Ética Ecológica e o Paradigma Ecológico

Ética Ecológica e o Paradigma Ecológico

Ética Ecológica e o Paradigma Ecológico

Introdução a Ecologia

A palavra ecologia deriva de duas palavras gregas: oikós (= “casa”) e logos (= “estudo”). Assim, ecologia significa, literalmente, o “estudo da casa”. Em sentido mais amplo, pode-se considerar o termo “casa” como todo o ambiente terrestre; a palavra ecologia, então, passa a se referir ao “estudo do ambiente”.

Esse termo foi utilizado pela primeira vez em 1870, pelo biólogo alemão Ernest Haeckel, para designar o estudo das interações dos organismos entre si e com o meio ambiente. De fato, a Ecologia estuda os seres vivos acima do nível do organismo individual. Estuda a população, a comunidade,  o ecossistema, e a biosfera.

Já vimos que a população é um conjunto de indivíduos de uma mesma espécie que ocorrem juntos em uma mesma área geográfica. O termo comunidade ou biocenose refere-se ao conjunto de todas as populações que vivem em uma mesma área.

Sobre uma comunidade atuam permanentemente vários fatores físicos e químicos do ambiente, como a luz, a umidade, a temperatura, os nutrientes. Esse fatores são chamados biótopos ou fatores abióticos.

Os fatores abióticos, atuando sobre as comunidades (biocenose), formam um sistema ecológico ou ecossistema. A palavra ecossistema é, assim, um termo técnico para “natureza”.

O conjunto de todos os ecossistemas da Terra, ou seja, a camada da Terra que contém vida forma a biosfera.

Os ecossistemas podem ser considerados parcelas da biosfera. Podem ser de diferentes tamanhos, como, por exemplo, uma pequena lagoa ou o oceano todo, desde que haja intercâmbio de matéria e de energia entre seus elementos. A biosfera toda pode ser considerada um grande ecossistema.

A Ecologia é uma ciência que tem se desenvolvido muito e se torna cada vez mais importante nos dias atuais, uma vez que tem aumentado consideravelmente a interferência do homem sobre os ecossistemas. Essa interferência, em geral, provoca sérios desequilíbrios ecológicos. Por isso, é cada vez mais imperioso conhecer a estrutura e o funcionamento dos ecossistemas, a fim de se poder propor maneiras racionais de utilização dos recursos naturais sem provocar alterações ambientais drásticas que possam, ao longo do tempo, levar ao desaparecimento da vida.

Ética Ecológica e o Paradigma Ecológico
Definição e objeto de estudo

Ecologia é o ramo da Biologia que estuda os seres vivos e suas interações com o meio ambiente onde vivem. É uma palavra que deriva do grego, onde “oikos” significa casa e “logos” significa estudo.

A Ecologia também se encarrega de estudar a abundância e distribuição dos seres vivos no planeta Terra.

Importância 
Esta ciência é de extrema importância, pois os resultados de seus estudos fornecem dados que revelam se os animais e os ecossistemas estão em perfeita harmonia. Numa época em que o desmatamento e a extinção de várias espécies estão em andamento, o trabalho dos ecologistas é de extrema importância.

Através das informações geradas pelos estudos da Ecologia, o homem pode planejar ações que evitem a destruição da natureza, possibilitando um futuro melhor para a humanidade. 
 
Principais ramos 
Por se tratar de uma ciência ampla, a Ecologia apresenta vários ramos de estudo e pesquisa. Os principais são: Autoecologia, Sinecologia (Ecologia Comunitária), Demoecologia (Dinâmica das Populações), Macroecologia, Ecofisiologia (Ecologia Ambiental) e Agroecologia.
 
Você sabia?
No dia 5 de junho comemora-se  o Dia Mundial do Meio Ambiente e da Ecologia. Ecologia Ética Ecológica e o Paradigma Ecológico
A Ecologia é o estudo das interações dos seres vivos entre si e com o meio ambiente.

A palavra Ecologia tem origem no grego “oikos", que significa casa, e "logos", estudo. Logo, por extensão seria o estudo da casa, ou de forma mais genérica, do lugar onde se vive. Foi o cientista alemão Ernst Haeckel, em 1869, quem primeiro usou este termo para designar o estudo das relações entre os seres vivos e o ambiente em que vivem, além da distribuição e abundância dos seres vivos no planeta Terra.

A Ecologia divide-se em várias partes, tais como a Autoecologia, a Demoecologia e a Sinecologia.
Para que possamos delimitar o campo de estudo em ecologia devemos, em primeiro lugar, compreender os níveis de organização entre os seres vivos. Portanto, podemos dizer, que o nível mais simples é o do protoplasma, que é definido como substância viva. O protoplasma é o constituinte da célula, portanto, a célula é a unidade básica e fundamental dos seres vivos. Quando um conjunto de células, com as mesmas funções estão reunidas, temos um tecido. Vários tecidos formam um órgão e um conjunto de órgãos formam um sistema. Todos os sistemas reunidos dão origem a um organismo. Quando vários organismos da mesma espécie estão reunidos numa mesma região, temos uma população. Várias populações num mesmo local formam uma comunidade. Tudo isto reunido e trabalhando em harmonia forma um ecossistema. Todos os ecossistemas reunidos num mesmo sistema como aqui no Planeta Terra temos a biosfera.

O meio ambiente afecta os seres vivos não só pelo espaço necessário à sua sobrevivência e reprodução -- levando, por vezes, ao territorialismo -- mas também às suas funções vitais, incluindo o seu comportamento (estudado pela etologia, que também analisa a evolução dos comportamentos), através do metabolismo. Por essa razão, o meio ambiente -- a sua qualidade -- determina o número de indivíduos e de espécies que podem viver no mesmo habitat.

Por outro lado, os seres vivos também alteram permanentemente o meio ambiente em que vivem. O exemplo mais dramático é a construção dos recifes de coral por minúsculos invertebrados, os pólipos coralinos.

As relações entre os diversos seres vivos existentes num ecossistema incluem a competição pelo espaço, pelo alimento ou por parceiros para a reprodução, a predação de organismos por outros, a simbiose entre diferentes espécies que cooperam para a sua mútua sobrevivência, o comensalismo, o parasitismo e outras.

Da evolução destes conceitos e da verificação das alterações de vários ecossistemas -- principalmente a sua degradação -- pelo homem, levou ao conceito da Ecologia Humana que estuda as relações entre o Homem e a Biosfera, principalmente do ponto de vista da manutenção da sua saúde, não só física, mas também social.

Por outro lado, apareceram também os conceitos de Conservação e do Conservacionismo que se impuseram na actuação dos governos, quer através das acções de regulamentação do uso do ambiente natural e das suas espécies, quer através de várias organizações ambientalistas que promovem a disseminação do conhecimento sobre estas interações entre o Homem e a Biosfera.
A ecologia está ligada a muitas áreas do conhecimento, dentre elas a economia. Nosso modelo de desenvolvimento econômico baseia-se no capitalismo, que promove a produção de bens de consumo cada vez mais caros e sofisticados e isso esbarra na ecologia, pois não pode haver uma produção ilimitada desses bens de consumo na biosfera finita e limitada.

Breve História
Em 1906 a anarquista Emma Goldman criou a revista Mother Earth (Mãe Terra), uma das primeiras revistas ecologistas. A ecologia pode ser considerada como um estudo de todos os animais e todos os seres vivos existentes na terra, numa análise geral do seu estado.

Conceitos ecológicos importantes

• Indivíduo: é a unidade de vida que se manifesta. É um representante de uma espécie.

• Espécie: é o conjunto de indivíduos altamente semelhantes, que na natureza são capazes de intercruzarem, produzindo descendentes férteis.

• População: grupo de indivíduos de mesma espécie Genericamente, uma população é o conjunto de pessoas ou organismos de uma mesma espécie que habitam uma determinada área, num espaço de tempo definido

• Comunidade ou biocenose: conjunto de espécies diferentes que sofrem interferência umas nas outras.

