo para a vida na Terra. A conhecida camada de ozônio funciona como um manto protetor da Terra, absorvendo as radiações ultravioleta nocivas para os seres vivos. Intervém também no ciclo que segue a radiação solar, ao refletir na superfície terrestre, modificando a proporção de radiação que retorna à Terra a partir da atmosfera. Este efeito resulta num aquecimento adicional da Terra, podendo ter conseqüências irreversíveis para os ecossistemas.
Estudos científicos têm descoberto que os fréons e fluorcarbonetos, componentes de refrigeradores e sprays, são os maiores responsáveis pela crescente destruição da camada de ozônio. Estas substâncias são quimicamente bastante estáveis, de maneira que chegam à estratosfera sem sofrer modificações químicas até que ao encontrar-se com o ozônio, reagem com ele, destruindo-o.

1.5.4        Poluentes Nitrogenados

a.       Amoníaco
O amoníaco (NH3) encontra-se de maneira natural na atmosfera, porém em quantidades quase desprezíveis. Sua origem natural decorre das putrefações dos organismos. Quando se produz uma poluição amoniacal, significa que provenha de um escapamento numa instalação industrial que produz amoníaco ou que o utiliza como reagente em algum de seus processos. Sua presença no ar pode, sem dúvida catalisar outras reações, como a conversão de SO3 em ácido sulfúrico, atuando como poluente indireto ao favorecer a formação do smog ácido.
b.      Óxidos de nitrogênio
Os óxidos de nitrogênio aparecem na atmosfera a partir de fenômenos naturais como erupções vulcânicas ou tormentas. As grandes emissões de óxidos nitrosos provocadas pelo homem são provenientes da combustão interna dos motores de automóveis e das grandes centrais térmicas.
Do ponto de vista da toxicidade para a população, estes óxidos são altamente perigosos, devendo-se exercer em todo momento um exaustivo controle de seus níveis no ar. Não obstante, ainda que seus índices não sejam muitos altos, desempenham um papel muito importante na formação e desenvolvimento do smog oxidante.
c.       O ácido nítrico
O controle dos níveis do ácido nítrico (HNO3) é exercido sempre nas proximidades dos pontos emissores, já que tem como origem a indústria que o produz ou que o utiliza como reativo. Sua presença natural na atmosfera é nula.

1.5.5        Outros Poluentes

a.       Os compostos halogenados
As substâncias gasosas fluoradas aparecem na atmosfera como subprodutos não desejados lançados por diferentes tipos de indústrias metalúrgicas ou de produção de adubos e fertilizantes.
O flúor é um elemento muito abundante na Terra, quase sempre nos minerais em forma de fluoreto, de maneira que aparecerá como produto secundário em qualquer processo de transformação destes minerais. Por exemplo, costuma estar combinado com o fósforo nas jazidas, de maneira que as indústrias produtoras de fertilizantes que contêm ácido fosfórico, fosfatos de amônio etc emitirão compostos fluorados nos processos de calcinação ou de ataques ácidos. Fazem-se necessárias, então, instalações complementares que possam recolher estas emissões e evitar assim sua dispersão na atmosfera.
Outros poluentes halogenados importantíssimos da atmosfera são os compostos clorofluorcarbonetos (mais conhecidos como CFCs). Os CFCs permanecem na atmosfera durante mais de 100 anos e um só átomo de Cl pode destruir 100.000 moléculas de ozônio. Os CFCs provêm dos gases utilizados em aerossóis, dissolventes químicos, sistemas de refrigeração e de ar-condicionado, e na fabricação de materiais de espuma, isolantes de embalagens.
b.      O chumbo e seus derivados
A principal fonte de chumbo em zonas urbanas é a combustão de gasolina nos carros. Sua natureza geralmente é em formas de óxidos, ainda que também possa ser emitido como metal ou combinado com halógenos. Sua presença como aditivo nos carburantes exerce um papel antidetonante na combustão, controlando a força da explosão que ocorre nos cilindros de um automóvel.
O poder contaminante do chumbo fica demonstrado quando combinado com compostos orgânicos presentes na atmosfera, o que tem levado a sua substituição por outros antidetonantes na gasolina e à generalizada instalação de catalisadores especiais nos sistemas de carburação dos automóveis que funcionam com gasolina sem chumbo.
c.       Os Óxidos de ferro
A siderurgia é a principal fonte geradora de óxidos de ferro. O processo de queima do carbono presente no mineral original comporta, inevitavelmente, a reação do oxigênio com uma parte do ferro, formando-se óxido ferroso (FeO) e, sobretudo, óxido férrico (Fe2O3), que se dispersam pelas imediações dos fornos.
d.      Os Silicatos
As duas principais fontes de emissão de silicatos são as fábricas de cimento e as pedreiras. Os níveis de contaminação ao redor de uma fábrica de cimento são, em alguns casos, alarmantes: não somente pela deposição de pó brando por todo o seu campo de ação, mas também pela existência de partículas em suspensão menores, que não são vistas a olho nu, mas que afetam as zonas mais distantes.
A proliferação de fábricas de cimento obrigou a legislar-se os índices de poluição que geravam, o que contribuiu para a realização de um esforço considerável, no intuito de reduzir seus efeitos sobre a população e vegetação, ainda que não sejam suficientes.

