O mistério dos "anéis de fadas" encontrados na vegetação da África parece ter sido resolvido pelos cientistas.
Estes enigmáticos círculos de grama, com diâmetros que variam entre 2 e 12 metros com o centro vazio, são criados por cupins, de acordo com um estudo publicado na edição de (29 de março de 2013) da revista "Science".
Segundo a agência de notícias France Presse, as conclusões do trabalho tentam esclarecer mais de 25 anos de pesquisas para tentar entender as formações frequentes nas pradarias do sudoeste africano, particularmente na Namíbia, onde o povo autóctone dos Himba atribui a entidades "divinas" a criação desses círculos.
A teoria dos cupins já tinha sido descartada pela falta de provas suficientes. No entanto, o botânico Norbert Juerguens, da Universidade de Hamburgo, na Alemanha, retomou a pesquisa e conseguiu demonstrar que certos cupins de areia, denominados psammotermes, provavelmente são a causa do fenômeno, também conhecido como "cirandas de bruxas".
Juerguens estudou um trecho do deserto de 2 mil km, do centro de Angola até o norte da África do Sul, e constatou que estes insetos eram os únicos organismos vivos sempre presentes dentro destes círculos desde o início de sua formação.
Este pesquisador observou que os cupins se alimentam de raízes de grama, pastagens e outras plantas que acabam desaparecendo nestes locais. A falta de vegetação no interior dos círculos faz com que a água da chuva não evapore e fique armazenada na profundidade do solo arenoso.
Essa água permite que os cupins sobrevivam e se mantenham ativos durante a estação seca e também explica porque a vegetação pode crescer fora do círculo. Para Juergens, o fenômeno é um exemplo do ecossistema resultante da atividade dos cupins: os "círculos de fadas", que às vezes podem durar décadas, tornam permanente uma vegetação que normalmente é temporária no deserto.