Ar atmosférico é um fluido constituído por vários gases que formam uma
capa ao redor da Terra. Até uma altitude de aproximadamente cem
quilômetros sua composição é constante, devido a fenômenos de
turbulência e convecção que dão origem a correntes de ar. Esses
fenômenos se devem a diferenças de temperatura entre as diversas camadas
atmosféricas; o ar quente, menos denso, tende a subir, enquanto o ar
frio ocupa as camadas inferiores. Em altitudes superiores a cem
quilômetros, verifica-se a presença maior de gases mais leves, como o
hélio e o hidrogênio, já que possuem tendência a escapar do campo
gravitacional terrestre.
Por ser o ar imprescindível a processos biológicos básicos como a respiração e a combustão, os filósofos da antiga Grécia elaboraram diversas teorias que o situavam como essência da matéria, tanto a inanimada quanto a animada.
Composição do ar

O ar e os ciclos de nitrogênio, oxigênio e dióxido de carbono. A constância da composição do ar não significa ausência de processos de produção e eliminação de alguns dos diferentes gases que o constituem, mas sim que existe um equilíbrio estável, mantido por meio de ciclos, fundamentalmente biológicos. Neles são utilizadas e liberadas quantidades equivalentes de alguns dos componentes do ar. O nitrogênio atmosférico é usado pelas bactérias nitrificantes, localizadas nas raízes de certas leguminosas, e convertido em compostos orgânicos nitrogenados, que, por sua vez, são transformados em nitritos e nitratos, dos quais o nitrogênio é novamente liberado para a atmosfera pela ação de microrganismos. Outro possível mecanismo de formação de nitratos a partir do nitrogênio atmosférico é aquele desencadeado pelas descargas elétricas produzidas durante as tempestades.
Os ciclos de oxigênio e de dióxido de carbono estão estreitamente vinculados. O oxigênio liberado durante a fotossíntese é consumido nos processos de respiração, fermentação e combustão. Já esses três processos liberam dióxido de carbono, utilizado pelas plantas durante a fotossíntese.
Evolução do conhecimento do ar
O início do estudo do ar remonta à Grécia clássica. No século VI a.C., Anaxímenes de Mileto classificou-o como um dos fundamentos da matéria inerte e dos seres vivos. No século XVIII, o alquimista Jan Baptista van Helmont estudou o dióxido de carbono, o metano e o hidrogênio, descobrindo que parte do ar é consumido durante o processo de combustão. Na segunda metade do mesmo século, Robert Boyle demonstrou que esse gás também era consumido durante os processos de respiração e calcinação dos metais.
Na mesma época, Evangelista Torricelli descobriu a existência da pressão atmosférica e Georg Stahl propôs a teoria do flogístico, que na época obteve grande aceitação. Segundo ele, o flogístico seria uma substância fundamental, contida na matéria, a qual era liberada para o ar atmosférico durante os processos de respiração, combustão e oxidação. Essa interpretação foi recusada por Antoine Lavoisier, que, ao propor a teoria da combustão, baseada na descoberta do oxigênio por Joseph Priestley, estabeleceu o fundamento da química moderna.
No final do século XIX, foram descobertos o argônio, o criptônio, o xenônio, o neônio e o hélio, denominados gases nobres devido a sua baixíssima reatividade. Com isso foi possível completar-se o estudo da composição do ar.
Utilização do ar
O ar é empregado industrialmente como matéria-prima para a obtenção em grande escala de alguns de seus componentes. O nitrogênio assim obtido é, por sua vez, utilizado na fabricação de amoníacos e fertilizantes nitrogenados. O oxigênio é largamente empregado na indústria siderúrgica para serem alcançadas temperaturas mais elevadas, mediante o enriquecimento do ar.
A separação dos diversos componentes do ar de aplicação industrial se dá através de etapas de liquefação e destilação. Na primeira dessas etapas, resfria-se o ar por compressão seguida de rápida expansão, e o líquido assim obtido é destilado, com conseqüente separação de seus componentes.
Ar comprimido
Obtém-se ar comprimido quando se submete o ar a pressões superiores à atmosférica. Sua principal utilidade é como fonte de energia na alimentação de sinos de mergulhador e outros trabalhos submarinos, e em sistemas de freios, pintura a pistola e outras aplicações.
Nos trabalhos de escavação no fundo do mar para a construção de fundações de pontes, utiliza-se a chamada câmara de ar comprimido, uma armação em chapas de aço, de grandes dimensões, em forma de caixa sem fundo. Abastecida de ar sob pressão, essa câmara se comunica com o exterior através de três tubos: um deles destina-se ao acesso dos trabalhadores; outro à retirada do material proveniente da escavação; e o terceiro à entrada do concreto.
O sistema de freios pneumáticos para comboios ferroviários, desenvolvido e aperfeiçoado por George Westinghouse, em 1869, compreende, em cada vagão, a tubulação geral vinda da locomotiva, o depósito de ar comprimido (a 7,7kg/cm2), ligado ao cilindro do freio e a outro cilindro com válvula tríplice, cada cilindro com um pistão: o funcionamento dos freios depende da posição desses pistões. Para soltar o freio, o maquinista fecha o comando e a pressão obriga o ar a penetrar no cilindro através da válvula tríplice, levando o respectivo pistão a retroceder; assim fica aberto o tubo de escapamento, permitindo que o ar comprimido saia do cilindro do freio, cujo pistão se afasta, deixando a roda livre. Com o trem em movimento, o ar do compressor enche o depósito do cilindro da válvula tríplice. Para frear, será necessário dar saída ao ar comprimido no cano: aliviada a pressão, o ar empurra o pistão do cilindro que se desloca e obriga a sapata do freio a exercer pressão contra a roda.