Uma comunidade pode ter seus limites definidos de acordo com características que signifiquem algo para nós, investigadores humanos. Mas ela também pode ser definida a partir da perspectiva de um determinado organismo da comunidade. Por exemplo, as comunidades possuem estrutura trófica, fluxo de energia, diversidade de espécies, processos de sucessão, entre outros componentes e propriedades.

• Ecossistema é o conjunto formado por todas as comunidades que vivem e interagem em determinada região e pelos fatores abióticos que atuam sobre essas comunidades.

Funcionamento
A base de um ecossistema são os produtores que são os organismos capazes de fazer fotossíntese ou quimiossíntese. Produzem e acumulam energia através de processos bioquímicos utilizando como matéria prima a água, gás carbônico e luz. Em ambientes afóticos (sem luz), também existem produtores, mas neste caso a fonte utilizada para a síntese de matéria orgânica não é luz mas a energia liberada nas reações químicas de oxidação efetuadas nas células (como por exemplo em reações de oxidação de compostos de enxofre). Este processo denominado quimiossíntese é realizado por muitas bactérias terrestres e aquáticas. Dentro de um ecossistema existem vários tipos de consumidores, que juntos formam uma cadeia alimentar, destacam-se:

Consumidores primários
São os animais que se alimentam dos produtores, ou seja, são as espécies herbívoras. Milhares de espécies presentes em terra ou na água, se adaptaram para consumir vegetais, sem dúvida a maior fonte de alimento do planeta. Os consumidores primários podem ser desde microscópicas larvas planctônicas, ou invertebrados bentônicos (de fundo) pastadores, até grandes mamíferos terrestres como a girafa e o elefante.

Consumidores secundários
São os animais que se alimentam dos herbívoros, a primeira categoria de animais carnívoros.

Consumidores terciários
São os grandes predadores como os tubarões, orcas e leões, os quais capturam grandes presas, sendo considerados os predadores de topo de cadeia. Tem como característica, normalmente, o grande tamanho e menores densidades populacionais.
Decompositores ou biorredutores
São os organismos responsáveis pela decomposição da matéria orgânica, transformando-a em nutrientes minerais que se tornam novamente disponíveis no ambiente. Os decompositores, representados pelas bactérias e fungos, são o último elo da cadeia trófica, fechando o ciclo. A seqüência de organismos relacionados pela predação constitui uma cadeia alimentar, cuja estrutura é simples, unidirecional e não ramificada.

• Nicho Ecológico é o modo de vida de cada espécie no seu habitat. Representa o conjunto de atividades que a espécie desempenha, incluindo relações alimentares, obtenção de abrigos e locais de reprodução, ou seja, como, onde e à custa de quem a espécie se alimenta, para quem serve de alimento, quando, como e onde busca abrigo, como e onde se reproduz. Numa comparação clássica, o habitat representa o "endereço" da espécie, e o nicho ecológico equivale à "participação, ativa ou passiva, no ambiente".

• Redundância funcional - Em ecologia, o conceito de redundância funcional foi introduzido no âmago da discussão sobre a relação da diversidade com a estabilidade das comunidades biológicas.

Numa comunidade biológica, formada pelas espécies que interagem no e com o ambiente em um dado local, o número de espécies é uma forma de descrever sua diversidade e complexidade, muitas vezes denominada de riqueza de espécies ou biodiversidade. Uma discussão que ainda persiste entre os ecólogos é se comunidades com mais espécies são mais estáveis ou mais instáveis que comunidades com menos espécies. Uma questão importante seria qual a importância da diversidade? Ou ainda, qual a implicação do grande número de extinções que ocorrem nos ecossistemas e comunidades devido a mudanças climáticas e impactos causados pela humanidade? Nesta perspectiva, algumas espécies podem desempenhar papeis equivalentes num ecossistema (funcionalmente redundantes) e podem tornar-se localmente extintas sem causar perdas substanciais no funcionamento do ecossistema (Walker 1992, Lawton & Brown 1993). Entretanto modelos adaptados de Lotka-Volterra mostram incompatibilidade da redundância funcional com a coexistência das espécies (Lorreau 2004).

• Relações Ecológicas: Nas comunidades bióticas dentro de um ecossistema encontram-se várias formas de interações entre os seres vivos que as formam, denominadas relações ecológicas ou intera(c)ções biológicas. Essas relações se diferenciam pelos tipos de dependência que os organismos vivos mantêm entre si. Algumas dessas interações se caracterizam pelo benefício mútuo de ambos os seres vivos, ou de apenas um deles, sem o prejuízo do outro. Essas relações são denominadas harmônicas ou positivas.

Outras formas de interações são caracterizadas pelo prejuízo de um de seus participantes em benefício do outro. Esses tipos de relações recebem o nome de desarmônicas ou negativas.

Tanto as relações harmônicas como as desarmônicas podem ocorrer entre indivíduos da mesma espécie e indivíduos de espécies diferentes. Quando as interações ocorrem entre organismos da mesma espécie, são denominadas relações intra-específicas ou homotípicas. Quando as relações acontecem entre organismos de espécies diferentes, recebem o nome de interespecíficas ou heterotípicas.

• Ecótono é a região de transição entre duas comunidades ou entre dois ecossistemas. Na área de transição (ecótono) vamos encontrar grande número de espécies e, por conseguinte, grande número de nichos ecológicos.

"Transição entre duas ou mais comunidades diferentes é uma zona de união ou um cinturão de tensão que poderá ter extensão linear considerável, porém mais estreita que as áreas das próprias comunidades adjacentes. A comunidade do ecótono pode conter organismos de cada uma das comunidades que se entrecortam, além dos organismos característicos" (Odum, 1972). "Zona de transição que determina a passagem e marca o limite de uma biocenose à outra" (Dajoz, 1973). "Zona de transição entre dois biomas que se caracteriza pela exuberância dos processos vitais e mistura relativa de espécies circundantes. A estas características se chama efeito de borda" (Carvalho, 1981). "Zona de contato entre duas formações com características distintas. Áreas de transição entre dois tipos de vegetação. A transição pode ser gradual, abrupta (ruptura), em mosaico ou apresentar estrutura própria" (ACIESP, 1980). "Zona de contato ou transição entre duas formações vegetais com característica distintas" (Resolução n° 12, de 4.05.94, do CONAMA).

Exemplo: Matas de cocais - mata de transição entre o Bioma Amazônico e a Caatinga.

• Biotópo ou ecótopo (do grego βιος - bios = vida + τόπoς = lugar, ou seja, lugar onde se encontra vida) é uma região que apresenta regularidade nas condições ambientais e nas populações animais e vegetais, das quais é o habitat.

Para viver, a biocenose depende de fatores físicos e químicos do meio ambiente. No exemplo duma floresta, o biótopo é a área que contém um tipo de solo (com quantidades típicas de minerais e água) e a atmosfera (gases, umidade, temperatura, grau de luminosidade, etc.) Os fatores abióticos dum biótopo afetam diretamente a biocenose, e também são por ela influenciados. O desenvolvimento de uma floresta, por exemplo, modifica a umidade do ar e a temperatura de uma região.

• Biomas é uma comunidade biológica, ou seja, fauna e flora e suas interações entre si e com o ambiente físico: solo, água e ar.

Área biótica ou biótopo é a área geográfica ocupada por um bioma. O bioma da Terra compreende a biosfera. Um bioma pode ter uma ou mais vegetações predominantes. É influenciado pelo macroclima, tipo de solo, condição do substrato e outros fatores físicos), não havendo barreiras geográficas; ou seja, independente do continente, há semelhanças das paisagens, apesar de poderem ter diferentes animais e plantas, devido à convergência evolutiva.
Um bioma é composto da comunidade clímax e todas as subclímax associadas ou degradadas, pela estratificação vertical ou pela adaptação da vegetação.
São divididos em:

1. Terrestres ou continentais
2. Aquáticos

Geralmente se dá um nome local a um bioma em uma área específica. Por exemplo, um bioma de vegetação rasteira é chamado estepe na Ásia central, savana na África, pampa na região subtropical da América do Sul ou cerrado no Brasil, campina em Portugal e pradaria na América do Norte.