1.5.6        As Partículas sólidas e líquidas

A origem das partículas sólidas em suspensão pode ser tanto industrial quanto doméstica. Geralmente, qualquer tipo de combustão produz poeira. A composição da poeira é muito variável, sendo determinada pela fonte que o gera. Contém majoritariamente substâncias inorgânicas se a combustão for completa. Todavia, também pode ser formada por componentes orgânicos ou por cristais de sulfato amônico, por reação de ácido sulfúrico e amoníaco, poluentes presentes na atmosfera.
Suas características físicas também variam muito. Existem poeiras microscópicas, que permanecem em suspensão indefinidamente, constituindo aerossóis de partículas sólidas e poeiras que podem chegar a alcançar um milímetro de diâmetro de partícula. Quanto menor for o diâmetro, mais prejudicial será a poeira para a saúde, pois seu poder de retenção no aparelho respiratório humano é maior.
As partículas sólidas geralmente vêm acompanhadas de microgotas de água que tenham se aderido a elas. Estes pequenos corpos sólidos atuam como núcleos de condensação que captam o vapor de água atmosférica formando aerossóis líquidos e sólidos. Cada microgota dá suporte aquoso a todo tipo de reação entre os outros elementos constituintes de uma atmosfera poluída, como a formação do smog ácido.

1.5.7        Os Odores

As indústrias responsáveis pelo aparecimento de poluentes fétidos no ar são geralmente aquelas que realizam reações de fermentação em seus processos de produção. Típicas geradoras de maus odores são as que utilizam dejetos animais e os vertedouros públicos. Esta poluição, ainda que menos perigosa, é muito desagradável para a população.
A detecção do odor pelo olfato humano é regulada pelas características da substância que o desprenda. Assim, existem compostos que para serem detectados devem encontrar-se em altas concentrações, sendo que alguns, apesar de serem extremamente tóxicos, são inodoros.

1.6        AS FONTES POLUENTES

Define-se como fonte poluente qualquer dispositivo ou instalação, estática ou móvel, que produza de forma contínua ou descontínua substâncias sólidas, líquidas ou gasosas, gerando uma modificação do meio natural.
Qualquer emissão na atmosfera, ainda que seja de substâncias que habitualmente a constituam, modifica sua composição alterando o equilíbrio físico e químico natural, podendo afetar a vegetação autóctone e, conseqüentemente, todos os ecossistemas presentes.
São fontes poluentes desde as grandes chaminés dos altos fornos ou centrais térmicas, até os gases desprendidos pela combustão do cigarro de um fumante.

