Plantas Medicinais e Suas Características
Flora Medicinal
Ao observar o efeito das plantas sobre seu organismo, desde que começou a ingeri-las para se nutrir, o homem pôde notar que certas espécies agiam de modo muito específico sobre o funcionamento do corpo, ora ativando alguma função, ora inibindo processos anômalos. A partir dessa constatação, o uso da flora medicinal expandiu-se e organizou-se nas mais distintas sociedades, muitas das quais contaram com especialistas -- pajés, xamãs, feiticeiros e bruxas -- que detinham, para uso comum, o conhecimento ancestral sobre o poder curativo de cada espécie.
Ao observar o efeito das plantas sobre seu organismo, desde que começou a ingeri-las para se nutrir, o homem pôde notar que certas espécies agiam de modo muito específico sobre o funcionamento do corpo, ora ativando alguma função, ora inibindo processos anômalos. A partir dessa constatação, o uso da flora medicinal expandiu-se e organizou-se nas mais distintas sociedades, muitas das quais contaram com especialistas -- pajés, xamãs, feiticeiros e bruxas -- que detinham, para uso comum, o conhecimento ancestral sobre o poder curativo de cada espécie.
Flora medicinal é o conjunto de plantas utilizadas pelo homem no tratamento de doenças. Até o século XIX, quando surgiram os primeiros medicamentos sintéticos, a humanidade se tratou basicamente com plantas ou produtos delas derivados, à medida que o saber primitivo, não raro associado à magia, se desvinculava dos elementos exóticos para atribuir à ciência sua eficácia. Com o progresso da indústria farmacêutica, o conhecimento sobre as plantas medicinais declinou, mas não desapareceu, e no fim do século XX acentuava-se cada vez mais a tendência a buscar outra vez nas plantas a cura de muitos males, em grande parte como reação ao abuso dos medicamentos químicos e à massificação das práticas médicas.
Tradição e princípios ativos
O uso de espécies vegetais como remédios já aparece registrado nos tratados dos gregos Teofrasto e Dioscórides, textos básicos da medicina ocidental durante séculos. Naturalistas e terapeutas como Plínio o Velho, Avicena e, mais tarde, Paracelso, realizaram extensos estudos sobre as propriedades curativas e preventivas das plantas. No entanto, só com o avanço das técnicas de análise química e de pesquisa biológica foi possível aprofundar o estudo dos mecanismos pelos quais os princípios ativos das plantas atuam no organismo e levam-no a recuperar a saúde.
Toda planta que possui algum princípio ativo ou substância capaz de prevenir, aliviar ou curar uma doença é medicinal. O número das plantas já estudadas e que têm emprego não só na medicina informal mas também na homeopatia é enorme e cresce continuamente, à medida que plantas antes restritas a uma só região são transplantadas para outras e reveladas ao mundo.
Os agentes terapêuticos das espécies medicinais são substâncias específicas ou grupos de substâncias produzidos pelo metabolismo vegetal. Os princípios ativos podem ser tóxicos, quando sua ingestão imoderada causa envenenamento, e não tóxicos. Entre os tóxicos, destacam-se os alcalóides, que se distinguem quimicamente por conterem nitrogênio. Em 1803 foi isolado na Alemanha o primeiro alcalóide, a morfina, presente na papoula (Papaver somniferum). Logo se descobriram outros, como a estricnina (1818), a quinina (1820), a nicotina (1828), a atropina e a hiosciamina (1833). Aplicados com correção, em doses mínimas, os alcalóides tornaram-se essenciais à medicina, sobretudo pelas propriedades analgésicas, narcóticas e anestésicas que os caracterizam.
Cicuta (Conium maculatum), estramônio (Datura estramonium) e beladona (Atropa belladona) estão entre as plantas que contêm alcalóides e se integraram ao uso medicinal na Europa. No Brasil, muitas espécies que contêm alcalóides foram legadas pelos índios ao repertório da ciência, como a ipeca ou ipecacuanha (Cephaelis ipecacuanha), empregada como expectorante e no combate às disenterias amebianas e outras afecções intestinais, e as espécies do gênero Strychnos, que servem à obtenção do curare, indicado contra o tétano e em cirurgias que exijam relaxamento muscular profundo. Entre os princípios ativos dos vegetais sobressaem igualmente os glicosídeos ou heterosídeos, que às vezes também são muito tóxicos. Estão presentes em plantas como o ruibarbo, mostarda, alho e digital ou dedaleira. Esta última, já popular na medicina caseira, foi confirmada, em 1785, no tratamento de distúrbios cardíacos, a que serve até hoje.
Os óleos essenciais -- componentes líquidos das células vegetais, voláteis e, em geral, de fragrância agradável -- também estão entre os princípios ativos e se destacam por sua ação anti-séptica e germicida. Por isso, óleos essenciais como o timol, extraído do tomilho, e o mentol, da menta, são comuns na fórmula de remédios antigripais e produtos para a assepsia da boca e da garganta. Alguns óleos essenciais são indicados para o tratamento de doenças da pele, outros combatem inflamações e reduzem a febre. São numerosos os que, por sua fragrância, encontram aplicação na produção de perfumes e cosméticos.
Os princípios amargos, presentes no cardo-santo e na artemísia, por exemplo, destacam-se por suas propriedades sedativas, digestivas e tônicas. São as substâncias mais importantes no grupo dos princípios ativos não tóxicos. Os taninos, por suas propriedades adstringentes, estão entre os demais componentes, como os ácidos orgânicos, os açúcares e as vitaminas, que garantem às espécies medicinais sua eficácia. Embora todas essas substâncias possam ser isoladas para aplicação terapêutica, o mais comum é que várias delas estejam associadas numa mesma planta. Na esfera caseira, as plantas medicinais podem ser usadas em infusão, decocção, maceração, emplastros, compressas, gargarejos, xaropes e banhos.
www.megatimes.com.br
www.klimanaturali.org