• Biosfera é o conjunto de todos os ecossistemas da Terra. É um conceito da Ecologia, relacionado com os conceitos de litosfera, hidrosfera e atmosfera. Incluem-se na biosfera todos os organismos vivos que vivem no planeta, embora o conceito seja geralmente alargado para incluir também os seus habitats.

O termo "Biosfera" foi introduzido, em 1875, pelo geólogo austríaco Eduard Suess. Entre 1920 e 1930 começou-se a aplicar o termo biosfera para designar a parte do planeta ocupada pelos seres vivos. O conceito foi criado por analogia a outros conceitos empregues para nomear partes do planeta, como, por exemplo, litosfera, camada rochosa que constitui a crosta, e atmosfera, camada de ar que circunda a Terra. Biosfera é o conjunto de todas as partes do planeta Terra onde existe ou pode existir vida. A biosfera é um tanto irregular, devido à escassez, ou mesmo inexistência, de formas de vida em algumas áreas. Os seus limites vão dos fins das mais altas montanhas até às profundezas das fossas abissais marinhas. Existe mesmo quem considere a Terra como um autentico ser vivo. A vida na Terra terá surgido há cerca de 3800 milhões de anos.

Antropocentrismo ou Biocentrismo?
ÉTICA ECOLÓGICA
Os problemas ecológicos avolumam-se, ameaçando com uma total catástrofe o sistema terra. Buracos na camada de ozônio, aumento gradativo da temperatura, desgelamento das calotas polares, mutações climáticas, desertificação de imensas regiões, desaparecimento crescente de espécies vegetais e animais são alguns dos problemas que ameaçam o ecosistema terra.

Cresce em contrapartida a consciência e a sensibilidade ecológica. Florescem Organizações não-governamentais (ONGs) que lutam pela ecologia. Criam-se fundos para a preservação de ecosistemas e para a proteção de espécies ameaçadas de extinção. Surgem parques de preservação e proteção ambiental. A preocupação ecológica recebe embasamento jurídico através de leis em defesa do meio ambiente. Os governos são pressionados a assumirem políticas ecológicas que englobem o fator natureza em seus planejamentos.

Os problemas ecológicos não dependem de uma simples solução técnica, reclamam uma resposta ética. Requerem uma mudança de paradigma na vida pessoal, na convivência social, na produção de bens de consumo e principalmente no relacionamento com a natureza. Exigem a necessidade de um cambio de rota na organização econômico-industrial e político-social da sociedade; de uma conversão das atitudes de consumo e de relacionamento com o ambiente natural e social. Trata-se, no fundo, de uma mudança de mentalidade e visão do mundo. A preocupação ecológica não traz apenas novos problemas que exigem solução, ela introduz  um novo paradigma civilizacional. A ecologia levanta críticas radicais à racionalidade moderna e ao sistema econômico capitalista.

O debate ecológico levanta questões fundamentais para ética. Discute o próprio ponto de partida e a abrangência dos sujeitos de consideração da ética. Assim foram surgindo enfoques antropocêntricos ou biocêntricos na discussão ética da ecologia. Uns partem de que o ser humano detém um protagonismo no mundo. Buscam a solução para os problemas ambientais na perspectiva do papel central do ser humano em relação à natureza. Outros defendem que o ser humano é apenas um elemento a mais no ecosistema da natureza, um elo ao lado de outros na cadeia de reprodução da vida. Por isso, o protagonismo pertence à vida. Para estes a crise ecológica precisa ser equacionada numa perspectiva biocêntrica.

Desta maneira foram-se perfilando duas grandes tendências de ética ecológica que se excluem entre si. Uma que tem como ponto de partida o ser humano em sua postura ética. Defende que não existe ética sem antropocentrismo, pois somente o ser humano pode agir moralmente e tomar decisões. A ética ecológica é interpretada a partir do que comumente se entende por ética como saber da prática. A postura biocêntrica parte do ponto de vista da ecologia como conhecimento e prática de preservação do meio ambiente. Essa tendência compreende a ética a partir do paradigma da ecologia. Esse paradigma pretende revolucionar a ética, porque supera a concentração antropocêntrica de toda ética ocidental. Apresenta-se como a única postura coerente de defesa da natureza e preservação do meio ambiente. A primeira acentua a ética e a segunda a ecologia ao elaborarem sua proposta de ética ecológica.

Antropocentrismo ou biocentrismo? É possível sair deste impasse da ética ecológica? Existem questões de fundo não explicitadas, dificultando o debate. É um fato que a ecologia como paradigma veio para ficar e significa uma mudança de mentalidade e visão de mundo. Qual é o tipo de ética apropriado para a discussão ecológica? Quando se fala de que é necessário superar a postura antropocêntrica de que ser humano se está falando?

Outra dificuldade do debate é o próprio contexto em que se desenvolve: primeiro mundo moderno e abastado. Como aconteceria essa discussão num contexto de terceiro mundo excluído onde impera a fome, a injustiça e a opressão. A controvérsia apareceria sob nova luz, ajudando a vencer o impasse. A partir da pobreza e da injustiça, humanidade e vida não se opõem. A preocupação ecológica precisa ser equacionada com a construção de uma sociedade justa e igualitária, onde a vida em sentido amplo é valorizada e preservada.  

Ética Ecológica

Tendências atuais de Ética Ecológica 

A preocupação e a sensibilidade ecológicas surgiram como reação a uma mentalidade predatória diante da natureza. Os recursos naturais estão à disposição do desfrute ilimitado do ser humano. O dever moral é utilizar para proveito imediato e o mais rapidamente possível o máximo de recursos naturais disponíveis. É a ética que acompanha e justifica a conquista de terras selvagens e a sua colonização e exploração em vista do lucro e do enriquecimento. É a mentalidade que inspirou a ocupação do território brasileiro desde a chegada dos portugueses e continua até os dias de hoje. A busca de novas terras para a mineração e a agricultura chegou aos últimos rincões do Brasil durante os últimos dois séculos, motivada pela ideologia do progresso, explorando os recursos naturais pela técnica e dominando a natureza para construção da civilização. Esse processo sócio-econômico e cultural foi causado e motivado pelo capitalismo. Os efeitos de injustiça social e destruição da natureza estão patentes e despertam reações no sentido de uma mudança de paradigma.

O ponto de partida da ideologia do progresso é o mito da sobre-abundância  da natureza; a crença no caráter ilimitado dos seus recursos e a surrogabilidade daqueles exauríveis; a total confiança na produção intensiva, no incremento do consumo e no poder da técnica para resolver os problemas ambientais. O ser humano concebe-se como dono absoluto dos recursos naturais e como “prometeu” na aventura de dominar a natureza entendida como caos ao qual é necessário colocar ordem. Mas essa ordem imposta mostrou-se como total desordem, porque desestruturou o equilíbrio ambiental responsável pela reprodução da vida. Esse antropocentrismo exagerado expressa-se como ética do chovinismo humano.

A discussão ética no âmbito da ecologia surgiu como resposta a esse contexto e como reação a uma mentalidade predatória da natureza. As posições subdividiram-se em duas tendências: uma mais mitigada caracterizada por  um antropocentrismo débil e outra mais radical inspirada por um ecologismo biocentrista.

