Bioma Amazônia, História e Diversidade Amazônica
A Amazônia é ícone mundial da biodiversidade, é onde está localizada a maior bacia hidrográfica e a maior floresta tropical do mundo, além disso a Amazônia possui ainda uma fantástica diversidade cultural.
A Amazônia é a região brasileira relativamente mais preservada dentre todas as outras. Por isso, constitui a última fronteira do avanço desenvolvimentista do Brasil.
O bioma Amazônia possui quase 8 milhões de km2, distribuídos em nove países da América do Sul: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. Se formasse um país, a Amazônia latino-americana seria de tamanho equivalente aos Estados Unidos e toda Europa Ocidental. no Brasil, se estende por 4,1 milhões de km2. Mas a Amazônia Legal, conceito criado na década de 1950, é ainda maior, abrangendo 5,5 milhões de km2, ou dois terços do País, com 18 milhões de habitantes.
A Amazônia se espalha por nove Estados da federação: Amazonas, Pará, Roraima, Rondônia, Acre, Amapá, Maranhão, Tocantins e Mato Grosso. Embora parte dessa área adicional (de 1,4 milhão de km2) não seja composta pela típica Floresta Amazônica (a hileia, conforme a definição do cientista alemão Alexandre Humboldt), mas por mata mais rala e por cerrado, ela foi incluída na Amazônia Legal para poder também usufruir incentivos fiscais concedidos pelo governo federal, a partir da década de 1950, para acelerar o desenvolvimento da região. O Pará, com pouco mais de 7 milhões de habitantes, é o mais populoso (e é o nono do País). Roraima, com pouco mais de 390 mil habitantes, é o menor em população.
Atualmente, 32,9% do bioma Amazônia no Brasil conta com proteção especial (descontadas as sobreposições), sendo 20,84% terras indígenas e 12,09% unidades de conservação federal e estadual.
na Amazônia, vivem e se reproduzem mais de um terço das espécies existentes no Planeta. A floresta abriga 2.500 espécies de árvores (um terço da madeira tropical da Terra) e 30 mil das 100 mil espécies de plantas que existem em toda a América Latina. Além da riqueza natural, a Amazônia contém uma fantástica diversidade cultural. nela vivem cerca de 170 povos indígenas, com uma população aproximada de 180 mil indivíduos, 357 comunidades remanescentes de antigos quilombos e centenas de comunidades localizadas, como as de seringueiros, castanheiros, ribeirinhos e babaçueiros.
A Amazônia possui, ainda, grande importância para a estabilidade ambiental do Planeta. Estimativas conservadoras indicam que a floresta amazônica é responsável pela absorção de pelo menos 10% dos cerca de 3 bilhões de toneladas de carbono retirados da atmosfera pelos ecossistemas terrestres. no outro extremo, estudo publicado pela revista Science conclui que a Amazônia responde por quase 40% de tudo que a biota terrestre absorve. Sua massa vegetal, composta por árvores de até 50 metros de altura, com copas frondosas, libera cerca de sete trilhões de toneladas de água anualmente para a atmosfera, através da evaporação e transpiração das plantas. já seus rios despejam cerca de 12% de toda a água superficial doce que chega aos oceanos através de toda a rede hidrográfica existente no globo terrestre. O Amazonas é o mais extenso e caudaloso de todos os rios, chegando a descarregar no Atlântico 230 milhões de litros de água por segundo.
Tudo isso em um ecossistema frágil: a floresta extrai poucos nutrientes do solo, que, em grande parte de sua extensão, é pobre. As árvores vivem do próprio material orgânico que lançam sobre o chão. Geram, dessa maneira, uma formidável cadeia de vida, que se nutre desse cardápio de massa vegetal e da água abundante gerada pelas próprias árvores e trazida do oceano e da Cordilheira dos Andes, em um ambiente de umidade sem igual. A menor imprudência pode causar danos ao seu equilíbrio delicado.
O bioma Amazônia possui quase 8 milhões de km2, distribuídos em nove países da América do Sul: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. Se formasse um país, a Amazônia latino-americana seria de tamanho equivalente aos Estados Unidos e toda Europa Ocidental. no Brasil, se estende por 4,1 milhões de km2. Mas a Amazônia Legal, conceito criado na década de 1950, é ainda maior, abrangendo 5,5 milhões de km2, ou dois terços do País, com 18 milhões de habitantes.
A Amazônia se espalha por nove Estados da federação: Amazonas, Pará, Roraima, Rondônia, Acre, Amapá, Maranhão, Tocantins e Mato Grosso. Embora parte dessa área adicional (de 1,4 milhão de km2) não seja composta pela típica Floresta Amazônica (a hileia, conforme a definição do cientista alemão Alexandre Humboldt), mas por mata mais rala e por cerrado, ela foi incluída na Amazônia Legal para poder também usufruir incentivos fiscais concedidos pelo governo federal, a partir da década de 1950, para acelerar o desenvolvimento da região. O Pará, com pouco mais de 7 milhões de habitantes, é o mais populoso (e é o nono do País). Roraima, com pouco mais de 390 mil habitantes, é o menor em população.
Atualmente, 32,9% do bioma Amazônia no Brasil conta com proteção especial (descontadas as sobreposições), sendo 20,84% terras indígenas e 12,09% unidades de conservação federal e estadual.
na Amazônia, vivem e se reproduzem mais de um terço das espécies existentes no Planeta. A floresta abriga 2.500 espécies de árvores (um terço da madeira tropical da Terra) e 30 mil das 100 mil espécies de plantas que existem em toda a América Latina. Além da riqueza natural, a Amazônia contém uma fantástica diversidade cultural. nela vivem cerca de 170 povos indígenas, com uma população aproximada de 180 mil indivíduos, 357 comunidades remanescentes de antigos quilombos e centenas de comunidades localizadas, como as de seringueiros, castanheiros, ribeirinhos e babaçueiros.
A Amazônia possui, ainda, grande importância para a estabilidade ambiental do Planeta. Estimativas conservadoras indicam que a floresta amazônica é responsável pela absorção de pelo menos 10% dos cerca de 3 bilhões de toneladas de carbono retirados da atmosfera pelos ecossistemas terrestres. no outro extremo, estudo publicado pela revista Science conclui que a Amazônia responde por quase 40% de tudo que a biota terrestre absorve. Sua massa vegetal, composta por árvores de até 50 metros de altura, com copas frondosas, libera cerca de sete trilhões de toneladas de água anualmente para a atmosfera, através da evaporação e transpiração das plantas. já seus rios despejam cerca de 12% de toda a água superficial doce que chega aos oceanos através de toda a rede hidrográfica existente no globo terrestre. O Amazonas é o mais extenso e caudaloso de todos os rios, chegando a descarregar no Atlântico 230 milhões de litros de água por segundo.
Tudo isso em um ecossistema frágil: a floresta extrai poucos nutrientes do solo, que, em grande parte de sua extensão, é pobre. As árvores vivem do próprio material orgânico que lançam sobre o chão. Geram, dessa maneira, uma formidável cadeia de vida, que se nutre desse cardápio de massa vegetal e da água abundante gerada pelas próprias árvores e trazida do oceano e da Cordilheira dos Andes, em um ambiente de umidade sem igual. A menor imprudência pode causar danos ao seu equilíbrio delicado.
