Cana-de-açúcar (S. officinarum, S. spontaneum e S. robustum)
A planta é uma gramínea perene, pertencente ao gênero Saccharum, própria de climas tropicais e subtropicais. As variedades hoje cultivadas são quase todas híbridas, das espécies S. officinarum, S. spontaneum e S. robustum, entre outras. As principais características que as variedades devem apresentar são: alta produção, boa riqueza em açúcar, resistência a pragas e moléstias, baixa exigência quanto a solos, época de maturação adequada.
A cana-de-açúcar, seguida da beterraba, constitui a principal fonte primária para a produção do açúcar, um dos alimentos de grande consumo mundial. Além disso, serve como matéria-prima para o fabrico de álcool, aguardente, papel e outros produtos.
Indicações para o cultivo
São usados como mudas, para o plantio, toletes de vinte a trinta centímetros com algumas gemas ou brotos bem desenvolvidos. A cana-de-açúcar exige temperatura média anual de 20o C e um mínimo de 1.200mm de chuvas. Necessita de um período quente e úmido para vegetar e de outro frio e seco para amadurecer, isto é, para os colmos ou caules acumularem açúcar. Desenvolve-se melhor em solos profundos, argilosos, com boa fertilidade e boa capacidade de armazenamento de água, mas não sujeitos a se encharcarem. O pH mais favorável está na faixa de 5,5 a 6,5, abaixo do que é recomendada a calagem ou correção calcária.
O preparo do solo consiste em aração profunda e gradeação. Nos terrenos não ocupados anteriormente com cana, faz-se uma aração dois a três meses antes do plantio, e em seguida, quando necessária, a calagem. Pouco antes do plantio, faz-se nova aração, cruzando a primeira, e depois duas gradeações cruzadas. Nos terrenos já cultivados com cana, a primeira aração é feita depois do corte para arrancar e extirpar as soqueiras velhas; em seguida procede-se como no caso anterior. Na época do plantio das mudas, acrescenta-se ao terreno arado e gradeado uma mistura pronta de adubos e fazem-se sulcos de profundidade entre 25 a 30cm e espaçamento de 1,30 a 1,50m.
No Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, São Paulo e demais estados do centro-sul, a cana de ano e meio é plantada de janeiro a março, sendo colhida 18 meses depois, a partir de junho do ano seguinte. A cana de ano, plantada de setembro a outubro, é colhida na mesma época do ano seguinte. De modo geral prefere-se a cana de ano e meio, por dar maiores rendimentos. No Norte e no Nordeste planta-se de junho a setembro.
A adubação química, em quantidades variáveis de acordo com os tipos de solo, baseia-se em combinações dos três nutrientes básicos: nitrogênio, fósforo e potássio. Para a adubação verde, recomendam-se Crotolaria juncea e Dolichos lab-lab, por produzirem bastante massa verde em período curto. Semeadas após o arrancamento das touceiras, essas leguminosas devem ser cortadas e incorporadas ao solo cinco meses mais tarde. A vinhaça é aplicada em sulcos, bem antes do plantio, para permitir sua fermentação, na dose de 250.000l/ha.
Dispersão histórica
Originária da Nova Guiné, a cana-de-açúcar foi levada dali para o sul da Ásia, onde foi usada, de início, principalmente em forma de xarope. Data do ano 500, na Pérsia, a primeira evidência do açúcar em sua forma sólida. A propagação das culturas de cana no norte da África e sul da Europa deve-se aos árabes, na época das invasões. Nesse mesmo período, os chineses a levaram para Java e Filipinas.
Típica de climas tropicais e subtropicais, a planta não correspondeu às tentativas para cultivá-la na Europa. No século XIV, continuou a ser importada do Oriente, embora se tivesse propagado, em escala modesta, por toda a região mediterrânea. A guerra entre Veneza e os turcos levou à procura de outros centros abastecedores. Surgiram daí culturas nas ilhas da Madeira, implantadas pelos portugueses, e nas Canárias, graças aos espanhóis.
Foi contudo a América que ofereceu à cana-de-açúcar excelentes condições para seu desenvolvimento. Mais tarde, as maiores plantações do mundo se concentrariam nesse continente. Depois de Colombo ter levado as primeiras mudas para São Domingos, em sua segunda viagem (1493), as lavouras estenderam-se a Cuba e outras ilhas do Caribe. Dali a planta foi levada, por outros navegantes, para as Américas Central e do Sul.
No Brasil, há indícios de que o cultivo da cana-de-açúcar seja anterior à época dos descobrimentos, mas seu desenvolvimento se deu posteriormente, com a criação de engenhos e plantações com mudas trazidas pelos portugueses. Já em fins do século XVI, os estados de Pernambuco e Bahia contavam mais de uma centena de engenhos, tendo as culturas florescido de tal modo que o Brasil, até 1650, liderou a produção mundial de açúcar, com grande penetração no mercado europeu.
Quase metade da produção mundial de cana-de-açúcar é assegurada atualmente por quatro nações das Américas -- Brasil, Cuba, México e Estados Unidos. Seguem-se, pela importância de suas safras, países asiáticos como a Índia, a China e as Filipinas. No Brasil, após meados da década de 1970, a crise do petróleo tornou intensa a produção de etanol, a partir da cana-de-açúcar, para utilização direta em motores a explosão (hidratado) ou em mistura com a gasolina (anidro). Desde então o álcool combustível, saído de modernas destilarias que em muitos pontos do país substituíram os antigos engenhos, passou a absorver parte ponderável da matéria-prima antes destinada sobretudo à extração do açúcar.
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