Fruticultura e Plantas Frutíferas
Fruticultura é o ramo da agricultura que trata do cultivo racional de plantas frutíferas, visando à produção de frutos comestíveis. Seu objetivo primordial é desenvolver pomares com plantas vigorosas, sadias e de elevada produtividade, o que incentiva a criação e seleção de novas variedades e híbridos, com características superiores, e ao aperfeiçoamento dos tratos que cada espécie requer.
A dispersão de frutas, de sua terra de origem para as partes do globo em que podem ser cultivadas, relaciona-se com os grandes acontecimentos históricos, tais como as conquistas de Alexandre o Grande, as invasões árabes, as cruzadas e as grandes viagens marítimas, especialmente de portugueses e espanhóis. O intercâmbio de espécies e variedades intensificou-se ainda mais nos tempos modernos.
Em geral, o clima ideal para o cultivo de cada fruteira fica próximo do que é típico de sua região de origem. Levando isso em conta, classificam-se as espécies frutíferas em três grupos: (1) fruteiras de clima temperado, como a ameixa, o figo, a maçã, a pêra, o pêssego, a uva e a nogueira-pecã; (2) fruteiras de clima subtropical, representadas pelo abacate, caqui, citros, nêspera, jabuticaba e tâmara; e (3) fruteiras de clima tropical, que compreendem o abacaxi, fruta-de-conde, banana, caju, coco-da-baía, mamão, manga, maracujá e tamarindo.
Quase todas as fruteiras de clima temperado e algumas de clima subtropical (como o caqui) têm folhas caducas, isto é, despem-se de sua folhagem no fim do outono e criam novas folhas na primavera. É costume podá-las no inverno para obter maior produtividade.
Com os avanços da engenharia genética aplicada ao melhoramento de plantas, o clima tem deixado de ser fator limitante para o cultivo das fruteiras. Atualmente, o cultivo de fruteiras de clima temperado em regiões tropicais é cada vez mais comum e economicamente promissor.
A partir da década de 1980, a região Nordeste do Brasil, tipicamente tropical, passou a se destacar na produção de uvas e tornou-se uma das principais regiões produtoras do país, com qualidade para exportação. O vinho produzido a partir de uvas cultivadas no Nordeste brasileiro já é considerado um dos melhores do país.
Obtenção de novas variedades
As fruteiras mais valiosas sofrem um continuado processo de seleção e melhoramento, que dá origem a novas variedades por processos como a hibridação artificial e a seleção de mutantes naturais. O sucesso de um pomar depende em grande parte da escolha acertada da variedade, que deve levar em conta sua adaptabilidade às condições de clima e solo do local. As variedades de certas espécies, como maçã e pêra, apresentam exigências climáticas muito específicas. Uma boa combinação de variedades plantadas no mesmo pomar, no caso do abacate, por exemplo, permite estender a safra para o ano inteiro.
A propagação das plantas frutíferas pode ser sexuada (por sementes) ou assexuada (propagação vegetativa). A primeira apresenta inconvenientes, como a grande variabilidade das mudas e a demora do início de produção, e por isso tem sido substituída pela propagação vegetativa. A grande maioria das fruteiras comerciais é propagada pela enxertia de gemas ou por garfagem em "cavalos" ou porta-enxertos apropriados. Os porta-enxertos são produzidos com o emprego de sementes, como no caso dos citros, abacate, manga e pêssego, ou por meio da estaquia, usada para a maçã, pêra e uva. Outro método de propagação vegetativa é a mergulhia, no qual a muda já dispõe de raízes ao ser separada da planta-mãe.
Formação do pomar
Os solos com boa porosidade, profundos e ricos em elementos minerais e matéria orgânica são os que melhor se prestam para a fruticultura. Solos rasos ou que se encharcam com facilidade devem ser evitados. O espaçamento entre as mudas depende do hábito de crescimento, do porte das plantas, de suas exigências de luz, da fertilidade do solo e do clima da região.
Para se fazerem as covas, usa-se um enxadão ou a broca. Mudas de um a dois anos de idade, as mais comuns, requerem covas de sessenta centímetros de comprimento, largura e profundidade. Freqüentemente juntam-se adubos mineral e orgânico à terra usada para fechar as covas. As fruteiras de folhas caducas devem ser transplantadas durante o inverno, quando estão em fase de hibernação ou repouso; as de folhas perenes, preferivelmente durante a primavera e verão.
Cuidados indispensáveis
Para que o desenvolvimento das plantas se realize de forma rápida, vigorosa e sadia, e a produção seja precoce, é preciso cuidar da adubação e irrigação, podar as mudas de maneira adequada a cada espécie, controlar as ervas daninhas e combater as doenças e pragas.
As fruteiras de clima tropical e subtropical não necessitam de poda, mas o fruticultor deve eliminar os ramos malformados e doentes. A videira, o pessegueiro, a macieira e outras plantas de clima temperado devem receber podas de formação e de produção, que facilitem as operações de desbaste, colheita e pulverização fitossanitária.
A adubação dos pomares aumenta sua produtividade. O aspecto das plantas, a constituição do solo e a análise foliar ajudam a determinar o tipo e quantidade de adubo a usar em cada caso. Em geral são necessárias aplicações de nitrogênio, fósforo e potássio. Os solos pobres e ácidos também podem ter carência de outros elementos, como zinco, manganês, magnésio, cálcio, boro, ferro e cobre. A aplicação de calcário para corrigir a acidez do solo favorece a absorção geral dos elementos. A maioria das fruteiras vegeta melhor em solos cujo pH se encontra entre seis e sete.
Inúmeras doenças e pragas atacam as fruteiras desde pequenas, destruindo-lhes os tecidos, inoculando-lhes toxinas e reduzindo seu vigor e produtividade. Evitam-se certos parasitas pelo uso de variedades ou porta-enxertos tolerantes ou resistentes. A maioria das doenças e pragas, entretanto, precisa ser controlada por meio de pulverizações ou polvilhamentos de produtos químicos.
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