Desmatamento no Bioma Amazônia
Apesar de ter chegado ao século XXI com a maior parte do seu território ainda preservado, a destruição acelerada da floresta é uma realidade preocupante. A taxa anual de desmatamento na Amazônia Legal ao longo do tempo foi mais extensa do que todo o estado de Sergipe por ano.
O desmatamento acumulado já consumiu 17% de toda a Amazônia, equivalendo a duas vezes o tamanho do Estado de São Paulo, que concentra um terço da riqueza nacional e abriga a maior população do Brasil, com quase 40 milhões de habitantes. nunca a humanidade destruiu tanta floresta como têm feito os brasileiros (e alguns estrangeiros) na Amazônia desde o final da década de 1950, quando começaram a ser construídas as primeiras estradas (a Brasília-Belém e a Brasília-Acre) visando a integração física da região ao País.
Até então, a Amazônia esteve completamente isolada por terra do restante do Brasil, já que nenhum dos seus grandes ciclos históricos anteriores (drogas do sertão, madeira, cacau e borracha) conseguiu criar uma atividade comercial consolidada e duradoura. O mais importante, o da borracha, que durou quase 50 anos (entre o final do século XIX e a primeira década do século seguinte), chegou a manter a região como a terceira mais importante do País nesse período, mas o plantio de sementes de seringueira no Oriente acabou com a hegemonia mundial da produção brasileira e logo a tornou totalmente irrelevante para o mercado.
Por considerar que, nessa condição de baixa densidade demográfica, a região estava sujeita à cobiça internacional, os governos militares (1964-85) promoveram obras de grande impacto (estradas, hidrelétricas, portos, cidades) para atrair colonos e empresas, que, integrando a região, evitariam que ela fosse “entregue” aos estrangeiros. Prevalecia a “doutrina de segurança nacional” como a matriz do pensamento oficial, que se manteve na região, a despeito da redemocratização, iniciada em 1985, através de iniciativas como o Programa Calha norte e o Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam). Por isso, a ordem era desenvolver o mais rapidamente possível, ainda que o custo social e ambiental se tornasse elevado, como acabou sendo. Além do desmatamento descontrolado, essa ampla ofensiva transformou a região, que deveria ser um Éden fundiário, na qual todos os migrantes (originários de regiões latifundiárias, que os excluem e expulsam) teriam, finalmente, um lote de terras para explorar, consolidando- se como proprietários rurais, no mais sangrento cenário de conflitos pela posse da terra no País.
Conceitos da Amazônia
O que no início foi um processo sumário de expulsão de ocupantes tradicionais e de formação de legiões de posseiros, sem a titularidade da terra, transferida para poucos proprietários, só começou a mudar com a posição assumida inicialmente pela Igreja e, em seguida, por movimentos sociais organizados. A tensão, entretanto, continua em estado latente ou de conflito aberto, manifestando-se em seguidos choques entre os principais atores da fronteira, como índios, garimpeiros, madeireiros, lavradores e grandes corporações econômicas, nacionais e estrangeiras.
Parte da explicação para o recrudescimento do desmatamento na primeira década de século XXI, coincidindo com o incremento das exportações brasileiras, está na ampliação da área plantada na região, por conta da expansão do gado, da soja e do arroz. Essas frentes econômicas avançam em direção ao coração da Amazônia, desencadeando novos empreendimentos mineradores, siderúrgicos e metalúrgicos, de grande porte (conhecidos como “grandes projetos” porque exigem muito capital e tecnologia avançada). Também pesa a desvalorização do real no início de 2001, a maior competitividade da madeira abatida impune- mente na região, a inexistência de crédito para manejo sustentável dos recursos florestais e a crônica incapacidade de implementação de órgãos governamentais – como o Ibama – debilitados por anos de redução orçamentária.
Esse enfraquecimento favorece a indefinição fundiária, causa de inúmeros e sangrentos conceitos pela posse da terra, cujo domínio é mal definido, além de sua posse ser injustamente distribuída (1% dos proprietários controlam 57% da área dos imóveis rurais).
Mesmo chocantes, os números sobre destruição de florestas representam apenas uma estimativa, já que o satélite TM-Landsat, utilizado pelo Instituto nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) para essas medidas, não consegue captar derrubadas em áreas menores que 6,25 hectares. Assim, deixa de fora o impacto provocado por milhões de posseiros e colonos. Além disso, os dados não incluem o corte seletivo de madeira, resultante da atuação de milhares de madeireiros em atividade na Amazônia, e tampouco o desmatamento provocado por grandes incêndios florestais, como o de Roraima, que aconteceu em 1998. Também não captam os efeitos indiretos do rompimento do equilíbrio ecológico sobre os diversos ciclos de vida que se mantinham quando havia a floresta.
O desmatamento extrapolou de uma área conhecida como Arco do Desmatamento – que vai de leste para o sul do Pará, na direção oeste, passando por Mato Grosso, Rondônia e Acre – impulsionado por um consórcio madeira-pastagem-produção de grãos para exportação. Fortes desmatamentos estão ocorrendo também na margem esquerda do Rio Amazonas e no sudeste da “Terra do Meio”, um vasto bolsão de terras localizadas entre os rios Xingu e Tapajós, no centro do Pará. O ataque à região ocorre também pelo oeste, vindo de Mato Grosso e se irradiando a partir das margens da rodovia Cuiabá-Santarém (BR-163), que ainda é, em metade da sua extensão, de revestimento primário, mas se encontra em vias de ser asfaltada.
Além disso, relatório elaborado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos – ligada à Presidência da República – reconhece que 80% da produção madeireira da Amazônia provém da exploração ilegal. Existem 22 madeireiras estrangeiras conhecidas na região, sobre cuja atividade há pouca fiscalização. O desperdício da madeira entre 60% e 70% do que é derrubado. no entanto, o setor florestal contribuiu com 15% a 20% do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados do Pará, Mato Grosso e Rondônia.
Entre os problemas que propiciam esta situação, podem ser apontados: a insuficiência de pessoal dedicado à fiscalização, as dificuldades em monitorar extensas áreas de difícil acesso, a fraca administração das áreas protegidas e a falta de envolvimento das populações locais.
Parte da explicação para o recrudescimento do desmatamento na primeira década de século XXI, coincidindo com o incremento das exportações brasileiras, está na ampliação da área plantada na região, por conta da expansão do gado, da soja e do arroz. Essas frentes econômicas avançam em direção ao coração da Amazônia, desencadeando novos empreendimentos mineradores, siderúrgicos e metalúrgicos, de grande porte (conhecidos como “grandes projetos” porque exigem muito capital e tecnologia avançada). Também pesa a desvalorização do real no início de 2001, a maior competitividade da madeira abatida impune- mente na região, a inexistência de crédito para manejo sustentável dos recursos florestais e a crônica incapacidade de implementação de órgãos governamentais – como o Ibama – debilitados por anos de redução orçamentária.
