Efeito de Borda e Fragmentação Florestal
Efeito de borda é uma alteração na estrutura, na composição e/ou na abundância relativa de espécies na parte marginal de um fragmento. Tal efeito seria mais intenso em fragmentos pequenos e isolados.
Esta alteração da estrutura acarreta em uma mudança local, fazendo que plantas que não estejam preparadas para a condição de maior estresse hídrico, característico das regiões de borda, acabem perecendo, acarretando em mudanças na base da cadeia alimentar e causando danos à fauna existente na região.
Muitas vezes essa morte dentre os integrantes da flora na região de borda, acarreta na ampliação desta região, podendo atingir segundo alguns autores, até 500m.
Há diferença entre uma mata de 10.000 hectares (ha) e 1000 pedacinhos de 10 hectares de floresta? Quantitativamente pode não haver diferença nenhuma. Afinal, os 1.000 fragmentos de 10 ha possuem a mesma área que o fragmento maior (10.000 ha). Mas em se tratando de ecologia, há alguma diferença?
A medida que a urbanização e as áreas agrícolas aumentam, gradativamente os ecossistemas naturais vão se reduzindo a pequenas manchas isoladas na paisagem. A visão popular é que essas manchas são apenas uma amostra de um grande ecossistema, apenas reduzida a um tamanho menor. Não é isso, entretanto, que demonstram os diversos estudos de biologia da conservação realizados em todo o mundo.
O efeito de borda é um conjunto de alterações físicas e bióticas que ocorrem nos ecossistemas devido à abertura de clareiras e ao desmatamento em seu entorno. Quando um pedaço de mata passa a estar cercada por áreas abertas ocorre um aumento da incidência de luz solar no entorno do fragmento. Essa maior luminosidade provoca também aumento da temperatura do solo e diminuição da umidade do ar. Além disso, devido à abertura das áreas no entorno, as árvores que estão na borda do fragmento ficam mais expostas ao vento, o que as torna mais vulneráveis à queda, uma vez que em seu habitat original (o interior da mata) praticamente não venta. Com a queda das árvores mais externas, a borda vai adentrando a floresta e encolhendo cada vez mais o fragmento.
Em geral, a borda da floresta passa a ser formada por uma vegetação densa e fechada, quase que intransponível. Devido à mudança no microclima da floresta, algumas espécies mais adaptadas à alta insolação (as heliófitas) começam a se desenvolver, a medida que as plantas adaptadas à germinar na sombra (as ombrófilas) vão desaparecendo. Assim, o fragmento passa a ser tomado por espécies arbustivas e cipós, com uma ou outra árvore adulta que ainda teima em persistir no local. A aparência do ecossistema é de uma grande “capoeira” e, nessa fase, a recuperação natural é quase que impossível, uma vez que as plântulas (pequenas mudinhas) das árvores da floresta original não conseguem se desenvolver naquele ambiente.
A mudança na estrutura da floresta afeta também a comunidade de animais. Muitos insetos, que se relacionam bem com as plantas heliófitas, tendem a aumentar no fragmento. Já alguns vertebrados que só sobrevivem no interior das matas desaparecem rapidamente. Os anfíbios, como sapos e rãs, que são sensíveis a perda de umidade são geralmente os primeiros a serem afetados pelo efeito de borda. Com o avanço da borda para o interior do fragmento, os pássaros menores que fazem ninhos em árvores, ficam cada vez mais expostos à predação por aves de rapina e também desaparecem.
Como sobrevivem as espécies em um ambiente fragmentado? Há possibilidade de diminuir os impactos provocados pelo efeito de borda? Quais são as implicações práticas desse problema? Ao longo das próximas semanas é o que tentarei responder. Não perca os próximos artigos da série.
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