Antropocentrismo débil ou mitigado
Diferentemente de sua versão exagerada e chovinista, admite a existência de deveres humanos, ao menos indiretos, em relação à natureza ou de uma responsabilidade dos humanos pelos recursos naturais diante das gerações futuras.  Defende a determinação de limites e regras para a intervenção na natureza e o uso de seus recursos para o bem do próprios seres humanos. Por isso os critérios para as restrições são os interesses, as necessidades ou preferências humanas e não tanto a natureza em seu equilíbrio e harmonia.

De acordo com o tipo de interesses humanos podemos ter éticas de conservação e éticas de preservação da natureza. As primeiras estão interessadas em conservar os recursos naturais, porque eles são limitados e as gerações futuras também tem direito a eles. A natureza deve ser protegida para satisfazer as necessidades materiais do ser humano. As segundas querem preservar a natureza para o crescimento humano e interiorização espiritual. Ela deve ser tutelada da intervenção destrutiva do homem para satisfazer as necessidades humanas que ultrapassagem os interesses materiais, ideais de aprofundamento humano e espiritual.

Éticas conservacionistas
As éticas de conservação podem assumir o modelo do “bote salva-vidas” de G. Hardin. Diante da crise ambiental compara a terra a um mar tempestuoso com botes salva-vidas. Os países ricos são botes com poucas pessoas e os países pobres, botes com sobrecarga de gente, querendo embarcar nos botes ricos. Esses não têm condições de acolher a sobrecarga, porque o bote irá afundar e todos perecerão. Por isso é necessário tomar medidas coercitivas que limitam as nações ricas em seu consumo e as nações pobres em sua população. Trata-se de medidas drásticas que atingem a todos. É uma proposta que tenta pensar a humanidade como um todo, visando a sobrevivência da espécie humana. Não toma em consideração a preservação do ecosistema da terra. Busca a sobreviência da civilização e não da biosfera natural.

Outro modelo é o da “nave espacial”de K. Boulding. Considera a terra como um sistema fechado, finito e auto-reprodutor. A terra é uma nave espacial, onde natureza e seres humanos estão intimamente relacionados. Um incidente na nave põe todos em perigo. Não se pode sacrificar a estabilidade e integridade do nosso meio de transporte, a nave terra, com a satisfação de interesses privados. Por isso é necessário criar as condições para chegar a consensos que submetem as preferências dos indivíduos aos interesses do ecosistema terra. Diferente da primeira que é deontológica, esta é utilitarista porque tenta maximizar os benefícios em parte empíricos, mas também valorativo-espirituais.

Éticas preservacionistas
As éticas de preservação apontam para valores não materiais da natureza. A natureza pode ter antes de mais nada um valor científico, pois fornece conhecimentos de valor inestimável para a pesquisa da verdade, para encontrar a natureza ideal ou a excelência moral a perseguir, para fornecer normas ideais de comportamento. O estudo da natureza possibilita a formulação de uma ética natural.

A natureza tem além disso um valor estético-espiritual, porque transforma o ser humano, ocasionando experiências de valor e sentido para a vida, de prazer e fruição estética, de recolhimento espiritual, de pacificação interior,  de formação pedagógica, de sensibilização ecológica.

As éticas que privilegiam significados ideais da natureza não se preocupam tanto com normas, mas pelo tipo de pessoa que se quer ser ou da personalidade moral que se quer fazer suscitar. Preocupam-se com contextos embebidos de valores, com um ethos prático formador do caráter moral da pessoa. Trata-se, em última análise, de éticas da virtude.

Um primeiro modelo vê a importância da proteção da natureza em vista da formação e consolidação da identidade civil e cultural de um grupo nacional. Essa identidade não depende apenas de iniciativas econômicas e políticas, mas de símbolos que se escolhem e abraçam. Símbolos podem ser tradições culturais, jurídicas e políticas, mas também elementos da natureza. Uma nação pode identificar-se por uma montanha, um rio, uma floresta, uma árvore, um animal etc. O tipo de configuração natural e geográfica de um país faz parte do sistema de orientação simbólica de um povo. Por isso é importante preservar a natureza e criar atitudes de defesa e apreço em relação a ela.

Outro modelo parte da importância do conhecimento da natureza para a formação do caráter moral dos seres humanos. Conhecer a natureza não é apenas um fato puramente intelectual, mas leva a uma redefinição em relação a si mesmo e ao mundo. Trata-se de um valor transformativo da natureza e não tanto de seu valor intrínseco. Por valor transformativo entende-se a capacidade do conhecimento da natureza de corrigir preferências irreflexas e imediatas em decisões esclarecidas. A ecologia como ciência é um exemplo dessa capacidade de chegar a decisões adequadas ao meio ambiente, porque vê o ser humano fazendo parte de uma comunidade biótica e dependendo dela para sua sobrevivência. Ensina a conhecer os níveis de interdependência dos diferentes elementos de um ecosistema, preservando o equilíbrio e prevendo conseqüências de uma intervenção humana. Assim o conhecimento ecológico ajuda a esclarecer preferências e a fundamentar decisões éticas.

Um terceiro modelo privilegia a fruição das belezas naturais, sublinhando a conexão entre a preservação do belo natural e o aperfeiçoamento do caráter moral. Defende um valor intrínseco da natureza e não apenas simbólico. A harmonia e o equilíbrio das belezas naturais deve ser protegido por si mesmo e não por seu valor instrumental. Embora não sendo experimentado esteticamente merece tutela moral enquanto tal. Essa preservação possibilita mais qualidade humana aos seres humanos. Faz uma analogia entre o belo artístico e o belo natural na criação de um mundo melhor e na elevação moral e espiritual dos seres dotados de consciência.

O último modelo prega uma mutação da “gestalt” e uma ultrapassagem da ética.  Não pretende elevar e estender a sensibilidade moral do ser humano, mas modificar o modo de viver e sentir em relação ao meio ambiente. Não visa chegar a um ser humano melhor e moralmente superior, mas a um ser humano novo e diferente que tem com a natureza uma relação emotivo-afetiva, mais do que ético-civil, ético-intelectual ou ético-estético como acontece com as anteriores. Por isso designa-se como ecologia profunda (Deep Ecology) em relação às demais tidas como superficiais. É defendida pelo filósofo norueguês Arne Naess. Trata-se de uma superação da ética e uma reestruturação dos paradigmas cognitivos, comportamentais e afetivos com vistas a um alargamento e mutação da sensibilidade humana.

A ecologia profunda defende que não se pode reduzir a crise ambiental a um puro conflito ético, pois se trata da necessidade da mudança de paradigmas conceituais e de “gestalt” na percepção e configuração do mundo. É necessário uma mutação no modo de perceber o mundo e de captar o lugar do ser humano no mundo. Portanto, não se trata de uma ética no sentido de elaboração de normas e imperativos, mas de uma total conversão e excelência moral. O modelo de ser humano “egoico”, compreendido como indivíduo isolado e separado do mundo, transformando a natureza em objeto que se encontra ao seu dispor, cria patologias ambientais correspondentes a patologias psicológicas, pedagógicas e sociais. É necessário superar a concepção do ser humano como espécie dominante e separada do mundo, espoliando-se do seu isolamento e colocando-se no ponto de vista de todos. Trata-se de assumir o ponto de vista holístico, adotando formas transpessoais em suas atitudes frente a natureza. Assim surge um ser humano “ecoico” em vez de “egoico” que se compreende essencialmente como um ser em relação.

O modelo de ecologia profunda preocupa-se com uma mutação radical do paradigma de percepção do ser humano. Por isso, ainda se encontra entre as éticas ecológicas que tem o ser humano como ponto de partida. Mas, ao mesmo tempo, ela abre para o seguinte conjunto de éticas que privilegiam a vida como enfoque para a construção do discurso ético.

Biocentrismo.
As tendências antropocêntricas defendem a responsabilidade do ser humano para com a natureza (for the nature), enquanto que as biocêntricas, deveres diante da natureza (to the nature). Em outras palavras, a natureza é sujeita de direitos. Falam de deveres diretos e não apenas indiretos para com o meio ambiente. São críticos das posições antropocêntricas, postulando um valor intrínseco para a natureza e rejeitando uma diferença de tratamento entre seres humanos e não humanos.  