Esse enfraquecimento favorece a indefinição fundiária, causa de inúmeros e sangrentos conceitos pela posse da terra, cujo domínio é mal definido, além de sua posse ser injustamente distribuída (1% dos proprietários controlam 57% da área dos imóveis rurais).
Mesmo chocantes, os números sobre destruição de florestas representam apenas uma estimativa, já que o satélite TM-Landsat, utilizado pelo Instituto nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) para essas medidas, não consegue captar derrubadas em áreas menores que 6,25 hectares. Assim, deixa de fora o impacto provocado por milhões de posseiros e colonos. Além disso, os dados não incluem o corte seletivo de madeira, resultante da atuação de milhares de madeireiros em atividade na Amazônia, e tampouco o desmatamento provocado por grandes incêndios florestais, como o de Roraima, que aconteceu em 1998. Também não captam os efeitos indiretos do rompimento do equilíbrio ecológico sobre os diversos ciclos de vida que se mantinham quando havia a floresta.
O desmatamento extrapolou de uma área conhecida como Arco do Desmatamento – que vai de leste para o sul do Pará, na direção oeste, passando por Mato Grosso, Rondônia e Acre – impulsionado por um consórcio madeira-pastagem-produção de grãos para exportação. Fortes desmatamentos estão ocorrendo também na margem esquerda do Rio Amazonas e no sudeste da “Terra do Meio”, um vasto bolsão de terras localizadas entre os rios Xingu e Tapajós, no centro do Pará. O ataque à região ocorre também pelo oeste, vindo de Mato Grosso e se irradiando a partir das margens da rodovia Cuiabá-Santarém (BR-163), que ainda é, em metade da sua extensão, de revestimento primário, mas se encontra em vias de ser asfaltada.
Além disso, relatório elaborado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos – ligada à Presidência da República – reconhece que 80% da produção madeireira da Amazônia provém da exploração ilegal. Existem 22 madeireiras estrangeiras conhecidas na região, sobre cuja atividade há pouca fiscalização. O desperdício da madeira entre 60% e 70% do que é derrubado. no entanto, o setor florestal contribuiu com 15% a 20% do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados do Pará, Mato Grosso e Rondônia.
Entre os problemas que propiciam esta situação, podem ser apontados: a insuficiência de pessoal dedicado à fiscalização, as dificuldades em monitorar extensas áreas de difícil acesso, a fraca administração das áreas protegidas e a falta de envolvimento das populações locais.
Grandes Empreendimentos na Amazônia
Outra forma de destruição têm sido os alagamentos para a implantação de usinas hidrelétricas. É o caso da usina de Balbina, no nordeste de Manaus. A baixíssima relação entre a área alagada e a potência instalada nessa hidrelétrica tornou-se um exemplo de inviabilidade econômica e ecológica em todo o mundo.
A atividade da mineração organizada, através de empresas, e da garimpagem também trouxe graves consequências ambientais, como a erosão do solo e a contaminação dos rios com mercúrio. Como as principais mineradoras instaladas na Amazônia são voltadas para a exportação, usufruem isenção de impostos e contam com energia subsidiada, apenas uma fração da renda que geram na própria região. É por isso que as grandezas quantitativas da mineração, que transformaram o Pará no segundo maior Estado minerador do País (prestes a ultrapassar Minas Gerais), não se refletem nos indicadores sociais.
Mas um novo ciclo de “grandes projetos” se inicia, tendo como eixo a maior província mineral do mundo, em Carajás, no Pará, para a produção de concentrado de cobre, níquel, gusa e aço, consolidando a atividade meramente extrativa ou que apenas faz o beneficiamento primário da matéria-prima. O ganho maior para quem compra esses bens, de baixo valor relativo. Grande parte da produção vai para o exterior. Em escalas crescentes, para o Japão e a China. O Japão, por exemplo, que até recentemente era o maior comprador de Carajás, compra na Amazônia 15% do alumínio e 15% do minério de ferro de que precisa para seu enorme parque industrial. A China, que desbancou seu vizinho como cliente preferencial da Companhia Vale do Rio Doce, já obtém em Carajás quase 20% da produção da província, que em 2007 deveria alcançar 100 milhões de toneladas anuais.
A atividade da mineração organizada, através de empresas, e da garimpagem também trouxe graves consequências ambientais, como a erosão do solo e a contaminação dos rios com mercúrio. Como as principais mineradoras instaladas na Amazônia são voltadas para a exportação, usufruem isenção de impostos e contam com energia subsidiada, apenas uma fração da renda que geram na própria região. É por isso que as grandezas quantitativas da mineração, que transformaram o Pará no segundo maior Estado minerador do País (prestes a ultrapassar Minas Gerais), não se refletem nos indicadores sociais.
Mas um novo ciclo de “grandes projetos” se inicia, tendo como eixo a maior província mineral do mundo, em Carajás, no Pará, para a produção de concentrado de cobre, níquel, gusa e aço, consolidando a atividade meramente extrativa ou que apenas faz o beneficiamento primário da matéria-prima. O ganho maior para quem compra esses bens, de baixo valor relativo. Grande parte da produção vai para o exterior. Em escalas crescentes, para o Japão e a China. O Japão, por exemplo, que até recentemente era o maior comprador de Carajás, compra na Amazônia 15% do alumínio e 15% do minério de ferro de que precisa para seu enorme parque industrial. A China, que desbancou seu vizinho como cliente preferencial da Companhia Vale do Rio Doce, já obtém em Carajás quase 20% da produção da província, que em 2007 deveria alcançar 100 milhões de toneladas anuais.
Usina Hidrelétrica de Belo Monte |
Exploração e Desigualdade na Amazônia
O Atlas do Desenvolvimento Humano, lançado no início de outubro de 2003, mostra que a Amazônia cresce menos do que as outras regiões brasileiras e tem uma das maiores concentrações de renda do País. Conforme os dados do Atlas, elaborado em conjunto pelo Programa das nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) e Fundação João Pinheiro, todos os Estados da Amazônia tiveram desenvolvimento – entre 1991 e 2016 – abaixo da média nacional. Pará, Amazonas, Acre e Tocantins estão na faixa mais pobre do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) brasileiro.
Nos últimos dez anos, enquanto os grandes projetos de infraestrutura continuavam o padrão predatório, centenas de iniciativas comunitárias criavam um novo modelo de desenvolvimento amazônico, baseado no manejo sustentável de recursos naturais e na gestão participativa de políticas públicas. Em alguns casos, esse modelo foi assumido por diversos setores públicos, criando novas maneiras de pensar e agir em harmonia com a floresta e suas comunidades.
Todo esse processo, no entanto, não está sendo levado em consideração por muitos dos atuais dirigentes federais, estaduais e municipais, o que tem provocado o crescimento da violência no campo, a partir das ações de quadrilhas organizadas de grileiros de terras públicas. A ausência do Estado e a impunidade têm proporcionado o desmatamento ilegal, a expulsão de comunidades, a morte de lideranças indígenas e de pequenos agricultores, a invasão de áreas já protegidas por lei e o incentivo ao latifúndio.
