O Que é a Agroecologia?

O Que é a Agroecologia?

O Que é a Agroecologia?Os defensores da Revolução Verde sustentam que os países em desenvolvimento deveriam optar por um modelo industrial baseado em variedades melhoradas e no crescente uso de fertilizantes e pesticidas a fim de proporcionar uma provisão adicional de alimentos as suas crescentes populações e economias. Mas, como analisamos anteriormente a informação disponível demonstra que a biotecnologia não reduz o uso de agroquímicos nem aumenta os rendimentos. Também não beneficia nem aos consumidores nem aos agricultores pobres. Dado este cenário, um crescente número de agricultores, ONGs e defensores da agricultura sustentável propõe que no lugar deste enfoque intensivo em capital e insumos, os países em desenvolvimento deveriam propiciar um modelo agroecológico que coloque ênfase na biodiversidade, na reciclagem de nutrientes, na sinergia entre cultivos, animais, solos e outros componentes biológicos, assim como na regeneração e conservação dos recursos naturais.

Uma estratégia de desenvolvimento agrícola sustentável que melhore o meio ambiente deve ter por base princípios agroecológicos e numa metodologia de maior participação para o desenvolvimento e difusão de tecnologia. A Agroecologia é a ciência que tem por base os princípios ecológicos para o desenho e manejo dos sistemas agrícolas sustentáveis e de conservação de recursos naturais, e que oferece muitas vantagens para o desenvolvimento de tecnologias mais favoráveis ao agricultor. A Agroecologia se baseia no conhecimento indígena e em seletas tecnologias modernas de baixos insumos capazes de ajudar a diversificar a produção. O sistema incorpora princípios biológicos e os recursos locais para o manejo dos sistemas agrícolas, proporcionando aos pequenos agricultores uma forma ambientalmente sólida e rentável de intensificar a produção em áreas marginais.

Estima-se que aproximadamente 1,9 a 2,2 milhões de pessoas ainda não foram atingidas direta ou indiretamente pela tecnologia agrícola moderna. Na América Latina a projeção era de que a população rural permaneceria estável em 125 milhões até o ano 2000, mas, 61 por cento desta população é pobre e a expectativa é de que aumente. As projeções para a África são ainda mais dramáticas. A maior parte da pobreza rural (cerca de 370 milhões de pessoas) vive em zonas de escassos recursos, muito heterogêneas e sujeitas a riscos. Seus sistemas agrícolas são de pequena escala, complexos e diversificados. A maior pobreza se encontra com mais freqüência em zonas áridas o semi-áridas e nas montanhas e ladeiras, que são vulneráveis desde o ponto de vista ecológico. Estas propriedades e seus complexos sistemas agrícolas se constituem em grandes desafios para os pesquisadores.

Para que beneficie aos agricultores pobres, a pesquisa e o desenvolvimento agrícola deveriam operar sobre a base de um enfoque “de baixo para cima“, usando e construindo sobre recursos disponíveis: a população local, seus conhecimentos e seus recursos naturais nativos. Deve se tomar muito a sério as necessidades, aspirações e circunstâncias particulares dos pequenos agricultores, através de métodos participativos. Isto significa que, desde a perspectiva dos agricultores pobres, as inovações tecnológicas devem:

• Economizar insumos e reduzir custos
• Reduzir riscos
• Ser adaptadas para as terras marginais frágeis
• Ser adequada aos sistemas agrícolas dos camponeses
• Melhorar a nutrição, a saúde e o meio ambiente

É precisamente devido a estes requisitos que a Agroecologia oferece mais vantagens que a Revolução Verde e os métodos biotecnológicos. As principais características das técnicas agroecológicas são:

• Têm como base o conhecimento indígena e a racionalidade do agricultor
• São economicamente viáveis, acessíveis e baseadas nos recursos locais
• São saudáveis para o meio ambiente e sensíveis desde o ponto de vista social e cultural
• Evitam o risco e se adaptam às condições do agricultor
• Melhoram a estabilidade e a produtividade total da propriedade e não só dos cultivos particulares

Há milhares de casos de produtores rurais que associados a ONGs e outras organizações, promovem sistemas agrícolas e conservam os recursos, mantendo altos rendimentos, adotando os critérios antes mencionados. Aumentos de 50 a 100 por cento na produção são bastante comuns com a maioria dos métodos de produção. Em alguns casos, os rendimentos dos cultivos que constituem o sustento dos pobres –arroz, feijão, milho, mandioca, batata, cevada– aumentam graças ao trabalho e ao conhecimento local mais que à compra de insumos caros, ademais de potencializar processos de intensificação e sinergia. Mais importante, talvez, que somente os rendimentos, é possível aumentar a produção total de forma significativa, diversificando os sistemas agrícolas, usando ao máximo os recursos disponíveis.

Muitos exemplos sustentam a efetividade da aplicação da Agroecologia no mundo em desenvolvimento. Estima-se que em torno de 1,45 milhões de famílias rurais pobres que vivem em 3,25 milhões de hectares optaram por tecnologias regeneradoras de recursos. Citamos alguns exemplos:

• Brasil: 200.000 agricultores que usam adubos verdes e cultivos de cobertura duplicaram o rendimento do milho e do trigo.
• Guatemala e Honduras: 45.000 agricultores usaram a leguminosa Mucuna, como cobertura para conservação do solo, triplicando os rendimentos do milho em ladeiras.
• México: 100.000 pequenos produtores de café orgânico aumentaram sua produção em 50 por cento.
• Sudeste da Ásia: 100.000 pequenos produtores de arroz que participaram de cursos para agricultores sobre MIP (manejo integrado de pragas) aumentaram substancialmente seus rendimentos, sem usar pesticidas.
• Quênia: 200.000 agricultores duplicaram seus rendimentos de milho usando sistemas agroflorestais, com base em leguminosas e insumos orgânicos.

www.megatimes.com.br
www.klimanaturali.org
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