Existem dois tipos de tendências éticas anti-antropocêntricas: umas que privilegiam entidades individuais (biocentrismo mitigado), outras que acentuam totalidades e processos naturais irredutíveis aos seus componentes (biocentrismo global).

Biocentrismo mitigado.
Defende que entidades individuais detentoras de vida e de sensações merecem a tutela moral, porque são sujeitos de direitos. O primeiro modelo é defendido por T. Regan. O ponto de partida é que todo sujeito de vida merece consideração moral. Sujeito de vida é aquele ser que possui um “ponto de vista” sobre a sua própria vida em base a qual a vida em suas sensações pode aparecer melhor ou pior para quem a vive, independente dos significados de utilidade para os outros. Quem possui esse ponto de vista é depositário de valor inerente e titular de direitos inalienáveis, não podendo sofrer alterações e interferências  no curso da sua vida. Sujeitos de vida exigem respeito por razão de justiça e não por motivos de compaixão. Não podem ser reduzidos a puros objetos. Ter um ponto de vista significa para Regan  possuir identidade psico-física, ter capacidade de desejos e atuar com objetivo. Nessa categoria entram os mamíferos de um ano de vida.

Outro modelo é o da capacidade de sentir dor e prazer patrocinada por P. Singer. Defende que o fato de experimentar sofrimento é digno de consideração moral. É imoral infligir sofrimento em todo ser vivo que sente dor. O que determina que um ser seja digno de consideração moral não é, segundo Singer, sua capacidade de falar, de ter consciência e razão ou outras competências cognitivas superiores, mas apenas a capacidade de sentir dor e prazer. Aplica-se aqui a moral da regra de ouro: “tratar os outros como gostaria de ser tratado”. O sofrimento de qualquer ser deve ser avaliado à luz do próprio sofrimento. Trata-se de estender a proteção contra o sofrimento deliberadamente provocado aos mamíferos superiores.

Tanto T. Regan quanto P. Singer estão engajados na “Animal Liberation”. O primeiro reporta-se à teoria dos direitos, concebendo os animais superiores como sujeitos de vida detentores de autonomia e identidade; o segundo, ao contrário, inspira-se no utilitarismo clássico, vendo-os como receptáculos de sensações de prazer e dor. A aplicação da categoria de sujeitos morais e respectivamente de direitos fundamentais aos animais superiores é problemática como veremos mais abaixo.

O terceiro modelo veiculado por P. W. Taylor amplia a consideração moral, incluindo os seres biologicamente organizados e não apenas os que tem sensações e preferências de bem estar. Merecem tutela todos os centros teleológicos de vida. Refere-se a organismos individuais viventes que têm certas características (células, funcionamento, relações com outros organismos) e ritmos próprios de crescimento e desenvolvimento. A posição de Taylor é radicalmente biocêntrica,  tutelando todo organismo vivente não apenas enquanto centro teleológico de vida, mas como ser particular em sua individualidade e irrepetibilidade. Trata-se de dar igual consideração a todos viventes na sua insubstituibilidade e unicidade, tutelar cada ser vivo como fim em si mesmo e não como meio. Taylor não chega a uma posição mais global, protegendo ecosistemas e a biosfera como um todo. Essa posição individualizada dos seres vivos é totalmente inviável e problemática para uma visão ecológica.

Biocentrismo Global.
Essas tendências são fortemente anti-antropocêntricas e holísticas, não tentando fazer analogias entre humanos e não humanos para defender suas posições como acontece com o biocentrismo mitigado, quando este fala de sujeito moral ou de  direitos de seres individuais. Parte de conhecimentos científicos da ecologia, do reconhecimento da natureza como um conjunto interdependente e do lugar do ser humano nesse conjunto para chegar a normas em relação meio ambiente. Defende que são meritórias de consideração moral não tanto entidades individuais, mas os conjuntos sistêmicos (ecosistemas, biosfera, cadeias alimentares, fluxos energéticos).

Um primeiro modelo valoriza a vida enquanto tal, não como propriedade de entidades individuais, mas de totalidades complexas e estruturais e de processos bióticos. A vida é um processo de tipo global não redutível ao valor dos organismos singulares. A vida dos indivíduos depende dos fatores que possibilitam a reprodução da vida nos ecosistemas. Nesse conjunto interdependente de condições bióticas pulsa a vida através de inter-relações que equilibram os processos vitais. Os próprios ecosistemas detém vida pelo equilíbrio de suas cadeias alimentares e fluxos energéticos.

Esse modelo do valor da vida inspira-se  na “Ética do respeito à vida” do teólogo luterano e missionário na África Albert Schweitzer. Ele defende uma moral de solidariedade e de simpatia a toda forma de vida (humana ou não humana) na qual se encontra a “vontade viver”. Essa pulsa em toda terra, infundindo a todo ser vivente uma aura de sacralidade. A “vontade viver” é um continuum indiferenciado no qual não existem distinções entre formas mais altas e mais baixas de vida. O princípio do respeito à vida (Prinzip der Ehrfurcht vor dem Leben) expressa-se numa frase que se tornou paradigmática da ética de Schweitzer: “Eu sou vida que quer viver em meio à vida que quer viver” (“Ich bin Leben das leben will inmitten von Leben das leben will”). A vida é o dinamismo sagrado que pulsa em toda natureza. Por isso tudo o que tem vida é moralmente relevante e deve ser respeitado. Schweitzer defende um tipo de ética da sacralidade e respeito à vida comparável às religiões hinduístas. 

Johnson e Goodpaster apresentam uma versão secularizada da ética da sacralidade da vida de Schweitzer. O discurso ético tem uma inspiração e fundamentação mais biológica e ecológica. Substituem a “vontade de viver” pelo “interesse de bem estar” dos seres vivos. Por serem entidades de bem estar, os seres vivos não dependem de um juízo de valor humano, mas de um dado constitutivo da realidade vivente. Interesse de bem estar tem aquelas realidades com unidade orgânica e auto-identidade. Engloba tudo aquilo caracterizado por processos auto-referenciais ou auto-centrados e regulado por esquemas homeostáticos de ação e retroação. Interesses de bem estar não é algo que se tem, mas se é. Deixar de ter interesses de bem estar é deixar de ser, pois o que é funcional para a existência do ser vivo faz parte de sua natureza. A vida é o próprio funcionamento. Os seres viventes tem interesse em manter-se no processo biológico da vida em desenvolvimento, pois ele faz parte da sua natureza. Têm interesses de bem estar tanto as entidades quanto os sistemas.

Outro modelo de Ética biocêntrica global é a assim chamada “Ética da Terra” (Land Ethic) proposta em 1949 pelo americano Aldo Leopold, estudioso de ecologia da Universidade de Wisconsin. Ele era um estudioso de biologia e por isso mais influenciado por Darwin do que por Kant e Bentham inspiradores dos principais paradigmas éticos modernos. O paradigma biológico de Leopold parte do altruísmo e não do egoísmo. Os seres humanos são ligados aos seus semelhantes por sentimentos de simpatia que Hume e Smith chamaram de sentimentos morais. Se isto vale de uma comunidade humana, pode-se despertar esses mesmos sentimentos em relação a uma comunidade ecológica. Esse é o ponto de partida da “Ética da Terra” de A. Leopold. Para ele, qualquer ética desenvolvida até agora apoia-se sobre uma única premissa: o indivíduo como membro de uma comunidade de partes independentes. A ecologia acrescenta que é necessário alargar os confins da comunidade para incluir solo, água, plantas, animais e coletivamente a terra.