Aliada à falta de recursos para pesquisa na região, a biopirataria também representa uma ameaça aos recursos da Amazônia. Aproveitando-se de um vazio na legislação brasileira, que não proíbe o registro de espécies animais ou vegetais, grupos internacionais têm se apoderado de alguns dos nomes mais populares da nossa biodiversidade, através de patentes em várias partes do mundo. Desde a quebra-pedra, patenteada na década de 1990, passando pela andiroba, açaí e copaíba, são mais de 50 produtos roubados ou visados para apropriação das populações tradicionais da Amazônia. A mais recente espécie da lista é o cupuaçu, que a empresa japonesa Asahi Foods – cuja pronúncia é açaí – tentou patentear na Europa, Estados Unidos e Japão, só não consumando a pilhagem por causa da reação de instituições nacionais.
Todo esse processo, no entanto, não está sendo levado em consideração por muitos dos atuais dirigentes federais, estaduais e municipais, o que tem provocado o crescimento da violência no campo, a partir das ações de quadrilhas organizadas de grileiros de terras públicas. A ausência do Estado e a impunidade têm proporcionado o desmatamento ilegal, a expulsão de comunidades, a morte de lideranças indígenas e de pequenos agricultores, a invasão de áreas já protegidas por lei e o incentivo ao latifúndio.
Aliada à falta de recursos para pesquisa na região, a biopirataria também representa uma ameaça aos recursos da Amazônia. Aproveitando-se de um vazio na legislação brasileira, que não proíbe o registro de espécies animais ou vegetais, grupos internacionais têm se apoderado de alguns dos nomes mais populares da nossa biodiversidade, através de patentes em várias partes do mundo. Desde a quebra-pedra, patenteada na década de 1990, passando pela andiroba, açaí e copaíba, são mais de 50 produtos roubados ou visados para apropriação das populações tradicionais da Amazônia. A mais recente espécie da lista é o cupuaçu, que a empresa japonesa Asahi Foods – cuja pronúncia é açaí – tentou patentear na Europa, Estados Unidos e Japão, só não consumando a pilhagem por causa da reação de instituições nacionais.
Alternativas para a Amazônia
A riqueza da Amazônia, região de solos pobres e de alta pluviosidade, está na floresta em pé e na implementação de um novo modelo de desenvolvimento, baseado na sustentabilidade ambiental e uso responsável dos recursos naturais. As pesquisas e a prática demonstram que a exploração sustentável da floresta na Amazônia é uma atividade mais rentável e que gera mais empregos do que outras, às quais tem sido dada prioridade pelo governo, como a agropecuária.
Entre as medidas para garantir essa exploração sustentável estão o controle da origem da madeira explorada na Amazônia (como, por exemplo, a certificação pelo FSC, uma entidade internacional com representação no Brasil) e a vinculação de financiamentos apenas a atividades que não representem desmatamento (o Banco da Amazônia, responsável por 82% do crédito de fomento e 42% do crédito total na região, se comprometeu a seguir essa linha).
Outra opção seria uma moratória ou revisão dos grandes projetos propostos pelo governo até a realização e apresentação de estudos de impacto ambiental e social qualificados, com a participação do Ministério Público Federal e da sociedade civil organizada. Entre os projetos estão os gasodutos Urucum-Coari, Urucum-Porto Velho e Urucum-Manaus, as hidrovias nos rios Madeira e Araguaia-Tocantins, as barragens hidrelétricas do Complexo Madeira, de Belo Monte e dos rios Araguaia e Tocantins, além das rodovias como a Cuiabá-Santarém, Manaus-Porto Velho, Rio Branco-Cruzeiro Sul.
As obras de infraestrutura na Amazônia devem ser acompanhadas pela criação de unidades de conservação para evitar maior pressão sobre os recursos naturais. Um processo efetivo de criação e implementação de unidades de conservação deve também criar corredores de biodiversidade, capazes de funcionar como barreira ao avanço do desmatamento.
Além disso, é preciso garantir a proteção dos conhecimentos das populações tradicionais e indígenas, em suas áreas de existência, e políticas adequadas de etno-desenvolvimento, para combater a biopirataria. Outra medida essencial é efetivar a homologação de todas as terras indígenas, como aconteceu com a Raposa Serra do Sol (em Roraima), homologada em abril de 2005, onde está uma das maiores concentrações de população índia do País.
Também é recomendável o apoio financeiro e técnico às redes de produção sustentável na área de pesquisa de produtos, mercados, comercialização e certificação. O Mato Grosso tem entre 12 e 15 milhões de hectares abandonados. Aproveitando essas áreas, seria possível dobrar a produção de grãos naquele Estado sem cortar mais uma árvore, ou utilizá-las para a nascente atividade de geração de biocombustíveis, desde que sua implantação seja antecipada por pesquisas científicas visando definir as aptidões do solo e o equilíbrio ecológico.
O Ministério do Meio Ambiente, tentando reverter a tendência do desmatamento, concebeu, em 2002, e está começando a executar agora o mais ambicioso empreendimento ecológico em andamento no País, o Projeto de Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa). Com vigência até 2012, deverá absorver 400 milhões de dólares na criação, consolidação e monitoramento de áreas protegidas para o bioma Amazônia. Abrangerá área de 500 mil km2 e deverá triplicar a área protegida na Amazônia brasileira, elevando dos atuais 4% para 12% o total do bioma sob proteção. Quando concluído, o programa terá criado 50 milhões de hectares de UCs de proteção integral e de uso sustentável, com sua infraestrutura consolidada e apta a cumprir a missão de conservação da biodiversidade amazônica.
Entre as medidas para garantir essa exploração sustentável estão o controle da origem da madeira explorada na Amazônia (como, por exemplo, a certificação pelo FSC, uma entidade internacional com representação no Brasil) e a vinculação de financiamentos apenas a atividades que não representem desmatamento (o Banco da Amazônia, responsável por 82% do crédito de fomento e 42% do crédito total na região, se comprometeu a seguir essa linha).
Outra opção seria uma moratória ou revisão dos grandes projetos propostos pelo governo até a realização e apresentação de estudos de impacto ambiental e social qualificados, com a participação do Ministério Público Federal e da sociedade civil organizada. Entre os projetos estão os gasodutos Urucum-Coari, Urucum-Porto Velho e Urucum-Manaus, as hidrovias nos rios Madeira e Araguaia-Tocantins, as barragens hidrelétricas do Complexo Madeira, de Belo Monte e dos rios Araguaia e Tocantins, além das rodovias como a Cuiabá-Santarém, Manaus-Porto Velho, Rio Branco-Cruzeiro Sul.
As obras de infraestrutura na Amazônia devem ser acompanhadas pela criação de unidades de conservação para evitar maior pressão sobre os recursos naturais. Um processo efetivo de criação e implementação de unidades de conservação deve também criar corredores de biodiversidade, capazes de funcionar como barreira ao avanço do desmatamento.
