O pedreiro-do-Espinhaço, ave encontrada na região central de Minas Gerais (Foto: Divulgação/Guilherme Freitas) |
Uma nova espécie de pássaro descoberta por pesquisadores na Serra do Cipó, conjunto natural localizado a 90 km de Belo Horizonte (MG), pode desaparecer da natureza antes mesmo que a ciência consiga dados sobre sua reprodução e população.
O pedreiro-do-Espinhaço (Cinclodes espinhacensis) foi visto
pela primeira vez em 2006 por um grupo de professores e estudantes de
doutorado em ecologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Mas sua descrição foi publicada pela primeira vez no início do mês na
edição do jornal “Ibis”, da União Britânica de Ornitólogos.
De acordo com a equipe de biólogos, inicialmente o
pedreiro-do-Espinhaço foi confundido com outra espécie de ave que vive
no Sul do país. A partir de análises de DNA, foi constatada a diferença
genética, o que indicou que a ave encontrada era uma espécie nova.
“Após os exames genéticos, procuramos confrontar dados com informações
de biólogos de várias partes do país, como a vocalização (canto das
aves), a coloração, tipo de plumagem e medidas do corpo”, afirma a
pesquisadora Lilian Mariana Costa, bióloga e doutoranda em ecologia pela
UFMG.
Segundo ela, o pássaro recebeu o nome de “pedreiro” devido a uma
característica incomum: diferente de outras aves, que constroem ninhos
em galhos de árvores ou dentro de troncos, a espécie “mineira” encontra
cavidades em rochas e ali deposita seus ovos.
Imagem da Serra do Cipó, em Minas Gerais, região onde o pedreiro-do-Espinhaço foi encontrado por pesquisadores (Foto: Divulgação/Lilian Costa) |
Distribuição
A Serra do Cipó está localizada dentro da cadeia montanhosa denominada Serra do Espinhaço, que se estende pelos estados de Minas Gerais e Bahia. A região fica a 1.500 metros acima do nível do mar, proporcionando um clima fresco e ideal para que este pássaro viva.
A Serra do Cipó está localizada dentro da cadeia montanhosa denominada Serra do Espinhaço, que se estende pelos estados de Minas Gerais e Bahia. A região fica a 1.500 metros acima do nível do mar, proporcionando um clima fresco e ideal para que este pássaro viva.
Porém, de acordo com Lilian, mesmo com a falta de dados sobre o número
de exemplares existentes no país, é possível afirmar que esta espécie
corre risco de desaparecer da natureza devido à pouca quantidade de aves
existentes e às ameaças que rondam sua população.
Os biólogos estimam que existam “pedreiros” em uma área de 500 km², o
equivalente a um terço do tamanho do município de São Paulo – índice
que é considerado baixo e preocupante.
Além disso, próximo às áreas onde eles são encontrados há queimadas
constantemente, que ocorrem ilegalmente na maioria das vezes, com o
intuito de abrir espaço para a criação de gado ou para a produção
agrícola. Mesmo sendo protegida por lei, a Serra do Cipó tem áreas que
não são abrangidas e sofrem com este tipo de degradação.
“Pelo pouco número de localidades em que essas aves foram encontradas, é
possível determinar que o pedreiro-do-Espinhaço está ameaçado de
extinção. Essa medição foi feita a partir de regras da União
Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em
inglês)”, disse Lilian. "Apesar disto, foi surpreendente encontrar uma
espécie tão próxima a Belo Horizonte", complementa.
A IUCN é responsável por elaborar a lista vermelha de animais em risco, a partir de informações sobre as espécies.
A IUCN é responsável por elaborar a lista vermelha de animais em risco, a partir de informações sobre as espécies.
Fonte: G1 Natureza