Para Leopold, algo é moralmente justo, quando tende a preservar a integridade, estabilidade e beleza da comunidade biótica. Errado é fazer algo em direção contrária. Sua ética está fundada no sentimento e na comunidade, tendo uma perspectiva mais holística do que os paradigmas modernos. Deriva valores éticos ambientais de fatos conhecidos da ecologia, biologia evolutiva e da psicologia humana. Partindo de Hume, A. Leopold afirma que o conhecimento de fatos pode produzir dois tipos de conduta: suscitando paixão, respeito, amor ou descobrindo a ligação entre causa e efeito que avalia qualquer paixão.

A biologia levou a humanidade ao conhecimento do fato de que todas formas de vida e os seres humanos descendem de antepassados comuns. A biologia evolutiva mostrou o parentesco comum de todos os viajantes da aventura da vida. O conhecimento deste fato suscita amor e respeito como quando conhecemos parentes. A biologia ecológica faz tomar consciência da existência de comunidades bióticas às quais estamos ligados como membros, ligações não menos estreitas do que com comunidades humanas. Esse conhecimento desperta sentimentos de lealdade e “patriotismo”, semelhantes aos que experimentamos em relação a conjuntos sociais e nacionais.

Os pressupostos da ética de A. Leopold são o conhecimento de que a terra é uma comunidade biótica, o conseqüente despertar em relação ela de sentimentos de amor e respeito e a criação a partir desse conhecimento e sentimentos de uma cultura da terra.

A Land Ethic de A. Leopold inspirou outros modelos. O primeiro é a ética ecológica de H. Rolston III que parte de um proposto comum dessas tendências de que o ser humano é apenas uma parte de um conjunto biótico e de que não existem partes mais relevantes do ponto de vista ecológico. A natureza é uma trama de inter-relações onde cada ser é apenas um anel de uma cadeia ininterrupta de matéria, energia e informação em função da estabilidade e integridade da própria cadeia da vida. Para Rolston o critério ético são os interesses de bem estar (estabilidade e equilíbrio) de uma comunidade biótica. Nesse sentido a ética ambiental tem que ser uma ética ecológica ou uma ética da terra. O que interessa não é tanto a vida em si, mas a configuração ecológica do ambiente que permite a reprodução da vida. As entidades individuais estão subordinadas ao bem estar da comunidade biótica. Para isto é necessário respeitar as leis inscritas nos ecosistemas naturais e explicitadas pela ecologia.  Assim, a ética ambiental não é criação humana, mas sistematização de normas inscritas na natureza. A tarefa dos seres humanos é dar-se conta dessas normas e adequar o seu comportamento aos equilíbrios homeostáticos e aos fluxos energéticos da ecosfera.

Outro modelo é a ética bio-empática de J. B. Callicott. Reproduz a ética de A. Leopold. Para ele, a ética não é mais que o instinto de defesa da comunidade e baseia-se nos sentimentos de simpatia radicados no ser humano. Nesse sentido, a ética é um estratagema adaptativo para limitar a liberdade de ação dos seres humanos em função do êxito reprodutivo da espécie humana. Na luta pela sobrevivência, os confins da convivência restringem-se à família, sociedade e nação. É necessário alargar os limites até englobar a comunidade biótica. Trata-se de fazer uma grande aliança contra o perigo de aniquilação do planeta terra.

Os seres humanos estão biologicamente constringidos a assumir a nova imagem da terra caracterizada pela inter-dependência biótica de todos os seres viventes e não viventes e pela pertença a um destino comum identificado com a biosfera. Assim acontece uma evolução natural dos sentimentos morais dos seres humanos, porque passam do mero cuidado dos humanos à inclusão paritária das espécies não-humanas e das comunidades bióticas. Esses sentimentos de bio-empatia significarão uma revolução cultural. Por isso a Land Ethic aproxima-se da Deep Ecology, porque prega uma mutação prática da sensibilidade humana e aponta os limites dos processos tradicionais de identificação humana restritos ao mais próximo. É necessário englobar novos elementos de identificação oriundos da sensibilidade ecológica. A diferença entre as duas éticas ecológicas é que a primeira tenta construir uma ética em base científica e a segunda defende uma superação da ética através de uma mutação da percepção.

Essa exposição bastante detalhada das diversas tendências de ética ecológica foi necessária para tomar o pulso da discussão, praticamente desconhecida em nosso contexto, e para dar-se conta dos problemas nela implicados.  Como em qualquer debate  moral, o conflito entre posicionamentos que privilegiam o ponto de vista do ser humano (antropocentrismo mitigado), das entidades vivas individuais (biocentrismo atomizado) ou das comunidades bióticas (ecocentrismo holístico) depende de premissas antropológicas e éticas e de um contexto cultural. Para poder situar-se nesse emaranhado de idéias e posições, é preciso explicitar pressupostos e paradigmas. Depois desse esclarecimento será possível apresentar algumas teses que apontem para as balizas de uma ética ambiental.


Paradigma Ecológico

O Paradigma Ecológico

A crise ecológica não significa apenas o surgimento de problemas ambientais exigindo resposta, mas a emergência da necessidade de um novo paradigma de percepção do mundo e da natureza em especial. A solução não está em mudanças que apenas procuram obviar as conseqüências funestas do uso de uma técnica invasiva dos equilíbrios homeostáticos da natureza. Impõe-se uma mutação cultural que supere a visão redutiva e alcance um enfoque mais global da natureza. Trata-se da passagem de um redutivismo científico-metodológico a uma cultura sistêmica do ambiente.

De uma época de total equilíbrio e dependência do ser humano da natureza no paleolítico passa-se a um gradativo distanciamento iniciado com a revolução agrícola do néolítico e chegando ao seu auge na revolução industrial inaugurada no século XVIII. De um gerenciamento e domesticação dos processos naturais para defender-se da inclemência da natureza e construir um habitat humano em total harmonia com o sistema natural passou-se a um total controle e domínio sobre os recursos naturais pelo desenvolvimento do método científico e a difusão das tecnologias, dando origem a civilização industrial povoada de luzes e sombras.

É inegável que a industrialização melhorou significativamente a vida dos seres humanos, mas provocou igualmente efeitos desastrosos que agora ameaçam aqueles que ela  própria procurou beneficiar. As conseqüências negativas não são fruto da própria ciência e técnica, mas da falta de uma cultura mais sistêmica do ambiente e de um igualitarismo em relação aos seres viventes presentes nas civilizações rurais. A civilização industrial provocou a acentuação do dualismo entre ser humano e natureza, a exploração dos recursos naturais a serviço das crescentes necessidades humanas, o desenvolvimento de tecnologias com impacto sobre o ambiente, o uso e a exploração de novas fontes de energia, o aumento exponencial da população, a complexificação dos sistemas sociais pelo surgimento de classes sociais e pelo desaparecimento de modos alternativos de vida através da massificação cultural. Tudo isto levou a um dissídio crescente entre a sociedade humana e o meio ambiente, a divisões e discriminações na sociedade humana.

Pode-se apontar vários indícios desse redutivismo no modo de relacionar-se com a natureza. Os métodos de análise e intervenção  no ambiente processados pela ciência e a técnica são inadequados, porque o conhecimento foi dividido em especialidades, faltando um saber do conjunto. A ecologia justamente surgiu para responder a essa necessidade. Operou-se uma fragmentação da realidade correspondente à sociedade fragmentada em classes orientada à produção econômica e divida em especialidades e trabalhos.

A tecnologia teve um desenvolvimento crescente sem atender às suas repercussões sobre o ambiente. As conseqüências são preocupantes e a opinião pública está apenas acordando para elas. Aconteceu igualmente uma nítida separação entre ciências naturais e humanas, entre matéria e espírito, entre ciência e fé, entre economia e ética, entre indivíduo e sociedade. Essa separação corresponde ao processo de especialização e positivização do conhecimento científico.