Além disso, é preciso garantir a proteção dos conhecimentos das populações tradicionais e indígenas, em suas áreas de existência, e políticas adequadas de etno-desenvolvimento, para combater a biopirataria. Outra medida essencial é efetivar a homologação de todas as terras indígenas, como aconteceu com a Raposa Serra do Sol (em Roraima), homologada em abril de 2005, onde está uma das maiores concentrações de população índia do País.
Também é recomendável o apoio financeiro e técnico às redes de produção sustentável na área de pesquisa de produtos, mercados, comercialização e certificação. O Mato Grosso tem entre 12 e 15 milhões de hectares abandonados. Aproveitando essas áreas, seria possível dobrar a produção de grãos naquele Estado sem cortar mais uma árvore, ou utilizá-las para a nascente atividade de geração de biocombustíveis, desde que sua implantação seja antecipada por pesquisas científicas visando definir as aptidões do solo e o equilíbrio ecológico.
O Ministério do Meio Ambiente, tentando reverter a tendência do desmatamento, concebeu, em 2002, e está começando a executar agora o mais ambicioso empreendimento ecológico em andamento no País, o Projeto de Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa). Com vigência até 2012, deverá absorver 400 milhões de dólares na criação, consolidação e monitoramento de áreas protegidas para o bioma Amazônia. Abrangerá área de 500 mil km2 e deverá triplicar a área protegida na Amazônia brasileira, elevando dos atuais 4% para 12% o total do bioma sob proteção. Quando concluído, o programa terá criado 50 milhões de hectares de UCs de proteção integral e de uso sustentável, com sua infraestrutura consolidada e apta a cumprir a missão de conservação da biodiversidade amazônica.
Diversidade de Conceitos da Amazônia
Bacia Amazônica – Desde sua nascente, na Cordilheira dos Andes, no Peru, até a foz, o Amazonas tem uma extensão de 6.400 quilômetros, superando o Nilo, segundo as últimas pesquisas. É também o maior rio do Planeta em vazão, com volume variando de 120 milhões a 200 milhões de litros de água por segundo, e também em termos de área de drenagem, com cerca de 7 milhões de km2, ou seja, 40% do continente sul-americano. Essa vazão de água doce corresponde a 20% de todos rios do Planeta somados. Estima-se que por dia ele lance no Oceano Atlântico 1,3 milhões de toneladas de sedimentos.
Bioma Amazônia – Corresponde ao conjunto de ecossistemas que formam a Bacia Amazônica. Está presente em nove países da América do Sul. Além das florestas tropicais, sua paisagem também é composta por mangues, cerrados, várzeas, entre outros. no Brasil, o núcleo central dessa paisagem, a Hiléia amazônica, com grande concentração de árvores de grande porte, com até 50 metros de altura, tendo o rio Amazonas como eixo que domina 300 quilômetros para cada lado do seu curso, ocupa 3,5 milhões de km2.
Amazônia Clássica – É uma divisão política e geográfica, que inclui os seis estados num conjunto também conhecido como região norte: Amazonas, Pará, Roraima, Rondônia, Acre e Amapá. São aquelas unidades com predominância da floresta tipo Hileia.
Amazônia Legal – É uma criação administrativa do governo federal, de 1996, que juntou os estados da Amazônia Clássica aos que se situavam em suas bordas (Maranhão, Tocantins e Mato Grosso), tendo com ela certa identidade física, humana e histórica, seja no Meio-norte (pelo lado do nordeste), como no Planalto Central (pelo Centro-Oeste). Essa região poderia receber recursos dos incentivos fiscais, um fundo formado pela renúncia da União à cobrança de impostos de empreendedores dispostos a investir nessa fronteira ainda pouco conhecida e ocupada. Ao invés de nela aplicarem capitais próprios novos, esses investidores podiam se habilitar a receber dinheiro que, sem os incentivos, teriam que ser recolhidos ao tesouro nacional na forma de imposto de renda. Esse fundo foi administrado por duas agências federais, primeiro a SPVEA (entre 1953 e 1966) e, em seguida, pela Sudam, que foi extinta em 2000 sob acusações de corrupção. Sua recriação foi prometida, mas até hoje não foi efetivada.
Amazonas – Maior estado em extensão do Brasil, com 1,5 milhão de km2 (20% do País). Como sua atividade econômica principal, surgida em função da Zona Franca, se concentra em Manaus (sede de 95% do Produto Interno Bruto), atualmente a maior cidade da Amazônia. Por isso é o Estado proporcionalmente menos alterado da Amazônia. Pelo mesmo motivo, sua fraca densidade demográfica é motivo de preocupação para as autoridades que vêem a região pelo prisma geopolítico da segurança nacional. Inquietam-se com as extensas fronteiras sem a presença de brasileiros.
Amazonense – Quem nasce no Estado do Amazonas.
Amazônico – Quem nasce na região amazônica.
Amazônida – Aquele que tem consciência da especificidade regional e da condição colonial da Amazônia. Ou seja: é um cidadão consciente da sua posição no tempo e no espaço regional.
Amazônia Clássica – É uma divisão política e geográfica, que inclui os seis estados num conjunto também conhecido como região norte: Amazonas, Pará, Roraima, Rondônia, Acre e Amapá. São aquelas unidades com predominância da floresta tipo Hileia.
Amazônia Legal – É uma criação administrativa do governo federal, de 1996, que juntou os estados da Amazônia Clássica aos que se situavam em suas bordas (Maranhão, Tocantins e Mato Grosso), tendo com ela certa identidade física, humana e histórica, seja no Meio-norte (pelo lado do nordeste), como no Planalto Central (pelo Centro-Oeste). Essa região poderia receber recursos dos incentivos fiscais, um fundo formado pela renúncia da União à cobrança de impostos de empreendedores dispostos a investir nessa fronteira ainda pouco conhecida e ocupada. Ao invés de nela aplicarem capitais próprios novos, esses investidores podiam se habilitar a receber dinheiro que, sem os incentivos, teriam que ser recolhidos ao tesouro nacional na forma de imposto de renda. Esse fundo foi administrado por duas agências federais, primeiro a SPVEA (entre 1953 e 1966) e, em seguida, pela Sudam, que foi extinta em 2000 sob acusações de corrupção. Sua recriação foi prometida, mas até hoje não foi efetivada.
Amazonas – Maior estado em extensão do Brasil, com 1,5 milhão de km2 (20% do País). Como sua atividade econômica principal, surgida em função da Zona Franca, se concentra em Manaus (sede de 95% do Produto Interno Bruto), atualmente a maior cidade da Amazônia. Por isso é o Estado proporcionalmente menos alterado da Amazônia. Pelo mesmo motivo, sua fraca densidade demográfica é motivo de preocupação para as autoridades que vêem a região pelo prisma geopolítico da segurança nacional. Inquietam-se com as extensas fronteiras sem a presença de brasileiros.
Amazonense – Quem nasce no Estado do Amazonas.
Amazônico – Quem nasce na região amazônica.