1.6.1        Classificação das fontes poluentes

Pode-se fazer diferentes classificações conforme as características das fontes, e segundo o aspecto que se queira destacar dentre elas.
Considerando uma extensão que atinja todos os pontos de emissão, pode-se dividi-las em três grandes grupos.
-         Fontes pontuais: o problema da poluição em uma zona mais ou menos extensa pode ser atribuída às emissões localizadas em um determinado lugar, apresentando dimensões não muito grandes; da saída de uma chaminé até as emanações de um polígono industrial.
-         Fones lineares: este é o caso em que todos os pontos emissores descrevem uma linha, formando uma sucessão de fontes pontuais.
-         Fontes superficiais: quando as fontes pontuais estão instaladas em vários locais próximos, a poluição da atmosfera não pode ser atribuída a um só foco, mas a uma distribuição regular dos pontos emissores.
Esta classificação é utilizada para estudar os projetos das chaminés de indústrias químicas, petroquímicas ou centrais térmicas. Se a fonte é pontual, pode-se estudar a poluição como uma coluna de fumaças e vapores sujeita à direção e características do vento local. Este estudo também pode ser aplicado ao caso das fontes lineares. Para as superficiais, não é válido. Analisa-se por meio da execução de complicados sistemas de equações simplificadas mediante hipóteses.
Considerando-se a localização da fonte, é proposta uma segunda classificação:
-         Fontes estacionárias ou fixas: como o próprio nome indica, o foco ou zona emissora é um ponto estático.
-         Fontes móveis: neste caso, a fonte não está localizada em um lugar determinado, pois sua posição vai mudando constantemente.
Por último, pode-se classificar as fontes, segundo a origem, em naturais ou antrópicas.
-         Fontes naturais: a própria natureza emite grandes quantidades de poluentes na atmosfera por intermédio de fenômenos meteorológicos ou geológicos. Assim, são focos de poluição: os vulcões, os incêndios florestais, a erosão do solo e inclusive a fermentação anaeróbica de algumas bactérias.
-         Fontes antrópicas: são as provocadas pelo ser humano, de forma direta e por decorrência de sua atividade industrial e doméstica.

1.7        OS PROCESSOS POLUENTES

Define-se como processo poluente todo aquele que, por sua natureza ou pelos convencionais processos tecnológicos utilizados, constitui ou pode constituir uma fonte de poluição atmosférica.

1.7.1         Classificação dos principais processos poluentes

Existe uma grande variedade de poluentes atmosféricos procedentes de inúmeros processos de transformação em nível industrial ou doméstico.

1.7.1.1       Os processos de combustão

A combustão de derivados do petróleo, do carvão e do gás natural é uma das fontes de energia mais utilizadas na atualidade. A reação de combustão de hidrocarbonetos trata-se da simples injeção de ar sobre o carburente em questão para que reaja com o oxigênio mediante um processo exotérmico.
a.       Centrais Térmicas
As centrais térmicas são unidades transformadoras onde grandes volumes de carvão, de gás natural ou de derivados do petróleo são queimados para obtenção de energia elétrica. Classificam-se em dois grandes grupos: centrais de base e centrais de regularização. As primeiras costumam encontrar-se nas proximidades das fontes de combustíveis, já que utilizam combustíveis baratos; as segundas utilizam óleos minerais ou carvões da mais alta qualidade, motivo pelo qual são construídas próximas às zonas que as abasteçam.
O processo no qual de baseia o funcionamento de uma central térmica é a geração de energia através de grandes turbinas de vapor proveniente das combustões realizadas em uma caldeira central.
A composição dos gases de saída depende dos combustíveis utilizados:
-         Derivados de petróleo;
-         Carvão;
-         Gás natural.
b.      O tráfego rodoviário
Calcula-se que atualmente hajam mais de 500 milhões de veículos circulando em todo o mundo e que, somando globalmente todos os gases dos escapamentos deles, constituam-se numa das mais importantes fontes de poluentes (Greenpeace, 2000).
Os veículos automotores são responsáveis por quantidades superiores a 90% do monóxido de carbono; por entre 20-30% dos óxidos de enxofre e de material particulado, e por entre 70 e 90% dos hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio (Mota, 1999).
A composição química destas emissões inclui CO, óxidos de nitrogênio, hidrocarbonetos não consumidos, compostos de chumbo e de enxofre e pequenas partículas sólidas. Nos últimos anos, tem-se tomado consciência da importante contribuição destas emanações na deteriorização global da Terra, tomando-se medidas paliativas para as graves conseqüências que provocam. Uma delas é a substituição dos compostos do tipo tetralquilchumbo, aditivos da gasolina, por outros antidetonantes que não gerem poluentes compostos de chumbo. Outra medida tem sido a instalação de catalisadores que depurem os gases nos automóveis.
c.       Estações incineradoras
As estações incineradoras permitem a eliminação de resíduos, principalmente, os de natureza orgânica. Todos os materiais que chegam a uma incineradora são preparados antes de serem tratados. A seguir, os resíduos são queimados a temperaturas muito elevadas durante um determinado período de tempo para cada caso. A combustão permite gerar energia reutilizável na forma de eletricidade. Finalmente, na tentativa de minimizar sua ação sobre o meio ambiente, os gases são depurados antes de serem emitidos à atmosfera e as cinzas produzidas pelo processo depositadas em aterros controlados.
Todos os materiais residuais que por sua natureza possam ser incinerados seguirão esta forma de tratamento de resíduos.