Aconteceu um aumento gradativo da população, levando a uma maior procura de bens extraídos da natureza e a um incremento conseqüente da tecnologia. Assim, as potencialidades dos mecanismos naturais de adaptação e equilíbrio foram superadas e a própria adaptação cultural foi quebrada provocando resultados desastrosos.

Na história da percepção da realidade da natureza e do ambiente, a sociedade passou substancialmente por dois momentos. Sob o estímulo da revolução científica e do seu redutivismo científico, o caráter orgânico da percepção pré-científica das sociedades tradicionais foi destruído. Sob o estímulo da pesquisa em ecologia, a ciência dos sistemas e o enfoque estruturalista repropuseram uma visão integral da realidade natural e social. Estamos diante da emergência de um novo paradigma mais holístico inspirado pela ecologia que pretende superar a visão limitada e estreita da racionalidade instrumental moderna. Impõe-se a urgência de uma racionalidade dialógica, bioempática e holística para acercar-se da realidade natural e social, para fazer frente aos desafios ambientais.

O paradigma ecológico significa uma crítica radical à autonomia solipsista da modernidade e uma proposta de percepção da realidade em suas inter-relações e não como pura soma de entidades individuais. Amplia a pura perspectiva inter-subjetiva dos humanos e tenta incluir também a consideração das inter-dependências e inter-ligações com os seres vivos e com os ecosistemas e a biosfera.

Um sistema vivente (ecosistema) não é a pura justaposição de seres vivos e fatores que possibilitam a vida, mas um complexo de       interações de dinamismos vitais. A Terra (ecosfera) é um ambiente diversificado e variado de subsistemas: litosfera, hidrosfera, atmosfera e biosfera. Pela fotosíntese  das plantas, pela alimentação e evacuação dos animais e pela ação decompositora dos microorganismos instauram-se complicados sistemas de relações entre esses subsistemas. A matéria inorgânica, o calor e a luz solar são englobados nos processos da vida através de ciclos biogeoquímicos e de fluxos de energia auto-regulados para impedir e obviar perturbações nos equilíbrios.

O dinamismo vital é essencialmente absorção e consumo de energia. As plantas armazenam energia que vem do sol, os animais comem ervas ou outros animais, acontecendo uma transferência e consumo de energia. Os microorganismos decompõem os seres vivos que morrem, possibilitando a liberação de substâncias químicas (nitratos e fosfatos) que, por sua vez, são de novo absorvidos pelas plantas e recomeça o ciclo. A lenta evolução desse processo global da vida deu origem à biosfera e possibilitou o surgimento de sub-organizações funcionais identificadas com as diferentes comunidades bióticas.

O processo da vida é formado por substâncias químicas nutrientes que continuamente circulam nos seres vivos pela transformação ou acumulação; pela energia que entra e é processada pela fotossíntese das plantas, transferindo-se para os animais pela alimentação e dispersando-se em energia calorífera; e, finalmente, pelos seres viventes que são a chave de circulação de energia vital nas comunidades bióticas.

O ser humano é um elo desse processo. Está inserido no ambiente físico, químico e biológico, implicado como qualquer outro vivente nos processos de circulação das substâncias nutrientes, de fluxo de energia e de manutenção do equilíbrio. Mas o ser humano, diferente dos outros seres, desenvolveu um confronto cultural com o seu quadro vital, enfraquecendo sua relação e dependência do ambiente biótico. Pela cultura, o ser humano cria um gerenciamento do ambiente, conferindo a este identidade própria em harmonia com o ecosistema natural ou comprometendo dramaticamente o seu funcionamento.

As sociedades humanas desenvolveram a capacidade de intervir no ambiente e nos processos naturais segundo objetivos e modelos próprios. Por isso elas têm a responsabilidade de não destruir a qualidade do ambiente em que vivem e agem no uso dessa capacidade. Essa é a base da ética ambiental.

Para os seres humanos, o ambiente social tem o mesmo peso que o ambiente natural e ambos concorrem para formar o ambiente humano. A estabilidade desse ambiente depende de um sadio equilíbrio entre as condições sociais e naturais. Um desajuste entre sociedade e natureza origina uma crise ambiental. Os ecosistemas humanos (aldeia, vila ou cidade) nascem, amadurecem e entram em decadência como os ecosistemas naturais, segundo as relações entre o ambiente natural, a realidade biológica da população e as expressões sociais, políticas, econômicas e religiosas do grupo. A crise ecológica aponta para a decadência do atual paradigma de intervenção no meio ambiente e de convivência entre os seres humanos e destes com a natureza.

A situação de fome, pobreza e injustiça de multidões de seres humanos é a face social da crise ecológica. O mesmo sistema que degrada a natureza, reduzindo-a a mercadoria, avilta a existência de seres humanos, sujeitos a uma luta diária pela sobrevivência, porque não participam do mercado. As feridas infligidas ao meio ambiente são mais trágicas e devastadoras, quando acompanhadas de chagas sociais que empurram grandes maiorias populacionais de países pobres a uma procura desesperada para satisfazer as necessidades básicas. Nessa crise civilizacional o grito desesperado da natureza se levanta em uníssono com o grito angustiado de milhões de seres humanos por respeito pelos mecanismos de reprodução da vida e pelos diversos fatores naturais e sociais que a possibilitam. A crise ambiental não tem solução sem uma convivência social justa e um acesso igualitário aos bens necessários à sobrevivência.

O paradigma ecológico surgiu para fazer frente a essa crise. Não bastam soluções cosméticas, impõe-se uma mutação na percepção da realidade, especialmente na relação com a natureza e na construção do entorno social. Isto exige o surgimento de uma nova compreensão do próprio ser humano, um modo diferente de construir o discurso ético e uma visão renovada da natureza como criação de Deus. O debate entre antropocentristas e biocentristas insere-se nesse contexto e implica questões de antropologia, de ética e de teologia da criação. Sem a explicitação dessas questões permanece o impasse e não se chega a um discurso ético consistente.

O paradigma ecológico veio para superar o paradigma moderno da autonomia humana solipsista, da aventura de conquista e domínio da natureza pela ciência e a técnica, do uso desmedido e do desfrute imprudente dos recursos naturais, da passagem do regime da natureza para o regime da sociedade, da ética procedimental e utilitarista.

Fator Ecológico

Fator Ecológico

Em ecologia, fatores ecológicos são elementos do ambiente que influenciam organismos vivos. Os factores ecológicos podem afectar as espécies: de forma contínua, entre níveis extremos (por exemplo, temperatura e pH); só afectando o desempenho quando atingem valores elevados (por exemplo, toxinas e poluentes); ou o factor é essencial em pequenas quantidade, mas tem influência negativa em valores elevados (por exemplo, NaCl nos animais e micronutrientes como Zinco e Magnésio nas plantas).

Substrato Ecológico

Substrato Ecológico

Substrato, em ecologia, refere-se à superfície, sedimento, base, ou ainda qualquer outro meio que possa servir de suporte a organismos vivos.

Ecossistemas aquáticos
Num ecossistema aquático, o substrato será o fundo do mar, de um lago ou de um rio.

Existem substratos duros como uma rocha, uma placa de cimento, um pedaço de coral morto, onde só se podem fixar organismos sésseis, e substratos móveis formados por areia, lodo ou outro tipo de sedimento, onde podem viver animais com movimentos livres, quer à sua superfície, quer enterrados, e onde podem também fixar-se plantas com raizes.

A comunidade que vive no substrato chama-se bentos e pode ser formada, tanto por formas adultas como por larvas ou juvenis de organismos que, noutra fase do seu ciclo de vida não fazem parte do bentos.
Série Ecológica

Série Ecológica

Série, sere ou sucessão intermediária é o estádio em que se encontra o ecossistema durante uma sucessão ecológica, não sendo mais pioneira e ainda não totalmente equilibrada, como acontece na comunidade clímax.