Amazônida – Aquele que tem consciência da especificidade regional e da condição colonial da Amazônia. Ou seja: é um cidadão consciente da sua posição no tempo e no espaço regional.
Mudanças Climáticas na Amazônia
Caso o avanço da fronteira agrícola e da indústria madeireira seja mantido nos níveis de dezembro de 2006, a cobertura florestal na Amazônia brasileira poderá diminuir dos atuais 5,3 milhões de km2 (85% da área original) para 3,2 milhões de km2 em 2050 (53% da cobertura original).
Ao mesmo tempo, segundo estudo do Ministério do Meio Ambiente sobre os efeitos da mudança climática na biodiversidade brasileira, o aquecimento global vai aumentar as temperaturas na região amazônica e pode deixar o clima mais seco, provocando a savanização da floresta. O aumento da temperatura pode chegar a até 8°C no cenário mais pessimista; os níveis dos rios podem ter quedas importantes e a secura do ar pode aumentar os incêndios florestais.
Além disso, a habilidade da Amazônia em regular a chuva e resistir à mudança climática pode entrar em colapso, se levada em conta a associação de fatores como o desmatamento da floresta e as crescentes taxas de emissão de gás carbônico na atmosfera (com o consequente aumento do efeito estufa e da temperatura do Planeta). A drástica alteração do regime de chuvas na Amazônia proporcionada por altas temperaturas e pelo desmatamento pode extinguir a floresta em poucos anos.
Mecanismos de Desenvolvimento Limpo contra o desmatamento na Amazônia
Além da imensa perda de biodiversidade e da ameaça a povos e culturas tradicionais, o desmatamento da Amazônia afeta o ciclo das águas e adiciona, segundo o Instituto de Pesquisa da Amazônia (Ipam), 200 milhões de toneladas de carbono à atmosfera, colocando o Brasil entre os dez maiores vilões do aquecimento global.
O investimento nos Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL) é apontado pelo pesquisador Carlos nobre (Inpe) como uma opção real para deter a destruição florestal na Amazônia. Se a taxa anual de desflorestamento na Amazônia for reduzida em 10%, equivaleria a deixar de desflorestar 1,5 a 2 mil km2 por ano em relação a valores de desmatamento registrados nos últimos anos. Isto equivaleria a uma redução anual das emissões de 20 a 30 milhões de toneladas de carbono. Por conta disso, o cientista sugere que o País lidere, no âmbito das discussões do Protocolo de Kyoto, um movimento para a inclusão do papel de desmatamento evitado como MDL a vigorar no segundo período de comprometimento de redução de emissões, após 2012. Sugere, ainda, que corredores ecológicos sejam áreas preferenciais para manutenção das florestas.
O investimento nos Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL) é apontado pelo pesquisador Carlos nobre (Inpe) como uma opção real para deter a destruição florestal na Amazônia. Se a taxa anual de desflorestamento na Amazônia for reduzida em 10%, equivaleria a deixar de desflorestar 1,5 a 2 mil km2 por ano em relação a valores de desmatamento registrados nos últimos anos. Isto equivaleria a uma redução anual das emissões de 20 a 30 milhões de toneladas de carbono. Por conta disso, o cientista sugere que o País lidere, no âmbito das discussões do Protocolo de Kyoto, um movimento para a inclusão do papel de desmatamento evitado como MDL a vigorar no segundo período de comprometimento de redução de emissões, após 2012. Sugere, ainda, que corredores ecológicos sejam áreas preferenciais para manutenção das florestas.
Arquipélago de Anavilhanas
Situado nos municípios de novo Airão e Manaus, o Arquipélago de Anavilhanas é o segundo maior arquipélago fluvial do mundo e compõe uma das paisagens mais famosas de toda a Amazônia brasileira. São cerca de 400 ilhas, em geral muito compridas e nas, formando cordões de vegetação que recortam o leito principal do Rio negro, compondo um labirinto de canais e lagoas.
A formação das ilhas se dá em decorrência do encontro das águas barrentas do Rio Branco com as águas ácidas do Rio negro. A força do encontro das águas faz com que um rio represe ligeiramente o outro, desacelerando a velocidade de ambos neste ponto. A diminuição da correnteza e a acidez das águas do Rio negro fazem com que os sedimentos carregados pelo Rio Branco se precipitem e se depositem, aos poucos, no fundo do leito do rio, formando as ilhas.
A vegetação que se formou nas ilhas ao longo dos anos é frágil e composta por árvores adaptadas à condição de constante alagamento - cerca de 10 meses por ano em algumas áreas. Este tipo de vegetação é chamado de igapó e, embora apresente uma diversidade menor que as florestas de terra firme (não alagadas), possui espécies
vegetais exclusivas que servem de abrigo e alimentação para muitas espécies de peixes, aves, mamíferos e outros animais. A condição de alagamento possibilita a navegação dentro do igapó, onde é possível observar a beleza das árvores refletida no calmo espelho d’água que se forma sob o abrigo da floresta.
Em 1981, uma área de cerca de 350 mil hectares, que compreende toda a extensão do Arquipélago de Anavilhanas, foi elevada à categoria de Estação Ecológica (ESEC) e passou a ter sua administração regulada pela extinta Secretaria Especial do Meio Ambiente - Sema (que, a partir de 1989, passou a compor o Ibama). As ESECs são Unidades de Conservação (UCs) de proteção integral com restrições severas de utilização, destinadas apenas às atividades de pesquisa científica e visitação pública com ns educativos. no entanto, desde sua criação, a ESEC de Anavilhanas vem sofrendo com atividades irregulares que ocorrem em seus limites. Entre elas estão a extração ilegal de areia, a caça e a pesca, mas, seguramente, a exploração madeireira e o turismo desordenado são as principais ameaças à Estação. Embora a lei restrinja a atividade turística nas ESECs, Anavilhanas está nos principais roteiros turísticos na região. Turistas mal orientados acabam acampando nas praias do Arquipélago, pescando e deixando todo o lixo gerado na Estação.
já a exploração madeireira é facilitada pelo acesso das embarcações às florestas alagadas, onde as toras são cortadas e transportadas pelo próprio rio. Uma das madeiras mais procuradas é a da Virola, uma árvore alta, que pode ser facilmente serrada e cuja madeira tem um uso descartável como tábuas de Azimbre para a construção civil em Manaus. Existem ilhas em Anavilhanas que se encontram severamente depauperadas pela exploração de madeira e a fiscalização destas áreas, além de difícil - dada a complexidade do arranjo de ilhas, canais e lagoas - demanda um contingente de fiscais que o Ibama não dispõe.
Amazônia Antropizada
Por volta do século XVI, a região amazônica do Alto Xingu abrigava aldeias com até 500 mil m2 e habitadas por até 5 mil pessoas. Tais núcleos se organizavam de forma circular em torno de grandes praças, interligadas por estradas que chegavam a 5 km de extensão e 50 m de largura. Esses complexos incluíam outras estruturas artificiais, como represas, pontes, fossos, aterros e lagos. Algumas aldeias eram fortificadas, com paliçadas e valas de até 5 m de profundidade e 2,5 km de extensão, cuja função, supõe-se, era a defesa contra os ataques de outros povos indígenas.