1.7.1.2      Os processos nas indústrias siderúrgica e metalúrgica

A metalurgia inclui todo processo que permita extrair um metal de seu minério bruto e tratá-la posteriormente. Já a siderurgia baseia-se no tratamento e transformação do ferro, ou seja, em fundições ou na formação do aço. O processo global não somente gera poluição na fundição dos metais em grandes caldeiras, mas também são focos de poluição as etapas associadas à extração do metal das minas e pedreiras, seu transporte, seu armazenamento, a desagregação em pedaços menores e os tratamentos químicos finais.
As indústrias siderúrgicas geram grandes quantidades de gases que contêm praticamente todo o espectro de poluentes, dependendo das características particulares do ferro extraído da mina, que pode vir acompanhado por uma grande variedade de outros metais ou minerais na sua composição.

1.7.1.3      Os processos da indústria química

Nestes tipos de processos, as reações que ocorrem são de toda ordem, de modo que os poluentes produzidos são igualmente bem diversos. A maioria dos poluentes são gasosos, existindo pouca presença de partículas sólidas. Além dos poluentes de transformação, pode-se incluir poluentes mais elaborados e, conseqüentemente, de eliminação mais complexa, tais como:
-         Todo tipo de partículas sólidas e líquidas;
-         Outros derivados de enxofre: ácidos, sulfetos etc;
-         Todo tipo de derivados halogenados: cloretos, fluoretos, iodetos, brometos, compostos orgânicos etc;
-         Compostos aromáticos: derivados do benzeno etc;
-         Compostos que contêm metais pesados: chumbo, alumínio, ferro etc.

1.7.1.4         Os processos na construção

Qualquer processo relacionado com construção é um foco potencial de poluição. Assim, em pedreiras, indústrias de fabricação de produtos cerâmicos ou cimenteiras, é inevitável a deposição de partículas sólidas ou de fuligem pelos arredores, afetando a vegetação e provocando graves problemas respiratórios na população mais próxima.
São características as indústrias cimenenteiras, que costumam depositar uma típica poeira de cor esbranquiçada sobre as folhas das árvores e edificações. Esta poeira é rica em óxido de cálcio.

1.7.1.5         Os processos petroquímicos

Além da evaporação de inúmeros hidrocarbonetos leves, as operações de refino, de destilação, de transformação ou de transporte comportam a emissão de efluentes tóxicos e inflamáveis.
No petróleo, que é uma variada mistura de hidrocarbonetos, os componentes são separados em estações petroquímicas de acordo com suas características. A separação é realizada em função dos respectivos pontos de ebulição, ou seja, procede-se à destilação do petr óleo, alimentando-se as colunas com o material cru a uma determinada temperatura por meio de intercambiadores de calor. Finalmente, os produtos obtidos são tratados através de procedimentos físicos ou químicos para obter os derivados comerciais do petróleo que são aplicados nas áreas da drogaria, na fabricação de detergentes, na síntese de plásticos e borrachas, na produção de adubos, explosivos e solventes, nos corantes industriais etc.
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