Caracteriza-se por ainda ser instável e por ter uma nova instalação de organismos que substituem os da pioneira.
Ecologia no Brasil Ecologia no Brasil
Ecologia no Brasil
Ecologia ciência que se desenvolveu no mundo a partir de pesquisas realizadas no Brasil. Muitos dos naturalistas que visitaram o Brasil no século XVIII, como Alfred Wallace, Alexander von Humboldt, Johann von Spix, Karl von Martius e Saint-Hilaire, dedicaram-se à pesquisa da nossa flora e fauna, também sob o ponto de vista ecológico. Mas foi o naturalista dinamarquês Eugenius Warming (1841-1924), quem introduziu a noção de ecologia, ao estudar, entre 1863 e 1866, a vegetação dos campos cerrados nos arredores de Lagoa Santa (Minas Gerais), onde esteve a convite de Peter Lund. Com base no que observou no Brasil, Warming escreveu o livro Plantesamfunde (As comunidades vegetais, 1895), primeira obra sobre ecologia publicada no mundo. Só 30 anos mais tarde apareceu o livro Etologia Animal, de Elton, que estudou o comportamento dos animais e o meio ambiente em que vivem. Em 1942, foi publicado no Brasil o primeiro trabalho sobre ecologia, de autoria do botânico Félix Kurt Rawitscher, o qual abriu o caminho para o desenvolvimento da ecologia com base em estudos experimentais no país. Seguiram-se outros dois que, além de analisar a influência dos fatores climáticos, tiveram grande importância didática na introdução dos métodos de pesquisa ecológica no país.

O primeiro trabalho experimental de ecologia de campo no Brasil, Profundidade dos solos e vegetação dos cerrados no Brasil Meridional, escrito por Rawitscher, Ferri e Rachid, foi publicado nos Anais da Academia Brasileira de Ciências, em 1943. Compreendendo a importância dessa ciência, a Universidade de São Paulo criou, há mais de duas décadas, no Instituto de Biociências, um Departamento de Ecologia Básica. Desde então, vários outros institutos e faculdades têm criado departamentos dedicados à ecologia.

Agenda 21, denominação dada a um dos acordos mais importantes assinado pelas nações participantes da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento - conhecida como Eco-92 - realizada no Rio de Janeiro (ver Desenvolvimento sustentável). Contém mais de 2.500 recomendações para criar melhores condições para a população mundial e a preservação do meio ambiente, no próximo século. Constitui um programa de ação para implementar um modelo de desenvolvimento sustentável que leve à compatibilização das atividades econômicas com os recursos naturais e a qualidade de vida das populações.

A agenda 21 está dividida em 4 seções: Dimensões Sociais e Econômicas, Conservação e Gerenciamento dos Recursos para o Desenvolvimento, Fortalecimento dos Principais Grupos Sociais e os Meios de Implementar as Ações Propostas. Seus temas são abordados de forma abrangente. Sua relevância se prende ao fato de oferecer opções práticas que podem ser implementadas e por destacar o papel de cada um dos diversos segmentos que compõem a sociedade. Seus programas de ação estão alicerçados na idéia de que a população, o consumo e a tecnologia são fundamentais para a mudança ambiental na Terra. A colaboração entre as nações é enfatizada como forma de se alterar o quadro de pobreza e degradação ambiental que domina nas sociedades no mundo atual. Sucessão (ecologia), processo que implica a substituição progressiva de uma comunidade vegetal ou animal por outra mais apta. O processo total compreende duas fases distintas. A primeira fase, a invasão, corresponde à introdução de elementos da nova comunidade no ambiente, ainda dominado pela comunidade anterior, e a conseqüente luta pela hegemonia nesse espaço. A segunda fase, a sucessão, constitui a vitória da nova comunidade e a afirmação de sua hegemonia. Os sociólogos da escola de sociologia urbana de Chicago (USA) desenvolveram trabalhos sobre mudança étnica em bairros de cidades americanas, fazendo uma analogia com este processo da natureza. Essa orientação ficou conhecida como "ecologia urbana". As unidades funcionais de um ecossistema são as populações de organismos através das quais circulam a energia e os nutrientes. Uma população é um grupo de organismos da mesma espécie que compartilham o mesmo espaço e tempo (ver Espécies e especiação). O território ou lugar no qual vivem e ao qual estão adaptadas as distintas plantas ou animais recebe o nome de hábitat, dentro do qual os organismos ocupam distintos nichos. Um nicho é o papel funcional que desempenha uma espécie numa comunidade, ou seja, sua ocupação ou modo de ganhar a vida.

Os grupos de populações de um ecossistema interagem de várias formas. Estas coletividades interdependentes de plantas e animais formam uma comunidade, que abrange a porção biótica do ecossistema. As principais influências sobre o crescimento das povoações estão relacionadas com diversas interações, que são as que mantém unida a comunidade. Estas incluem a concorrência, tanto no seio das espécies como entre espécies diferentes; a predação, incluindo o parasitismo, e a co-evolução ou adaptação.

Ecossabotagem

Ecossabotagem


A eco-sabotagem é um termo usado para descrever ações diretas de grupos ambientalistas como Earth First! e similares no Ocidente. O termo apenas se aplica para ações de sabotagem cometidas dentro do contexto de ambientalismo. Comumente, por conta da falta de definições claras entre os três, e por conta da natureza subjetiva dessas definições ineficazes, ecotage (um portmanteau do prefixo "eco" e"sabotagem") pode ser visto como indistinguível de atos de desobediência civil e ecoterrorismo.

Casos de Ecossabotagem
  • 1998 – Incêndios em prédios em Vail Mountain nos United States atribuídos ao Earth Liberation Front (ELF).
  • 1999 – 25 de Dezembro, em Monmouth (Oregon), fogo destrói o principal escritório da companhia madeireira Boise Cascade causando custando mais de 1 milhão de dólares à companhia. ELF assumiu a autoria.
  • 1999 – OGMs são arrancados do solo do centro de pesquisas Crop and Food na Nova Zelândia.
  • 2001 – Membros da ELF são processados por colocarem detonarem uma bomba que causou mais de US$7 milhões em danos ao centro de Horticultura Urbana da Universidade de Washington.
  • 2003 – Em Agosto, um condomínio de 206 unidades estava sendo construído em San Diego, Califórnia quando um incêndio o destruíu por completo causando um prejuízo de mais de US$20 milhões. Uma faixa colocada no local dizia "O que você construir, nós vamos queimar," assinado, "Os E.L.F.s estão loucos."
  • 2003 – Em 22 de Agosto, incendiadores associados com a Earth Liberation Front atacaram muitas revendedoras de carros nos subúrbios a leste de Los Angeles, queimando um depósito e vandalizando muitos carros. Como dito, mais de 100 carros foram destruídos causando mais de um milhão de dólares em danos, a maioria deles SUVs ou Hummers que foram alvo devido a sua baixa eficiência para com combustível.
  • 2008 – Em 12 de Agosto de 2008, Greenpeace jogou 150 enormes blocos de granito com mais de três toneladas cada no fundo no do North Sea criando um refice artificial para impedir grandes navios pesqueiros de atravessarem a área com facilidade.
  • 2008 – Em Setembro de 2008, numa decisão inédita, a Corte Britânica liberou seis ativistas do Greenpeace por considerá-los inocentes da acusação de "danos criminosos" causados a uma fábrica que usa carvão como combustível. Os acusados haviam escalado as chaminés de fumaça para pichar o nome de "Gordon", em alusão ao Primeiro-Ministro inglês. No caso, a corte permitiu a participação de membros da comunidade científica e da NASA que explicaram ao juri sobre os danos causados por emissões de gases provenientes da queima de carvão, incluindo a extinção de mais de 400 espécies nos próximos anos. O juiz considerou as ações dos ativistas justificáveis, uma vez que a indústria "deverá ser responsabilizada pelo aquecimento global no futuro."
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