O ápice dessa estrutura regional no Alto Xingu, que era multiétnica e metalinguística, se deu por volta da época do ‘descobrimento’ do Brasil. O início da decadência, marcada por acentuada queda demográfica, ocorreu entre 1600 e 1700, em função dos primeiros contatos – ainda que indiretos – com doenças trazidas pelos colonizadores.
Outras grandes formações sócio-culturais amazônicas, porém, desapareceram antes da invasão europeia. na Amazônia Central, na região da confluência entre os rios negro e Solimões, os estudos arqueológicos recentes vêm mapeando antigos sítios de ocupação de dimensões ainda maiores que os do Alto Xingu. O sítio Açutuba, próximo à cidade de Manaus, se estende por uma faixa de 3 mil metros de extensão por quase 300 de largura (900 mil m2), o equivalente a 90 quarteirões de uma cidade. Estes grandes sítios costumam estar implantados em áreas de “terra preta”, solo fértil resultante da acumulação de detritos criados pela atividade humana. A espessura das camadas de terra preta (às vezes de quase dois metros), bem como a quantidade e natureza dos vestígios arqueológicos ali encontrados, sugerem ocupações muito prolongadas (até 300 anos seguidos), por parte de sociedades populosas e sócio-politicamente diferenciadas. Tais formações perduraram às vezes por séculos, sendo sucedidas por outras, de povos invasores ou migrantes,
portadores de diferentes tradições culturais. A cultura Açutuba ocupou a região próxima a Manaus por quase dez séculos, até 1600 anos atrás. A ela se seguiu a cultura Manacapuru, que perdurou por cerca de meio milênio na mesma região. Enquanto isso, uma cultura proveniente da Amazônia Oriental subia a calha do Solimões, varrendo ou absorvendo o que estivesse no caminho: a tradição chamada Guarita, fabricante de uma cerâmica semelhante à famosa cerâmica marajoara, que conheceu seu apogeu na Amazônia Central por volta de mil anos atrás.
Esse é, em linhas gerais, o cenário mostrado nos estudos que vêm sendo realizados no Alto Xingu e na Amazônia Central por arqueólogos como Eduardo neves, do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP, e Michael Heckenberger, da Universidade da Florida- Gainesville. O trabalho destes e outros pesquisadores con rmam e precisam as hipóteses que alguns especialistas haviam formulado já há algum tempo sobre a ecologia histórica e a sionomia sócio-política da Amazônia pré-colombiana.
A partir dessas evidências, torna-se cada vez mais difícil defender a ideia, ainda corrente na opinião pública, de uma Amazônia intocada, coberta de matas virgens, habitada apenas por pequenas tribos esparsas por volta de 1500.
A pesquisa sobre o Alto Xingu, conduzida por Heckenberger em colaboração com antropólogos da UFRJ e com membros do povo Kuikuru, traz outros dados surpreendentes, como o fato de que, nas antigas áreas de assentamento ocupadas por esses povos, a oresta que ali cresceu, mesmo depois de mais de 4 séculos desde o abandono dessas terras, ainda não atingiu seu clímax. Em estudo publicado em 2005, esses pesquisadores sustentam que, além da pesca – abundante na região, onde estão as cabeceiras do Rio Xingu (ver Parque Indígena do Xingu, pág. 278) –, o cultivo da mandioca era feito em larga escala, de modo a sustentar milhares de pessoas, o que teria imposto uma “dramática alteração humana da cobertura vegetal”.
A situação do Xingu talvez não tenha sido excepcional, como mostram os estudos na região de Manaus. A Amazônia é uma região ocupada milenarmente por povos indígenas e, secularmente, por segmentos da população nacional de origem europeia e africana, que se acostumaram aos ritmos e exigências da floresta. Antes da enorme catástrofe (a invasão européia) que dizimou seus ocupantes originários, esta era uma região densamente povoada por sociedades que modificaram o ambiente tropical sem destruir suas grandes regulações ecológicas. A ‘mata virgem’ tem muito de fantasia: como hoje se começa a descobrir, boa parte da cobertura vegetal amazônica é o resultado de milênios de intervenção humana; a maioria das plantas úteis da região proliferara diferencialmente em função das técnicas indígenas de aproveitamento do território; porções importantes do solo amazônico (no mínimo 12% da superfície total) são antropogênicas, indicando uma ocupação intensa e antiga. Em síntese, a floresta que
os europeus encontraram ao invadirem o continente é o resultado da presença de seres humanos, não de sua ausência. naturalmente, não é qualquer forma de presença humana que é capaz de produzir uma floresta como aquela. É importante observar que as populações indígenas estavam articuladas ao ambiente amazônico de maneira muito diferente do complexo agroindustrial do capitalismo tardio. Em outras palavras, para a floresta amazônica, muito Kuikuru não é a mesma coisa que muito gaúcho.
O ápice dessa estrutura regional no Alto Xingu, que era multiétnica e metalinguística, se deu por volta da época do ‘descobrimento’ do Brasil. O início da decadência, marcada por acentuada queda demográfica, ocorreu entre 1600 e 1700, em função dos primeiros contatos – ainda que indiretos – com doenças trazidas pelos colonizadores.
Outras grandes formações sócio-culturais amazônicas, porém, desapareceram antes da invasão europeia. na Amazônia Central, na região da confluência entre os rios negro e Solimões, os estudos arqueológicos recentes vêm mapeando antigos sítios de ocupação de dimensões ainda maiores que os do Alto Xingu. O sítio Açutuba, próximo à cidade de Manaus, se estende por uma faixa de 3 mil metros de extensão por quase 300 de largura (900 mil m2), o equivalente a 90 quarteirões de uma cidade. Estes grandes sítios costumam estar implantados em áreas de “terra preta”, solo fértil resultante da acumulação de detritos criados pela atividade humana. A espessura das camadas de terra preta (às vezes de quase dois metros), bem como a quantidade e natureza dos vestígios arqueológicos ali encontrados, sugerem ocupações muito prolongadas (até 300 anos seguidos), por parte de sociedades populosas e sócio-politicamente diferenciadas. Tais formações perduraram às vezes por séculos, sendo sucedidas por outras, de povos invasores ou migrantes,
portadores de diferentes tradições culturais. A cultura Açutuba ocupou a região próxima a Manaus por quase dez séculos, até 1600 anos atrás. A ela se seguiu a cultura Manacapuru, que perdurou por cerca de meio milênio na mesma região. Enquanto isso, uma cultura proveniente da Amazônia Oriental subia a calha do Solimões, varrendo ou absorvendo o que estivesse no caminho: a tradição chamada Guarita, fabricante de uma cerâmica semelhante à famosa cerâmica marajoara, que conheceu seu apogeu na Amazônia Central por volta de mil anos atrás.
Esse é, em linhas gerais, o cenário mostrado nos estudos que vêm sendo realizados no Alto Xingu e na Amazônia Central por arqueólogos como Eduardo neves, do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP, e Michael Heckenberger, da Universidade da Florida- Gainesville. O trabalho destes e outros pesquisadores con rmam e precisam as hipóteses que alguns especialistas haviam formulado já há algum tempo sobre a ecologia histórica e a sionomia sócio-política da Amazônia pré-colombiana.
A partir dessas evidências, torna-se cada vez mais difícil defender a ideia, ainda corrente na opinião pública, de uma Amazônia intocada, coberta de matas virgens, habitada apenas por pequenas tribos esparsas por volta de 1500.
A pesquisa sobre o Alto Xingu, conduzida por Heckenberger em colaboração com antropólogos da UFRJ e com membros do povo Kuikuru, traz outros dados surpreendentes, como o fato de que, nas antigas áreas de assentamento ocupadas por esses povos, a oresta que ali cresceu, mesmo depois de mais de 4 séculos desde o abandono dessas terras, ainda não atingiu seu clímax. Em estudo publicado em 2005, esses pesquisadores sustentam que, além da pesca – abundante na região, onde estão as cabeceiras do Rio Xingu (ver Parque Indígena do Xingu, pág. 278) –, o cultivo da mandioca era feito em larga escala, de modo a sustentar milhares de pessoas, o que teria imposto uma “dramática alteração humana da cobertura vegetal”.
A situação do Xingu talvez não tenha sido excepcional, como mostram os estudos na região de Manaus. A Amazônia é uma região ocupada milenarmente por povos indígenas e, secularmente, por segmentos da população nacional de origem europeia e africana, que se acostumaram aos ritmos e exigências da floresta. Antes da enorme catástrofe (a invasão européia) que dizimou seus ocupantes originários, esta era uma região densamente povoada por sociedades que modificaram o ambiente tropical sem destruir suas grandes regulações ecológicas. A ‘mata virgem’ tem muito de fantasia: como hoje se começa a descobrir, boa parte da cobertura vegetal amazônica é o resultado de milênios de intervenção humana; a maioria das plantas úteis da região proliferara diferencialmente em função das técnicas indígenas de aproveitamento do território; porções importantes do solo amazônico (no mínimo 12% da superfície total) são antropogênicas, indicando uma ocupação intensa e antiga. Em síntese, a floresta que
os europeus encontraram ao invadirem o continente é o resultado da presença de seres humanos, não de sua ausência. naturalmente, não é qualquer forma de presença humana que é capaz de produzir uma floresta como aquela. É importante observar que as populações indígenas estavam articuladas ao ambiente amazônico de maneira muito diferente do complexo agroindustrial do capitalismo tardio. Em outras palavras, para a floresta amazônica, muito Kuikuru não é a mesma coisa que muito gaúcho.
Presentes
Os cem ou mais séculos de presença indígena na Amazônia nos deram presentes como a castanheira, a pupunha, o cacau, o babaçu, a mandioca, a borracha, dezenas de espécies de madeira de lei, águas limpas e abundantes, uma fauna rica e uma variedade de outros componentes da economia tropical. não vai ser incendiando milhões de hectares de floresta para plantar soja ou fazer pasto, roubando milhares de toneladas cúbicas de madeira nas barbas dos agentes fiscalizadores, ou poluindo rios inteiros com o mercúrio dos garimpos que se vai “desenvolver” a Amazônia.
nesse momento em que as mega plantações de soja se aproximam de Santarém (PA) ou transformam o Parque Indígena do Xingu em uma ilha verde cercada por um oceano de palha encharcada de agrotóxicos, parece que está na hora de dar uma paradinha para pensar. De fato, as pesquisas têm mostrado que a ‘ floresta virgem’ da Amazônia nada tem de virgem, pois os índios vêm sabendo estabelecer com ela uma relação mutuamente fecunda há milênios.
nesse momento em que as mega plantações de soja se aproximam de Santarém (PA) ou transformam o Parque Indígena do Xingu em uma ilha verde cercada por um oceano de palha encharcada de agrotóxicos, parece que está na hora de dar uma paradinha para pensar. De fato, as pesquisas têm mostrado que a ‘ floresta virgem’ da Amazônia nada tem de virgem, pois os índios vêm sabendo estabelecer com ela uma relação mutuamente fecunda há milênios.
Curiosidades sobre o Bioma Amazônia
Maior peixe do mundo, o pirarucu é encontrado no Amazonas e atinge até 2,5 metros de comprimento e 250 quilos.
Maior flor do mundo, a vitória-régia também é da Amazônia e chega a medir 2 metros de diâmetro.
As florestas inundadas ocupam cerca de 8% do bioma amazônico, tendo como principal característica a flutuação cíclica dos rios, que podem atingir até 14 metros, entre as estações seca e enchente, resultando em inundações periódicas de grandes áreas ao longo de suas margens.
Metade das escolas públicas da Amazônia Legal não tem energia elétrica. A informação é do Inpe, que avaliou a situação por município a partir das informações colhidas no Censo Escolar de 2002. no Acre, 62% das escolas não têm luz elétrica. no Pará são 57,1%. O estado em melhor condição é o Amapá onde apenas 25,8% das escolas do ensino básico estão no escuro.
A segunda zona produtora de petróleo do Brasil, em terra, é a da bacia de Coari-Urucum, no Amazonas.
As florestas inundadas ocupam cerca de 8% do bioma amazônico, tendo como principal característica a flutuação cíclica dos rios, que podem atingir até 14 metros, entre as estações seca e enchente, resultando em inundações periódicas de grandes áreas ao longo de suas margens.
Metade das escolas públicas da Amazônia Legal não tem energia elétrica. A informação é do Inpe, que avaliou a situação por município a partir das informações colhidas no Censo Escolar de 2002. no Acre, 62% das escolas não têm luz elétrica. no Pará são 57,1%. O estado em melhor condição é o Amapá onde apenas 25,8% das escolas do ensino básico estão no escuro.
A segunda zona produtora de petróleo do Brasil, em terra, é a da bacia de Coari-Urucum, no Amazonas.
A maior fábrica de alumínio do continente é a Albrás, formada pela Companhia Vale do Rio Doce e um consórcio japonês, a 40 quilômetros de Belém, no Pará, em atividade desde 1985, e que, sozinha, é responsável por 1,5% de todo consumo de energia do Brasil.
Apesar de ter um quinto da água superficial do mundo, a Bacia Amazônica tem a população pior servida em matéria de abastecimento de água e esgoto em todo País.
As isenções concedidas pela Zona Franca de Manaus representam um terço de tudo que o governo federal deixa de arrecadar de impostos com o objetivo de promover o desenvolvimento regional e três vezes mais do que o saldo das exportações das outras regiões da Amazônia.
Apesar de ter um quinto da água superficial do mundo, a Bacia Amazônica tem a população pior servida em matéria de abastecimento de água e esgoto em todo País.
As isenções concedidas pela Zona Franca de Manaus representam um terço de tudo que o governo federal deixa de arrecadar de impostos com o objetivo de promover o desenvolvimento regional e três vezes mais do que o saldo das exportações das outras regiões da Amazônia.